domingo, 30 de setembro de 2018

O vento sopra onde quer!

Domingo da 26ª Semana.



A comunidade de seguidores muito tiveram de aprender ao longo do Caminho. A primeira e talvez mais importante lição era a de que ninguém poderia ser "dono" de Jesus e que Ele não era exclusivo de ninguém ou de pertencimento a algum grupo. Jesus era livre e de igual forma que o vento, ninguém poderia retê-Lo. Estamos em Marcos 9,38-43.45.47-48.


Naquele tempo, 38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39 Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós é a nosso favor. 41 Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. 42 E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43 Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45 Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47 Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48 “onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga”.

A cena chega a ser constrangedora, pois João irmão de Tiago, que procurava os primeiros lugares e exclusividade em relação a Jesus, questiona o fato de que não outra pessoas não-pertencentes àquele grupo possam propagar a prática da Justiça e do Reino. Os grupos de seguidores não poderiam deter o monopólio da mensagem, que deveria espalhar-se e fecundar a terra. A contradição apontada estava no fato de alguém que não tinha pertencimento àquele grupo, estar curando e distribuindo as benesses do Reino para acesso a uma vida mais digna. Esta passagem colhida pela tradição revela um sentimento primitivo de buscar o prestígio para este grupo de seguidores. Tentavam cortar o mal pela raiz. Nesse entendimento apenas poderia lutar por um mundo melhor, digno e justo, os que fizessem parte da Igreja-Comunidade. O que Jesus pensa disso?  "Não o proibais", é a resposta.  A força humanizadora de Jesus é imensa, provém do Pai Criador. Nenhum grupo ou pessoa poderia retê-la! Para Jesus não existe a divisão entre "os que são de dentro e os que são de fora". Dentro ou fora da Igreja-Comunidade é lícito lutar pela mensagem do bem-comum e do bem-estar coletivo. O bem provém  do Pai. Não há mais divisões entre crentes e não crentes, adeptos ou não adeptos, congregados ou não congregados, movimentos eclesiais ou movimentos sociais. O fundamental é a abertura de caminhos para a Justiça e a Paz. Pensemos nisso. Pensemos nas nossas responsabilidades. Pensemos no nosso papel social.Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.




sábado, 29 de setembro de 2018

De onde me conheces?

Sábado da 25ª Semana.



A leitura de hoje, Jo 1,47-51, nos remete ao encontro entre o Carpinteiro e  Natanael. A tradição registrou a atitude de observação e de reflexão de Jesus em relação aos seguidores.


47 Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50 Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51 E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.


E quem era Natanael para ficar admirado com esta observação do Nazareno? A tradição compilada em Lucas registrou apenas o encontro entre o Mestre e Natanael, porém nos demais registros das comunidades descritos em Mateus, Marcos e João, o conheceram como Bartolomeu, um dos doze seguidores e  das primeiras testemunhas da Missão. Convidado por Filipe, responde de maneira sincera o pensava a respeito do Mestre: "De Nazaré pode vir alguma coisa boa?" (Jo 1, 46a). Certamente era um momento tenso na vida de Natanael, porém  essa observação constitui um importante  indicador das expectativas em relação a Missão do Carpinteiro. Certamente Natanael estava atravessando por algum momento crítico em sua vida e Filipe tentava convencê-lo a respeito do seguimento de Jesus.  Vê-se que no seu primeiro encontro com Jesus, recebe um elogio: "Aqui está um verdadeiro Israelita, em quem não há fingimento" (Jo 1, 47), ao qual o apóstolo responde: "Como me conheces?". As informações a respeito de Natanael são bastante escassas, porém podemos constatar que adesão a Jesus e ao Reino,  podem ser vivida e testemunhada também sem cumprir obras sensacionais, bastando a simplicidade, a integridade e a ausência de fingimento.  As vezes os seres humanos aderem aos mais diversos projetos pelas mais diversas razões, menos a sinceridade de propósitos. Reflitamos a respeito das nossas "adesões" e "sinceridade" de propósitos. Pensemos no nosso agir. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.



 

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Como o povo via a Jesus.

Sexta-feira da 25ª Semana.




As comunidades dos primeiros seguidores guardavam laços profundos com as lideranças que tinham lançado as sementes para a sua origem. Era de grande importância conservar os ensinamentos do Mestre e, ainda, alargar, espalhar e expandir, para além dos limites culturais do judaísmo e geográficos para além da Palestina. Quanto mais distante de Jerusalém estavam as comunidades, mais libertas estariam dos esquemas políticos e religiosos do poder; e do fermento dos fariseus que representava as sinagogas. Estamos em Lucas 9,18-22.

Aconteceu que Jesus 18 estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19 Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. 20 Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21 Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22 E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.

