sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Não deixe a lamparina apagar.

Sexta-feira da 21ª Semana.



A tradição compilada em Mt. 25, 1-13, mais uma vez nos traz a necessidade de entender a mensagem do Reino, que se inicia entre nós no raiar de cada dia.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: 1 “O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. 2 Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes. 3 As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. 4 As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. 5 O noivo estava demorando e todas elas acabaram cochilando e dormindo. 6 No meio da noite, ouviu-se um grito: “O noivo está chegando. Ide ao seu encontro” 7 Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. 8 As imprevidentes disseram às previdentes: “Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando”. 9 As previdentes responderam: “De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar aos vendedores”. 10 Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou. 11 Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: “Senhor! Senhor! Abre-nos a porta” 12 Ele, porém, respondeu: “Em verdade eu vos digo: Não vos conheço” 13 Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.


As primeiras comunidades mantinham a Esperança viva para a festa, que se daria com a  concretização das promessas de um novo mundo e ocorreria após a mudança da realidade, de injustiças e de sofrimentos, nas quais estavam mergulhados. A mensagem da ressurreição inaugurou uma nova perspectiva para os oprimidos e para as periferias da sociedade. Era necessário que se mantivesse a Esperança pela concretização do sonho na realidade humana. A percepção dessa dimensão utópica e dos seus efeitos na dureza do chão da caminhada é uma necessidade palpável, para as situações difíceis e momentos conturbados da missão de cada dia que é o viver.  O desânimo do cotidiano não pode levar ao acomodamento, ao esmorecimento e ao cansaço na defesa dos ideais do Reino, tão bem disseminado pelos primórdios do movimento de Jesus. A construção do Reino e da nova ralidade, é de responsabilidade de cada um de nós e tod@s, hoje, igualmente, como o foi em relação aos primeiros seguidores e das primevas comunidades.  Devemos ser cuidadores da Esperança, vivendo a expectativa e concretizado no cotidiano aquilo que é possível no âmbito coletivo. Viver este desafio cotidiano é o que nos leva aos limites e a própria superação dos obstáculos no Caminho. Viver na Esperança da Justiça, da Paz e da Igualdade é concretiza-las a cada passo de nossas vidas, através das nossas ações. Não deixemos para o porvir, aquilo que reclama a reparação imediata. O tempo passa, não podemos esmorecer na luta pela materialização dos ideais de um mundo novo, mais próximo da conformidade do Reino que há de vir. Preparemo-nos para viver a espera e caminhar no aguardo do Reino. Ele certamente chegará. A nós caberá  estarmos preparados para recebe-lo, sendo cuidadosos na manutenção da Luz em nossos relacionamentos coletivos e sociais. Devemos cultivar a Esperança viva através de gestos sensíveis, palpáveis e sólidos, tal qual as jovens prudentes que não conheciam o noivo e já havia passado muito tempo desde que este vivera entre os pais delas. Foram cuidadosas e levaram o azeite (gesto concreto) para aguardar a chegada  do noivo (utopia) que inciaria a grande festa da efetivação do sonho coletivo do humano. Sejamos seres concretos e inseridos na modificação da realidade, enquanto aguardamos a chegada e instalação do Reino que é a utopia de tod@s os caminhantes. Levemos esta Esperança para a nossa Vida e a dos irm@s por gestos concretos de transformação da realidade. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


Imagem colhida na internet. Autoria não conhecida.



quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Zelar pela vida é missão.

Quinta-feira da 21ª Semana


A reflexão de hoje nos desperta para a responsabilidade com as dádivas e o zelo pela missão, que recebemos ao longo do Caminho. A questão é abordada em Mateus 24,42-51.

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: 42 “Ficai atentos, porque não sabeis em que dia virá o Senhor! 43 Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. 45 Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? 46 Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar. 47 Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. 48 Mas, se o empregado mau pensar: “Meu Senhor está demorando”, 49 e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; 50 então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. 51 Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.


Somos administradores e cuidadores de um patrimônio imenso que nos foi confiado em Vida. Temos a responsabilidade de viver e de bem cuidar das Graças com as quais fomos aquinhoados. Não as desperdicemos ao longo do Caminho! Aprendamos a reconhecer a Vida, como uma oportunidade de alcançar o conhecimento e de ascensão na trilha evolutiva. Estejamos atentos para não desperdicemos o dom da Vida que consiste no tempo presente. O sentido da existência humana encontra-se no viver bem o presente. Não deitemos fora a Graça que nos foi oportunizada. Certamente, chegará o momento em que passará diante dos nossos olhos e teremos a oportunidade de reflexão a respeito do Caminho trilhado. Faremos muitas perguntas ao examinar o tempo passado. O que fiz da dádiva que me foi confiada? O que fiz das oportunidades que me foram dadas? Como zelei pelo tesouro pelo qual me tornei responsável? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
(Ir. José)


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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

As armadilhas das circunstâncias.

