Quinta-feira da 24ª Semana.
O texto de hoje nos leva à reflexão a respeito da atitude de Jesus para com as mulheres. As comunidades dos primeiros seguidores logo perceberam que as mulheres não poderiam continuar ser discriminadas ou excluídas, pois esta condição era corriqueira na religião e na sociedade de à época. A mensagem do Reino exigia uma nova atitude, que não poderia ser machista, sexista ou misógina, em relação às mulheres. Estamos em Lucas 7,36-50.
Naquele tempo, 36 um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. 37 Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume, 38 e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com o perfume. 39 Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou pensando: “Se este homem fosse um profeta, saberia que 40 tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora”. Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Simão respondeu: “Fala, mestre”! 41 “Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinquenta. 42 Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?” 43 Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Tu julgaste corretamente”. 44 Então Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. 45 Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46 Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47 Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. 48 E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. 49 Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?” 50 Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz”.
A marginalização, a exclusão e o isolamento das mulheres era patente, pois não participava da vida na sinagoga e, nem tampouco, o seu testemunho era considerado na vida pública. Faz lembrar os versos do poeta Capiba: "Já se acabou o tempo, que a mulher só dia então: Chô galinha, cala a boca menino. Ai, ai, não me dê mais não." Muitas mulheres resistiram a esta condição ao longo da história: Judite, Ester, Rute, Noemi e tantas outras. A narrativa deste encontro de Jesus, do Fariseu e da moça, registra o inconformismo e a resistência, à uma situação injusta. A moça entra no local, solta os cabelos, unge e beija os pés do Mestre. Soltar os cabelos em público significava um gesto de independência. Não nos esqueçamos que não era à toa que as mulheres usavam mantos para cobrir os cabelos e o corpo. Jesus acolhe a moça, enquanto o fariseu o provoca e o critica. A resposta vem em forma da parábola dos dois devedores, que revelam o invisível de D-us na experiência da existência humana. Enquanto o fariseu demonstra o seu apreço por Jesus convidando-o para jantar; a moça, o faz pelas lágrimas, beijos e perfume. A liberdade e o agir de Jesus, leva-o a defender a moça, embora em casa alheia. O que realmente é importante para D-us, não é a observância da lei em si, porém o amor como caminho para o fiel cumprimento do preceito humano da evolução. Muitas comunidades, igrejas e seguimentos corporativos ou sociais criam diversas normativas e se perdem na letra fria do regramento, sem observar o principal objetivo, que é a mulher e o homem, numa vivência libertadora das amarras dos preconceitos que sufoca-os na sociedade. O Amor de D-us é gratuito e acolhedor para com toda a criação, sem discriminação, exclusão ou isolamento. Jesus não condena, mas acolhe. A mulher foi corajosa e enfrentou a atitude preconceituosa que a excluiriam daquele lugar. Resistiu. Enfrentou o preconceito. Foi protagonista da sua história. Renasceu. Conquistou o respeito. A sua atitude "calou a boca" do preconceito! Jesus coloca os seguidores, sejam mulheres ou homens, em pé de igualdade. No movimento de Jesus haviam muitas mulheres, com participação ativa e de sustento financeiro. Foram compilados pelas comunidade os nomes de algumas discípulas: Maria Madalena, nascida em Magdala; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas; Suzana e, várias outras mulheres que "seguem a Jesus" (Mc 15,41). A Boa Nova, faz a mulher levantar-se, resistir e assumir a sua dignidade. A mulher e o seu trabalho é valorizado. A mulher viúva que luta pelos seus direitos (Lc 7,11-17). As mulheres são testemunhas da sua execução (os homens estavam escondidos com medo), sepultamento e ressurreição, numa época em que sequer o seu testemunho era válido. A igualdade, o protagonismo e a luta das mulheres é registrada, valorizada e acolhida. Tenhamos isso no tempo presente e nas nossas relações familiares, corporativas ou sociais. Pensemos em nossas atitudes. Pensemos em nossa vida. Pensemos nisso. Que a paz eseja com tod@s!
(António)
Imagem colhida na internet. Autoria não conhecida.
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