A questão fundamental é a indagação de como o povo via a Jesus. Em Mateus a resposta já havia sido dada pelos discípulos (Mt 14,33), está colocada por Pedro; e, em João (Jo 11,27) é colocado por Marta. Cuida-se primordialmente de como Jesus era visto pelas comunidades. O Carpinteiro já havia ensinado, realizado sinais; muitos o seguiam pela novidade que trazia, pelo seu jeito de acolher os marginalizados, os discriminados, os excluídos; por interagir e lutar com o povo simples e os empobrecidos. O seu agir era reconhecido, pois alguns o reconheceram como um grande profeta, comparando-o a João Batista, Elias ou Jeremias. Não era suficiente, pois estes representavam o passado, a tradição e o antigo sistema de aliança. O relato busca demonstrar que o Nazareno é o Messias esperado, a realização das antigas promessas, a Esperança anunciada pelo Antigo Testamento, ou seja, o Cristo, a experiência profunda de D-us! O Filho que conosco caminha, revelado aos pequenos e pobres. É um contraponto ao messias guerreiro, poderoso e que iria libertar Israel do jugo opressor dos romanos; constitui-se, ainda, em contraponto ao culto do imperador tão propagado e difundido à época que deveria ser reconhecido como filho da divindade; é a oposição entre o serviço ao povo e o poder exercido pelos dominadores; é, por fim, um contraponto ao culto dos deuses romanos e do culto oferecido pelo Templo de Jerusalém, que representavam a exploração e a morte para o povo simples, oprimido e excluído. O reconhecimento de Jesus como o Cristo e Messias esperado, desloca o culto dos grandes templos suntuosos, alinhados com o poder econômico, para as comunidades que favorecem a liberdade, a vida plena e a partilha. Estas idéias fez ruir o Império Romano, pois os cristãos representavam um risco, um perigo, um desafio ao sistema religioso, político e econômico que explora a sociedade.  Ontem como hoje este é o desafio para tod@s aqueles que pretendem o seguimento de Jesus. Esta chave nos abre a porta para viver a experiência do Ressuscitado, a profunda experiência do D-us que habita em nós e em cada ser humano. A nossa experiencia, o nosso agir e o nosso testemunho certamente poderá abrir ou fechar as portas do Reino para alguém. Pensemos no nosso agir. Pensemos nas bem-aventuranças. Pensemos como vivemos a nossa fé no Ressuscitado. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Quem é esse homem?

Quinta-feira da 25ª Semana.



A pergunta de Herodes, suprema e odiada autoridade civil da Galileia e região, nome pomposo para o governador de uma pequena província, sob ocupação estrangeira, bem retrata o impacto do discurso do Carpinteiro. Estamos em Lc 9,7-9:

7 o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. 8 Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9 Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus.

Segundo a tradição judaica o profeta Elias não teria morrido, porém desaparecido ao ser 'arrebatado' (levado), ou João Batista a quem o próprio Herodes mandou executar. A ambos refere com surpresa, pois as idéias que defendiam de justiça, paz e igualdade, continuassem vivas, na coragem do Mestre em dar continuidade ao trabalho em tempos tão sombrios, mormente após a decapitação de João Batista. Parece que a execução exemplar como meio de repressão não dera certo, posto que não fora capaz de desencorajar os seguidores na luta. a situação estava saindo do 'controle'. Herodes continuava a sentir-se incomodado, importunado e desafiado em seu poder e autoridade pelo discurso do Nazareno. Todo usurpador do poder e autoridade ilegítima sente-se importunado, constrangido e molestado pela verdade! Não há como  contrapor-se à verdade, nesse caso, exceto pelo ódio, pela repressão e pelo medo,  que geram uma uma instabilidade em todos os âmbitos na sociedade. E é desse expediente  que os detentores do poder e as classes dominantes de então, juntamente, com as forças de ocupação se utilizavam para impor a autoridade. A Verdade é como a Luz que ilumina e alcança a tod@s, sem qualquer distinção. Caminhemos sem temor pela Vida,  juntamente com a Verdade que será uma boa companheira. Reflitamos a respeito do nosso agir. Pensemos nisso.  Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Poder e autoridade ao serviço do povo.

Quarta-feira da 25ª Semana.


O texto de hoje que foi compilado em Lc 9,1-6, nos traz uma nova perspectiva para o exercício do poder e da autoridade, colocando-os ao serviço das comunidades e do povo.

1 Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, 2 e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3 E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas. 4 Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. 5 Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles”. 6 Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares.

O Mestre subverte a lógica dominante e dá um novo sentido ao exercício do poder e da autoridade. Os seguidores os receberam como um exercício para o aprendizado e logo foram enviados para curar os males e as doenças, no contexto social; curar os  doentes, fazer o bem por onde quer que passassem, e proclamar o Reino. Note-se aqui que o anúncio do Reino não se dá por palavras soltas, estéreis ou no vácuo de uma "adoração ritual ou desencarnada", porém no concreto da Vida e das necessidades humanas. E, ainda, adverte para que nada desvirtuem no Caminho: "nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro e nem mesmo duas túnicas." Enfim, nada que os afastassem do povo: não tinham o cajado para os apoiarem; não tinham sacola para arrecadar ou acumular bens; não viveriam às custas de "possíveis expectativas ou seguranças futuras"  simbolizadas pelo "pão"; não exerceriam a missão sustentados pelo "dinheiro"; não levariam qualquer roupagem, apenas a si, sendo pessoas pobres e despojadas. Não tinham um plano "b", era apenas aquele o modo para viver na radicalidade a Mensagem do Reino.  E, mais! Tinham de exercitar a humildade! Entrar numa "casa" e nela ficar, tem o sentido de partilhar das mesmas condições de vida daqueles que os acolhessem, sem ficar a buscar a outros que lhes oferecessem melhores condições do que quer que seja! E quanto àqueles que deixassem de acolher-nos? Sigam adiante, e que o "protesto" seja o de bater das sandálias, após avaliar a situação e ali deixar qualquer "poeira" da dor, da raiva, do ressentimento, do rancor ou da frustração. E seguir adiante,  sempre! A alegria do Reino está no serviço que possamos prestar, a partir dos nossos dons e possibilidades, para a construção de uma nova realidade e de um mundo novo. Assim poderemos ir a todos os lugares! Reflitamos sobre o nosso agir! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Credito da foto: Samuel Osmari.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

Os laços dos afetos!

Terça-feira da 25ª Semana.


O texto compilado em Lc 8,19-21 nos recorda que os laços que nos unem proveem mais do afeto e menos do sangue, como consequência da mensagem do D-us Amor e Bom, que nos foi mostrado pelo Carpinteiro de Nazaré:

19 a mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. 21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.