Quarta-feira da 21ª Semana.


A tradição traz até aos nossos dias o relato da execução de João, o Batista, precursor e primo de Jesus. A compilação contida em Marcos 6,17-29, nos mostra as conspirações e articulações palacianas nos círculos do poder da hegemonia dominante.


Naquele tempo, 17 Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18 João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19 Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21 Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23 E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24 Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25 E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26 O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27 Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28 trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29 Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.


A profecia nos leva ao embate com o que é injusto e ilegítimo, pois aí se encontra o indutor da desigualdade social que fomenta os males contra o povo. João Batista estava preso como consequência de seu agir e denúncia contra os poderosos de então, ou seja, representado pelo mandatário e sua corte de asseclas.  A raiz do conflito instalado e que provocou a prisão de João, não era de ordem moral no sentido tão propalado, estava, porém no ângulo da vaidade e do poder que cega o homem e o leva a desejar e realizar aquilo que não é lícito. Ao poder do mandatário não havia limite! Era possuído pela vaidade e pelo ambiente de bajuladores da sua corte. Na realidade era prisioneiro das suas próprias ordenações. Extorquia do povo e era extorquido pelos seus 'sócios' de organização criminosa. Não estavam ao serviço da sociedade e do coletivo, antes porém tinham como único objetivo a satisfação dos seus interesses mais mesquinhos.  É nesse caudal que se encontra o profeta e o agir profético que denuncia e não cala em face do mal, do grave e do injusto. O poderoso rei tinha consciência da justiça e da verdade nas palavras de João e gostava de ouvi-lo. Não foi capaz, porém de admitir publicamente os seus erros e buscar o Caminho da Justiça. Sucumbiu à própria vaidade e fascínio pela ilusão do poder e matou o Justo. A execução de João Batista clamou aos céus, por caracterizar o cometimento livre e consciente de um crime contra uma inocente criatura, profeta e justo diante do Pai. O rei o sabia! Sucumbiu à vaidade e permitiu ser utilizado pelo poder e pelas intrigas palacianas que se serviam do poder em proveito próprio. Reflitamos a respeito da nossa própria vida e da nossa relação com o poder e o coletivo. Como nos portamos no exercício do poder? Qualquer que seja este poder? Sucumbimos a nossa própria vaidade? Temos consciência do nosso agir? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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terça-feira, 28 de agosto de 2018

É preciso estar atento e forte!

Terça-feira da 21ª Semana.


As comunidades registram as dificuldades encontradas nas relações sociais. O conflito trazia uma carga muito grande de dominação, divisão e conflito de interesses. Estamos em Mateus 23,23-26.

Naquele tempo, disse Jesus: 23 Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar isto, sem contudo deixar aquilo. 24 Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo. 25 Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e cobiça. 26 Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por fora fique limpo.

E quanto disso não percebemos nos nossos dias? Os interesses de classe, grupos ou corporações se sobrepondo a justiça, a misericórdia e a fidelidade, valores fundamentais para à evolução humana. Quantos arcabouços não são criados pelos mestres das Leis? Verdadeiras armadilhas apostas ao direito dos mais fracos.  E o que dizer da corrupção que perpassa, dilapida e mata a esperança do povo? Não apenas as grandes corrupções, porém, igualmente, as pequenas corrupções do dia a dia. A corrupção não tem limites, lastreando a sua jornada pela cobiça, espoliação e roubo! O seguidor do Caminho, necessita estar bem atento às armadilhas colocadas pelos enganadores que buscam "roubar" a boa-fé das pessoas. Estejamos atentos para as chamadas alianças de religiosos com o poder político! O Mestre de Nazaré não necessita de bancada política ou de representação parlamentar, se assim o fosse não teria sido executado como malfeitor, extremista ou blasfemador. Não esqueçamos que foi o poder político que matou Jesus, pois viu N'Ele uma ameaça  aos seus intentos perversos. Entre as Igrejas e o Poder, não pode existir casamento. A mensagem do Carpinteiro é do serviço à humanidade. Nunca se viu tantos "religiosos" buscando cadeiras no Parlamento. A mensagem de Nazaré não se liga ao Estado, que deve ser laico para poder acolher todas as confissões religiosas. Não nos esqueçamos que o cristianismo é apenas uma das várias vertentes religiosas da humanidade e deve respeito às demais. Apenas a coexistência e o respeito de todas as formas de culto, umas pelas outras e, ainda, com os não crentes, agnósticos e ateus é que merecerá ser chamada de uma sociedade justa, igualitária e democrática. Não nos deixemos levar pelo canto entorpecedor e moralista daqueles que apenas almejam o poder, utilizando o nome de Jesus e os mais diversos títulos de suas congregações.  São os fariseus cegos que apenas limpam o copo por fora! A situação chegou a tal ponto que a Justiça necessitou disciplinar e proibir o pedido de votos nas igrejas e cultos religiosos, o que se equipara à abuso do poder econômico. Pensemos nas propostas. Pensemos na fidelidade aos direitos do povo. Pensemos em nossas escolhas. Que a paz esteja com tod@s! 





segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Abrir o Reino dos Céus a tod@s.

Segunda-feira da 21ª Semana.



A leitura de hoje nos leva a reflexão da postura profética que o Mestre ensina aos seus seguidores. Aos seguidores não cabe um papel "adocicado", "insipido" ou alienado, em face de uma realidade espúria. Estamos a recordar o episódio guardado pela tradição das primeiras comunidades, compilado em  Mt 23,13-22:

Naquele tempo, disse Jesus: 13"Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais, 14 nem deixais entrar aqueles que o desejam. 15 Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós.  16 Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: 'Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!' 17 Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? 18Vós dizeis também: 'Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!' 19 Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20 Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21 E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. 22 E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado".


O anúncio-denúncia é parte indissociável da pregação de Jesus. A hipocrisia é constantemente combatida pelo seu discurso. A mensagem do Mestre é centrada na possibilidade da abertura do Reino a tod@s os que o buscam de coração sincero, na plenitude do Amor e do Serviço aos irm@s, qualquer um, não importando a condição humana de excluído, marginalizado ou empobrecido. O Amor do Pai a tod@s acolhe, abarca e envolve. É incondicional! É desprovido de preconceito. É inclusivo em todos os seus aspectos.  O Amor do Pai flui pela Terra e dignifica a Criação na sua integralidade. Não há espaços para preconceitos, diferenças ou dissensões. O Reino não é para alguns e não pertence a alguns, porém constitui um bem de tod@s. A comunidade, a assembléia, a ekklesía constitui a instância da celebração, da gestão, da Páscoa dos seguidores e encontro com o Mestre. Reflitamos  o dom de Amor do Pai pela Humanidade, para muito além das nossas limitações. Abramo-nos para a Profecia! Abramos o Reino para tod@s os humanos, sem qualquer distinção de gênero, raça, credo religioso, coloração politica, classe ou orientação sexual. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Não poderia deixar de mencionar estes exemplos de bispos-profetas que abriram as portas do Reino a tod@s, com as suas vidas, com o agir e o exemplo. É festa no céu! Celebremos a nossa gratidão pela bênção em nossas vidas e na vida dos empobrecidos que foi Dom José Maria Pires, que hoje, 27 de agosto, completa-se um ano do seu retorno à Casa do Pai. Nesta mesma data, em 1999, retornou Dom Hélder Câmara; em 2006, Dom Luciano Mendes. Mistérios da Vida e do Amor, foram nesta Terra, consagrados à causa do Reino, bispos-profetas da dignidade humana,  entenderam a radicalidade do compromisso de Jesus com os empobrecidos, marginalizados e excluídos da sociedade. Levaram a Boa Nova a tod@s!


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domingo, 26 de agosto de 2018

Liberdade.

Domingo do 21° Semana.


Tinha algumas pessoas que reclamavam da dureza das palavras, pois o Carpinteiro não colocava 'panos mornos' no seu discurso e no seu agir, que formavam uma unidade. É disso do que trata a leitura de hoje, Jo 6,60-69. E, ainda, registra que muitos desistiram de segui-Lo!


60 muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” 61 Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62 E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63 O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64 Mas entre vós há alguns que não crêem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo. 65 E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66 A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67 Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” 68 Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69 Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.

Assim é o Espírito que sopra a Vida, ao longo da humana existência. O Mestre nos mostra o Caminho, que antes de tudo sempre estará no âmbito das nossas escolhas e no respeito à nossa liberdade. Crer é seguir o Carpinteiro! Quem mais teria Palavras de Vida? E isso nada tem de proselitismo, pois Ele não fundou religião. É do chão da realidade da nossa vida que Ele indica as Palavras de Eternidade! Tod@s somos convidados a sermos Sant@s de D-us e compromissarmos com o Projeto do Reino. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


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sábado, 25 de agosto de 2018

Quem será exaltado?

Sábado da 20ª Semana.