Aparentemente duras, estas palavras expressam a realidade na qual os serres humanos estão mergulhados. As interpretações que foram propagadas ao longo dos tempos  buscaram colocar o verniz de um "Jesus adocicado" e descolado das relações sociais existentes. Note-se que se por um lado, o Mestre não rejeita ou desautoriza os laços familiares, por outro, os coloca sob a ótica do afeto e do amor existente. O que cria e une as famílias? A respostas será sempre o Amor, que vem do Pai e a tod@s envolve e enlaça. Por que as relações se dissolvem? Porque fenece, falta ou o Amor é esquecido. Para tanto, basta vislumbrar ao logo da história as relações consanguíneas que não foram capazes de sobreviver à ausência de afeto. Há quanto tempo você não encontra com os seus parentes? Há prazer e alegria nestes encontros? Há afeto nas nossas relações sociais? Qual a nossa motivação? O amor não nasce por decreto, não subsiste pela obrigação e não perdura na ausência do respeito! Apenas o Amor é capaz de conciliar, pois as relações afetivas deterioradas levam a extremos que emergem, a partir da liberdade na escolha da conduta humana. Até onde o ser humano é capaz de agir em razão de seu livre arbítrio? A  liberdade dá ao homem a escolha em contrariar o que é "lícito" desde uma pequena banalidade até uma trágica e irreversível fatalidade como os parricídios ou patricídios, matricídios, uxoricídios ou matricídios, fratricídios e homicídios. A ótica de Jesus, a partir da escuta e da prática do cerne da mensagem que é o Amorenquanto fenômeno, contempla e insere no seio da sociedade, um novo olhar sobre as relações sensíveis e concretas da realidade existencial. Não é privilegiada a norma que escraviza, porém o amor que liberta, dá coragem e impulsiona as mudanças necessárias para a construção de um mundo novo. Para o desamor podem existir mil razões, porém para a existência humana basta uma, amar. Não existe tanto amor disponível no mundo que possamos desperdiçá-lo! Pensemos nas nossas relações familiares e sociais! A desilusão, o rancor, a solidão, o medo, a miséria, a desnutrição, os maltrapilhos, os famintos, o povo sofrido subjugado pelos hipócritas que vivem do seu sangue, violado nos seus sonhos e direitos, os espoliados, os abandonados, as vítimas do ódio, do preconceito, da discriminação, da violência, da morte e das "balas perdidas", os refugiados... constituem periferias existenciais nas quais o mundo vive mergulhado. A dura e injusta realidade no pode continuar a sê-lo! Pensemos na realidade humana na qual estamos inseridos! Como podemos levar o Amor e colher o Amor? Assim Santa Tereza de Ávila, asseverava, o que nos traz esta indagação a respeito do nosso agir. Que a paz esteja com tod@s!

Crédito da foto: Samuel Osmari.









segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Ninguém acende uma luz para escondê-la!

Segunda-feira da 25ª Semana.


A leitura de hoje nos leva ao texto compilado pela tradição em Lc 8,16-18, que expressa o sentimento das primeiras comunidades em relação aos riscos que representavam as manipulações e tergiversações a respeito da Mensagem do Carpinteiro e, de uma certa forma, poderíamos vê-la como uma continuidade da que foi lida ontem, em Mt 20, 1-16a, que nos revela o D-us Bom anunciado por Jesus, e  a confiança no D-us que é Misericórdia, Piedade, Amor, Paciência e Compaixão. Este D-us que é muito bom para com tod@s e que Sua ternura abraça a todas as criaturas! E este anúncio não poderia ser esquecido ou "escondido" a qualquer pretexto. Eis o que diz a leitura de hoje:

16 "ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 17 Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18 Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter".


Ninguém acende uma luz para escondê-la! O sol que desponta a cada manhã a tod@s alcança e enlaça, sem distinção. Por que ter medo da Luz? Não há nada que esteja escondido, que deixe de ser iluminado e alcançado para muito além dos temores e esquemas humanos de dominação e de submissão. As amarras interpretativas do "deus vingativo" foram suplantadas pelo D-us Bom revelado pelo Mestre de Nazaré, que não está atado às articulações do poder! O alcance dessa compreensão é fundamental para que o Reino seja vivido no experimento  da existência humana. Nada do que é humano é estranho ao D-us Criador. Não apequenemos D-us à uma limitada visão de um "computador" dos nossos méritos e deméritos, que nos premia ou nos castiga a partir de uma ótica míope e desumana. Muito cuidado com o que ouvimos dos toscos anúncios, que apenas revelam os recalques, as frustrações e as ambições pessoais de quem O apresenta. Devemos sempre indagar a quais interesses estão a servir? O D-us revelado em Jesus é Libertador de todas as amarras que obstam o Homem em alcançar a plenitude do ser. Devemos sempre indagar se D-us realmente está preocupado com isso ou com aquilo. Não reduzamos as preocupações do Pai à perversa ótica humana do moralismo e do preconceito. Recentemente, uma exposição de arte foi fechada utilizando o pretexto de ofensa ao Criador. O que realmente ofende o Criador? O sentimento humano expresso pela arte ou a injustiça, a dor humana provocada pelo preconceito, o sofrimento do povo com fome, sem moradia, vítima da violência, espoliado pelo egoísmo e pela ganância???  Esses mesmos seguimentos sociais propõem a cura para o que não é doença e matam a dignidade da vida humana.  D-us não pode ser reduzido a uma ótica mesquinha e doentia! A verdade proclamada pelas primeiras comunidades é que D-us não exclui ninguém, no Reino há lugar para tod@s. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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domingo, 23 de setembro de 2018

As nossas incoerências.

Domingo da 25ª Semana.


Caminhar pelo mundo é saber lidar com as  nossas próprias incoerências e as dos nossos companheiros de jornada. Jesus estava na Galiléia e buscava um momento de formação para os primeiros seguidores. Estamos em  Marcos 9,30-37.



Naquele tempo, 30 Jesus e seus discípulos atravessaram a Galiléia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31 pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.32 Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33 Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34 Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35 Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37 “Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas aquele que me enviou”.

Este momento da Missão nos faz pensar na solidão de Jesus, pois anuncia, pela segunda vez, o destino que estava reservado e a conclusão da Missão. Era um momento crítico, pois dependeria destes seguidores o futuro e a continuidade da Boa Nova para a humanidade e a transformação da realidade. E qual a reação dos primeiros seguidores? Demonstram uma mentalidade de competição e de prestígio, que ontem permeava o Império Romano e, que ainda hoje, assola a nossa sociedade. Enquanto Jesus se mostra e age como o Messias Servidor, eles guardam o pensamento e os valores daqueles que "só pensam em levar vantagem". Jesus, com a sua pedagogia, os faria amadurecer e despertar para os valores do Reino. E quanto a nós? Guardamos uma mentalidade de quem se acha superior aos outros? Marginalizamos os pequenos? Pensamos conforme a "mentalidade de todo mundo"? Temos discernimento de que devemos ser servidores? Percebemos nas ruas que as muitas pessoas passaram a defender um discurso de ódio, de discriminação e de exclusão. Não é possível servir ao ódio e ser seguidor de Jesus. Qual o nosso papel como seguidor de Jesus? Pensemos em nossas relações com o mundo. Pensemos no nosso agir. Pensemos em nossos valores. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sábado, 22 de setembro de 2018

Dá-nos um coração bom e generoso.

Sábado da 24ª Semana.


O texto de hoje nos revela a experiência acumulada pelas primeiras comunidades, a respeito das reações e disponibilidade, para o engajamento na luta pela transformação da realidade em conformidade com os ideais do Reino. Certamente não foi fácil a aglutinação de tantas histórias e interesses que deveriam perpetuar a Palavra do Carpinteiro e o Seu entendimento como elemento catalisador das angústias e esperanças transformadoras daquela realidade social. Estamos em Lc 8,4-15:

4 reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola : 5 “O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu a beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram. 6 Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7 Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram juntos, e a sufocaram. 8 Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”. Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”. 9 Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. Jesus respondeu: 10 “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam”. 11 A parábola quer dizer o seguinte: A semente é a Palavra de Deus. 12 Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas, depois, vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem. 13 Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14 Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15 E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.

Havia a necessidade de manter viva a esperança e chamar os seguidores do Carpinteiro, à responsabilidade, para a contribuição na construção no mundo novo. Certamente, foram detectadas muitas frustrações com as adversidades impostas pelo cotidiano das relações pessoais e sociais. Era imprescindível, porém seguir adiante no Caminho do Reino. A tradição classificou as reações  dos seguidores em quatro grupos, ou seja: no primeiro, estavam os que eram meros expectadores; no segundo, os entusiasmados que logo cediam ao arrefecimento; no terceiro, aqueles que se integravam ao movimento, porém em decorrência das situações corriqueiras da vida se afastavam e passavam a cuidar dos seus próprios interesses; e por fim, o quarto grupo, que era o dos preservavam  a Palavra e davam continuidade a obra do Carpinteiro. A luta pelos valores do Reino é bastante exigente, pois demandava uma constante atenção com a Justiça, a Paz e a Igualdade nas relações pessoais e sociais. Apenas um coração bondoso e generoso, portanto sensível às adversidades humanas estaria apto ao exercício da Misericórdia. Pensar o bem, falar o bem e fazer o bem demanda um esforço cotidiano, pois estas ações não estão direcionadas a si, porém aos outros e ao coletivo. O deslocamento do eixo da existência humana para o bem coletivo é fundamental para a propagação da Mensagem do Nazareno. Os Atos dos Apóstolo, bem descrevem o ideário das primeiras comunidades. E quanto a nós nos dias atuais? Como anda a nossa Esperança e Perseverança na transformação e construção de uma nova realidade humana? Qual o papel que desempenhamos? Em qual dos grupos acima nos colocamos? Pensemos nisso. Que a Paz esteja com tod@s!

(Aquino)


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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Quero misericórdia e não sacrifício.

Sexta-feira da 24ª Semana.
São Mateus, apóstolo.


A dimensão humana da compreensão da Missão do Nazareno é posta em poucas palavras: "Quero misericórdia e não sacrifício". Este tema nos é apresentado em Mt 9,9-13, pela tradição compilada pelas comunidades:

9 Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores? 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa: “Quero misericórdia e não sacrifício”. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.


Certamente os primeiros seguidores tiveram muitas dificuldades para serem aceitos pela sociedade, após a execução de Jesus, em razão do sinal de contradição que representavam. No caso de Mateus, por exemplo, integrava o grupo social dos "cobradores de impostos" que eram desprezados e discriminados a parir da sua profissão: eram considerados corruptos, representavam o poder e a extorsão da dominação pela potência estrangeira. Alie-se a isso, o fato de que a trama urdida nos bastidores pelos poderosos de então, que tiveram seus interesses contrariados, mantinham bastante vivo o ódio e o desprezo, através de uma campanha difamatória. Definitivamente o Mestre e os seus seguidores não guardavam o papel tradicionalmente aceito, pelo padrão imposto pelo senso comum, que divinizava os ritos e formalidades para manterem fortes e visíveis os laços que impunham ao povo os grilhões da servidão. E não existe pior servidão que a voluntária!  A mensagem da Misericórdia liberta os servos,  os espoliados e os escravizados, justamente a partir da mudança de ótica, colocando homem como centro do universo e obra perfeita da Criação e de todo o bem que for possível realizar, dando um novo sentido à existência humana. A Misericórdia é exigente, pois não tem limite, não tem forma e não tem padrão. Já o sacrifício constitui a negação da dignidade humana e da divindade. Não podemos olvidar do forte conteúdo alienante contido nas prescrições rituais e culturais. A Boa-Nova extirpa os grilhões que limitam o humano e abre as portas para a evolução como obra de Amor. A Misericórdia é um dos rostos de D-us! Não nos esqueçamos disso. Se desejamos ver a Face do Pai, sigamos os Caminhos da Misericórdia e da compreensão da divindade humana expressa no outro, no próximo e na comunidade.  É urgente revermos as nossas relações sociais para que expressem o rosto da Misericórdia do Pai É urgente revermos estas mesmas relações para que sejam, de fato, libertadoras e despidas de "pre-conceitos". A aventura humana na jornada da Vida e do Caminho, exige um coração aberto e cheio de Misericórdia para os encontros com os companheiros de travessia. Reflitamos a respeito da nossa disponibilidade para o exercício da Misericórdia. Estamos abertos a essa compreensão da dimensão social da existência humana? Estamos disponíveis ao aprendizado pelo exercício da Misericórdia? Estamos conscientes da nossa capacidade de realizar a Misericórdia? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
(Aílton)


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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A luta e o protagonismo das mulheres.

Quinta-feira da 24ª Semana.



O texto de hoje nos leva à reflexão a respeito da atitude de Jesus para com as mulheres. As comunidades dos primeiros seguidores logo perceberam que as mulheres não poderiam continuar ser discriminadas ou excluídas, pois esta condição era corriqueira na religião e na sociedade de à época. A mensagem do Reino exigia uma nova atitude, que não poderia ser machista, sexista ou misógina, em relação às mulheres. Estamos em Lucas 7,36-50.

Naquele tempo, 36 um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. 37 Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume, 38 e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com o perfume. 39 Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou pensando: “Se este homem fosse um profeta, saberia que 40 tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora”. Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Simão respondeu: “Fala, mestre”! 41 “Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinquenta. 42 Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?” 43 Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Tu julgaste corretamente”. 44 Então Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. 45 Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46 Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47 Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. 48 E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. 49 Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?” 50 Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz”.

A marginalização, a exclusão e o isolamento das mulheres era patente, pois não participava da vida na sinagoga e, nem tampouco, o seu testemunho era considerado na vida pública. Faz lembrar os versos do poeta Capiba: "Já se acabou o tempo, que a mulher só dia então: Chô galinha, cala a boca menino. Ai, ai, não me dê mais não." Muitas mulheres resistiram a esta condição ao longo da história: Judite, Ester, Rute, Noemi e tantas outras. A narrativa deste encontro de Jesus, do Fariseu e da moça, registra o inconformismo e a resistência, à uma situação injusta. A moça entra no local, solta os cabelos, unge e beija os pés do Mestre. Soltar os cabelos em público significava um gesto de independência. Não nos esqueçamos que não era à toa que as mulheres usavam mantos para cobrir os cabelos e o corpo. Jesus acolhe a moça, enquanto o fariseu o provoca e o critica. A resposta vem em forma da parábola dos dois devedores, que revelam o invisível de D-us na experiência da existência humana. Enquanto o fariseu demonstra o seu apreço por Jesus convidando-o para jantar;  a moça, o faz pelas lágrimas, beijos e perfume. A liberdade e o agir de Jesus, leva-o a defender a moça, embora em casa alheia. O que realmente é importante para D-us, não é a observância da lei em si, porém o amor como caminho para o fiel cumprimento do preceito humano da evolução. Muitas comunidades, igrejas e seguimentos corporativos ou sociais criam diversas normativas e se perdem na letra fria do regramento, sem observar o principal objetivo, que é a mulher e o homem, numa vivência libertadora das amarras dos preconceitos que sufoca-os na sociedade. O Amor de D-us é gratuito e acolhedor para com toda a criação, sem discriminação, exclusão ou isolamento. Jesus não condena, mas acolhe. A mulher foi corajosa e enfrentou a atitude preconceituosa que a excluiriam daquele lugar. Resistiu. Enfrentou o preconceito. Foi protagonista da sua história. Renasceu. Conquistou o respeito. A sua atitude "calou a boca" do preconceito! Jesus coloca os seguidores, sejam mulheres ou homens, em pé de igualdade. No movimento de Jesus haviam muitas mulheres, com participação ativa e de sustento financeiro. Foram compilados pelas comunidade os nomes de algumas discípulas: Maria Madalena, nascida em Magdala; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas; Suzana e, várias outras mulheres que "seguem a Jesus" (Mc 15,41). A Boa Nova, faz a mulher levantar-se, resistir e assumir a sua dignidade. A mulher e o seu trabalho é valorizado. A mulher viúva que luta pelos seus direitos  (Lc 7,11-17). As mulheres são testemunhas da sua execução (os homens estavam escondidos com medo), sepultamento e ressurreição, numa época em que sequer o seu testemunho era válido. A igualdade, o protagonismo e a luta das mulheres é registrada, valorizada e acolhida. Tenhamos isso no tempo presente e nas nossas relações familiares, corporativas ou sociais. Pensemos em nossas atitudes. Pensemos em nossa vida. Pensemos nisso. Que a paz eseja com tod@s!

(António)



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quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Como percebemos o agir do outro?

Quarta-feira da 24ª Semana.


As nossas contradições no entendimento das ações humanas, constitui a chave para a leitura comportamental em sociedade. Certamente muitos conflitos foram registrados pela comunidade dos primeiros seguidores em relação ao entendimento da alma humana e do seu agir em sociedade. O texto compilado em Lc 7,31-35 nos traz à  memória o registro dessas experiências ao longo da nossa jornada, que em nada se diferencia das que foram vividas pelos antigos.

Naquele tempo, disse Jesus: 31 “Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem? 32 São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: “Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes” 33 Pois veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes: “Ele está com um demônio” 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vós dizeis: “Ele é um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos pecadores” 35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”.


Parece-nos que a dicotomia no entendimento do agir do outro continua latente ao longo da história humana. O Mestre ao falar, recorda João Batista, que era um asceta do deserto, alimentava-se de maneira frugal do que encontrava na natureza, sendo rejeitado em razão do seu comportamento pela sociedade. Em contraposição o próprio Carpinteiro, foi rejeitado sob a acusação de comilão, beberrão, amigo de corruptos-ladrões e pecadores, enfim, de tudo o que era rejeitado pelos padrões sociais-éticos de então. Restou apenas o testemunho e o registro do agir profético, pelos seguidores, em ambos os casos. Estejamos atentos para não sair julgando o agir das pessoas a partir da nossa realidade e da nossa cômoda posição. Lembremo-nos que o ponto de vista é apenas a vista de um ponto. Lembremo-nos que a nossa ótica poderá ser limitada por diversos fatores, inclusive o nosso "pre-conceito". Lembremo-nos da multiplicidade facetária do humano ser. Reflitamos a respeito do nosso agir. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
(Joaquim)

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terça-feira, 18 de setembro de 2018

O exercício da compaixão.

Terça-feira da 24ª Semana.


O texto de hoje nos leva para um tempo distante e uma situação muito específica na povoação de Naim, onde a percepção da dor de uma estranha, provocou a intervenção do Nazareno. A dor do outro, foi sentida por Jesus.  Vemos nesse episódio o desespero de uma mãe viúva que perdera o seu único filho. E, sem nada pedir, o Mestre compadeceu-se do seu sofrimento. Estamos a falar do texto compilado em  Lc 7,11-17. 

Naquele tempo, 11 Jesus dirigiu-se a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. 12 Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. 13 Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: "Não chores!" 14 Aproximou-se, tocou o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!” 15 O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe. 16 Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo". 17 E a notícia do fato espalhou-se pela Judéia inteira e por toda a redondeza. 

A morte do filho único, para aquela mãe viúva tinha a dimensões nos aspectos afetivo e social.  A perda, para aquela mulher selaria o seu próprio destino, pois refletiria na sua sobrevivência em um tempo que não existia qualquer amparo  social. A ação de Jesus deve ser analisada não apenas a partir da intervenção numa situação específica e individual, porém pela sua compaixão pelos diversos aspectos da vida humana e sua dimensão social.  As dores provocadas pelos momentos de perda trazem várias consequências para a existência das pessoas e estas não podem ser desprezadas. O questionamento principal se deve a como nos portarmos diante de tais situações. O que seria daquela viúva, cujo nome não foi guardado pela tradição, apenas o da povoação de Naim? Certamente este gesto do Mestre provocou muita admiração, pois a volta do filho à Vida repercutiu de várias formas e produziu uma multiplicidade de efeitos, quer no âmbito afetivo, quer no âmbito social.  E quanto a nós? Percebemos a dor do outro? Sabemos em  que consiste a compaixão? Entendemos a dimensão da compaixão? Somos capazes de exercitar a compaixão? Há compaixão quando a dor do outro, dói em nós. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!  

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segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Basta apenas uma palavra...

Segunda-feira da 24ª Semana.


Eu não sou digno, ó meu Senhor, de que Tu entres em minha casa.  Uma Palavra é suficiente, com ela tudo se transformará. O texto guardado pela tradição coloca na boca do oficial romano das tropas de ocupação, o reconhecimento do trabalho, do poder e da Missão do Nazareno, que lhe era sonegado pelos seus conterrâneos. É certo que esta reflexão aflorou a partir da necessidade de assimilação dos novos povos e nações, com suas relações sociais, que aderiam à Palavra e ao Caminho. Estamos a falar de Lc 7,1-10:


Naquele tempo, 1 quando acabou de falar ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum. 2 Havia lá um oficial romano que tinha um empregado a quem estimava muito, e que estava doente, à beira da morte. 3 O oficial ouviu falar de Jesus e enviou alguns anciãos dos judeus, para pedirem que Jesus viesse salvar seu empregado. 4 Chegando onde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: "O oficial merece que lhe faças este favor, 5 porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga". 6 Então Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. 7 Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente a teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado. 8 Eu também estou debaixo de autoridade, mas tenho soldados que obedecem às minhas ordens. Se ordeno a um: 'Vai!', ele vai; e a outro: 'Vem!', ele vem; e ao meu empregado 'Faze isto!', e ele o faz". 9 Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Virou-se para a multidão que o seguia, e disse: "Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé". 10 Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e encontraram o empregado em perfeita saúde.



Este relato contém três paradoxos sociais com os quais o Movimento de Jesus e as primeiras comunidades de seguidores tiveram que lidar. O primeiro é que o Nazareno é contatado pelos Anciãos, ou seja, a junta de representação e de gestão administrativa, que servia de interlocução com as tropas de ocupação. Eram pessoas de proeminência social, que tentaram convencer a Jesus da necessidade e da importância do atendimento deste apelo, sendo Ele um judeu marginal e que constantemente desafiava os doutores da lei. O segundo paradoxo está no nível de relação entre este comandante e o seu servo, que o faz passar por cima dos convencionalismos sociais, das regras de ocupação, e do orgulho da potência estrangeira, que apesar de todo seu poderio e da sua ciência, se rende a Jesus, um judeu-marginal que desafiava o poder estabelecido e os doutores da lei. O terceiro, e ultimo, paradoxo é que o oficial comandante das tropas estrangeiras ao qual estava submetida toda a região, sua elite e suas autoridades, reconhece a Dignidade, a Missão e o Mestre, na Sua capacidade de transformação de uma realidade cruel. Aprendi desde muito cedo que as necessidades é que ditam as regras da Vida. Tive uma tia-avó materna, Tia Dindinha (Alice), que a chamava esta regra da vida de "Dona Necessidade". Para além do contexto histórico e do sentido primevo que o compilou, vemos as necessidades humanas constituírem forças propulsoras que se sobrepõem aos convencionalismos estabelecidos pela sociedade. Acaso não fosse isso não teríamos visto os poderosos representantes da sociedade e da administração local, recorrer a um judeu-marginal que os desafiava constantemente, de um lado, e do outro, um orgulhoso comandante de ocupação recorrer àquela gente subjugada e dominada pelo poderio militar, para pedir ajuda através da sua representação. Para quem? Para um servo? E o que teria movido o comandante a não ser o Amor? Apenas esta força seria capaz de subverter toda a ordem estabelecida. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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domingo, 16 de setembro de 2018

A Confissão de Pedro.

Domingo da 24ª Semana.



As comunidades dos primeiros seguidores guardavam laços profundos com as lideranças que tinham lançado as sementes para a sua origem. Assim é que Pedro, exercia muita influência de Antioquia na Síria; Paulo na Grécia; e, João em algumas comunidades da Ásia. Era de grande importância conservar os ensinamentos do Mestre e, ainda, alargar, espalhar e expandir, para além dos limites culturais do judaísmo e geográficos para além da Palestina. Quanto mais distante de Jerusalém estavam as comunidades, mais libertas estariam dos esquemas políticos e religiosos do poder; e do fermento dos fariseus que representava as sinagogas. Estamos em Marcos 8,27-35.


Naquele tempo, 27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29 Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”. 30 Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a respeito. 31 Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. 32 Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33 Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”. 34 Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.

Este texto é conhecido como a Confissão de Pedro, consta nos demais Evangelhos, porém pela tradição compilada em Mateus, guarda mais detalhes. Este texto, ainda, recebe várias interpretações e até antagônicas em várias igrejas cristãs. A questão fundamental é a indagação de como o povo via a Jesus. Em Mateus a resposta já havia sido dada pelos discípulos (Mt 14,33), agora está colocada por Pedro; e, em João (Jo 11,27) é colocado por Marta.  Cuida-se primordialmente de como Jesus era visto pelas comunidades. O Carpinteiro já havia ensinado, realizado sinais; muitos o seguiam pela novidade que trazia, pelo seu jeito de acolher os marginalizados, os discriminados, os excluídos; por interagir e lutar com o povo simples e os empobrecidos. O seu agir era reconhecido, pois alguns o reconheceram como um grande profeta, comparando-o a João Batista, Elias ou Jeremias. Não era suficiente, pois estes representavam o passado, a tradição e o antigo sistema de aliança. O relato busca demonstrar que o Nazareno é o Messias esperado, a realização das antigas promessas, a Esperança anunciada pelo Antigo Testamento, ou seja, o Cristo, a experiência profunda de D-us! O Filho que conosco caminha, revelado aos pequenos e pobres. É um contraponto ao messias guerreiro, poderoso e que iria libertar Israel do jugo opressor dos romanos; constitui-se, ainda, em contraponto ao culto do imperador tão propagado e difundido à época que deveria ser reconhecido como filho da divindade; é a oposição entre o serviço ao povo e o poder exercido pelos dominadores; é, por fim, um contraponto ao culto dos deuses romanos e do culto oferecido pelo Templo de Jerusalém, que representavam a exploração e a morte para o povo simples, oprimido e excluído. O reconhecimento de Jesus como o Cristo e Messias esperado, desloca o culto dos grandes templos suntuosos, alinhados com o poder econômico, para as comunidades que favorecem a liberdade, a vida plena e a partilha. Estas idéias fez ruir o Império Romano, pois os cristãos representavam um risco, um perigo, um desafio ao sistema religioso, político e econômico que explora a sociedade.  Ontem como hoje este é o desafio para tod@s aqueles que pretendem o seguimento de Jesus. A confissão de Pedro aponta para uma Igreja não construída de pedras como os templos romanos e o Templo de Jerusalém, passíveis de destruição, porém na comunhão de fé no Cristo Messias e Libertador. Pedro e Paulo, acabaram executados em Roma, por serem seguidores do Cristo Messias e por aderirem à mensagem do Reino presente no mundo. Pedro e Paulo, representam duas visões de Igreja, a primeira não perde de vista a tradição, a história e o compromisso com a verdade ao longo dos tempos e, a segunda, a capacidade de renovação, de atualização e de deixar-se seguir pela fidelidade à essência da mensagem de Amor, sempre presente nas relações humanas. Pedro e Paulo, cada um a sua maneira, representa a adesão ao Projeto do Reino, revelado por Jesus. Pedro e Paulo, representam a construção de uma Igreja em comunidades que transformam a realidade humana à imagem do Reino.  A alusão ao 'inferno' representa os sistemas de dominação, religiosos ou políticos, que desafiam a concretização do Reino, já aqui e agora, no chão da nossa realidade. As chaves são entregues a comunidade que é responsável por fazer o Reino acontecer, não como uma 'procuração em branco' para agir segundo os próprios interesses,porém para viver as bem-aventuranças e ser responsável pela construção de uma nova realidade humana, à imagem do Reino anunciado por Jesus. Responsabilidade é serviço, não é poder! Esta chave nos abre a porta para viver a experiência do Ressuscitado, a profunda experiência do D-us que habita em nós e em cada ser humano. A nossa experiencia, o nosso agir e o nosso testemunho certamente poderá abrir ou fechar as portas do Reino para alguém. Pensemos no nosso agir. Pensemos nas bem-aventuranças. Pensemos como vivemos a nossa fé no Ressuscitado. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sábado, 15 de setembro de 2018

As dores da vida.

Sábado da 23ª Semana.


A leitura de hoje nos leva à reflexão, a respeito dos momentos difíceis pelos quais os seres humanos passam durante o Caminho. A comunidade guardou a tradição da despedida de Jesus e de sua Mãe, momentos antes de sua morte, por execução na cruz. O contexto é narrado em Jo 19, 25-27.

Naquele tempo, 25 perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. 27 Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.

Este é um momento de extremo abandono e solidão. Quem ali estava? Apenas três mulheres: Maria, Mãe de Jesus, Maria de Cléofas e Maria Madalena, discípula, sempre presente, que presenciou a execução e, ainda, testemunha e portadora da Boa Nova da Ressurreição; e, por fim, o jovem João. Ali podemos vislumbrar a dor de uma mãe e dos companheiros de jornada, que perdem o Amado. Em seus últimos momentos, o Carpinteiro é assaltado pela mais humana das preocupações: o bem-estar de sua Mãe, confiando-a aos cuidados do único homem presente, posto tratar-se de uma sociedade extremamente machista, que coisificava a mulher. Podemos ver humildade, dor, superação, iniciativa, afeto, cuidado, e preocupação com a sobrevivência. As dores pelas quais passamos, devem ser superadas, pois a Vida continua o seu curso, igualmente, a um rio caudaloso em direção ao mar. A Vida não para, porque parar é morrer! As dores podem transpassar o coração, porém enquanto houver Vida, haverá Esperança.   Em meio a tanto sofrimento, sobresalto e trevas, sempre haverá o cuidado com a continuidade do Caminho. A Vida sempre encontrará um curso e nós não podemos ficar paralisados ou inertes diante da realidade. Necessitamos construir o dia de amanhã e sermos capazes de resiliência e superação das dores do Caminho. Aprendamos da Vida, aquilo que apenas esta pode nos ensinar. A experiência humana não é solitária. A Vida sempre encontra um rumo, de igual forma que sempre haverá um amanhã. Não devemos perder a perspectiva de um novo dia, em relação às dores do hoje. São primordiais a Esperança, confiança e iniciativa humana de superação, pois as soluções não caem do céu. Se assim o fosse, o Carpinteiro não teria tomado a providência de garantir os cuidados de sua Mãe a um seguidor de sua confiança. Busquemos as soluções para as dores que nos aflige e a sociedade. As soluções não caem do "céu", ocorrem na realidade, e decorrem do agir do próprio homem. Lembremos que os filhos tornam-se adultos, responsáveis, portanto, pela sua Vida e pela solução para as suas dores. Os pais, no mais das vezes, pouco ou nada podem fazer. Assumamos as nossas responsabilidades e busquemos soluções para as nossas dores. Não fiquemos inertes ou paralisados no aguardo de uma solução. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s. 


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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a Salvação do Mundo!

Sexta-feira da 23ª Semana.
Exaltação da Santa Cruz.



A leitura de hoje nos leva à reflexão a respeito do sentido do envio do Filho do Pai a este mundo e do seu sacrifício. Tu és o meu D-us, eu confio em Ti. É o grito que brada da realidade estonteante e desconcertante da Cruz! Estamos em João 3,13-17.

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: 13 “Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14 Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. 16 Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. 


Quis a história que este instrumento de tortura e suplício fosse transformado em sinal da redenção humana, do charco e do lodo de onde as escolhas e prioridades eleitas em contrassenso aos valores do Reino, nos atirou, para a elevação à superiores patamares. É justamente a partir da nossa condição humana, que é possível almejarmos a transformação do mundo na conformidade da Justiça, da Paz e da Igualdade. A Exaltação da Cruz, lembra-nos da prova do Amor Maior, que emanou e deu sentido àquele sacrifício. Apenas aqueles que se dispõem a abrir o coração para acolher os frutos de Luz, Vida e Salvação, conseguirão compreender. Deixemos o Senhor Jesus, luz do mundo, dissipar as trevas que habitam a alma do homem, fadada ao egoísmo, acumulação e disputas de poder, para que aprendamos a acolher o Seu Amor. A compilação das primeiras comunidades contidas em Jo 3, 13-17, leva-nos a recordar das privações e das revoltas que povoaram a mente dos antepassados ao relembrar o tempo de formação do povo liberto da escravidão, porém sempre insatisfeitos. Recordam o episódio em que Moisés, ergueu um símbolo para afastar os males causados pelo próprio homem e, a partir, daí curados, retomarem o Caminho. Não nos esqueçamos que a Vida é feita de Caminhos e de escolhas. Cabe-nos a responsabilização pelas consequências das nossas próprias escolhas. A Exaltação da Cruz é coletiva e tem a ver com a redenção e o papel social que desempenhamos na história. 14 de setembro: Festa da Exaltação da Santa Cruz. A cruz de Jesus é a expressão suprema do amor de um D-us que veio ao nosso encontro e aceitou partilhar a nossa humanidade, fazer-se Servo dos homens... O Humano é Divino, o Divino é Humano! D-us está no meio do povo que luta! Pensemos nisso. Pensemos no nosso papel. Que a paz esteja com tod@s!

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