Diante da síntese compilada pela tradição das primeiras comunidades, certamente este trecho causou perplexidade, esperança e alento na luta ao longo do Caminho. Estamos em Mt 23 , 1-12. O lugar da mensagem é o local da denúncia. Não há uma dissociação da realidade. O Carpinteiro, neste cenário fala às multidões e ao círculo de seguidores mais próximos. Não há meias palavras, o Mestre "põe o dedo" na ferida exposta e conscientiza o povo em relação a hegemonia da elite dominante, a qual busca manter o povo escravizado com os seus pesados fardos "legislativos" e interpretações esdrúxulas que apenas beneficiam a uma horda de privilegiados, em detrimento da coletividade e da igualdade de direitos. Não é à toa que o discurso de Jesus é bastante enfático e não deixa dúvidas quanto à situação posta, constitui um anúncio-denúncia com potencial bastante explosivo, por ser carregado de verdade, reconhecendo a autoridade estabelecida e condenando as suas práticas eivadas de descaminhos:

1 Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse:2 “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6 Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7 Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8 Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9 Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é vosso Guia, Cristo. 11 Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12 Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.



Alguma semelhança com a atuação de alguns grupos em nossos dias, verdadeiras "organizações criminosas"? Pensemos! Olhemos ao nosso derredor! Quantos estão denunciados à Justiça! Embalados pelo egoísmo e ambição, levam milhões ao desespero, a fome e a miséria. Sequestrando os direitos fundamentais do povo a educação, a saúde e a moradia. O povo passa fome!!! É o que voltamos a ver no nosso cotidiano com o corte nos programas sociais e o aumento de moradores de rua. Até quando Senhor os poderosos escarnecerão de Vós, através do vosso povo?  Verdadeiras fortunas, em impostos que somam vultosas dívidas, são perdoadas aos ricos e poderosos, enquanto até o salário mínimo, que é ínfimo e não garante as necessidades básicas de sobrevivência, é reduzido. Por qual razão é mais "fácil" tirar dos pobres e despossuídos? Dívidas milionárias não são cobradas aos poderosos e a previdência social é reduzida cada vez mais em todos os  seus benefícios. Economizam às custas dos empobrecidos. A aposentadoria se torna um sonho inatingível para os pobres, para os quais há a necessidade de trabalhar pesado desde a mais tenra idade e não conseguem atingir o limite mínimo de idade para a concessão do benefício; morrem antes ou lá chegam com muita dificuldade e desde há muito sem forças para o desempenho das suas atividades,  que são bastantes pesadas. Aqueles que sucateiam a educação pública, mantêm seus filhos nas escolas privadas e caras destinadas à elite. Aqueles que administram o sistema de saúde, não o utilizam, buscando os seguros e planos de saúde, além de tratamento de médicos e hospitais particulares. Aqueles que fixam o quantum do salário mínimo, não vivem com estes valores, ao contrário, recebem, trinta ou quarenta vezes mais, criando um imenso fosso entre eles e os pobres. Aqueles que se refestelam nos banquetes,  não conhecem os parcos alimentos que chegam à mesa dos pobres e nunca sentiram o espectro da fome e da subnutrição. Aqueles que moram em mansões, verdadeiros palácios, sequer imaginam as agruras pelas quais passam os moradores de rua, de favelas ou de palafitas. O lidar com estas injustiças é o cerne do discurso de Jesus. O Reino representa a luta pela Justiça e Igualdade para tod@s; a Esperança que alimenta os embates pela mudança da realidade; a utopia de que um mundo novo é possível a partir do aqui e do agora. Jesus não fecha os olhos com a situação de injusta e hipocrisia na qual a sociedade está mergulhada. Ele a confronta, não a partir de uma pregação pseudo-moralista, porém da denúncia das injustiças e do anúncio da possibilidade de mudança dessa realidade em conformidade com os valores do Reino: Paz como fruto da Justiça e, a partir daí,  a Igualdade de filhos do Pai Criador. O discurso é bastante claro e não deixa dúvidas ou espaço para tergiversações. E quanto a nós? Como nos colocamos diante da nossa realidade? Como nos posicionamos? Como nos portamos? Qual a nossa prática?  Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Coisas maiores que estas verás!

Sexta-feira da 20ª Semana.



Quando trilhamos no Caminho ao longo vida, no mais das vezes desprezamos ou simplesmente ignoramos, os sinais que nos são dados a cada passo. Estamos em João 1,45-51.


45 Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. 46 Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” 47 Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50 Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51 E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.
Natanael era um homem sincero e sem falsidade e, em assim sendo, expressou todo o seu desprezo em relação ao Mestre, pois a sua origem não o recomendava. Ao nosso humano sentir, somos condicionados por uma sociedade baseada na espoliação do capital e na luta desavergonhada pelo poder, alimentada pela corrupção, que retira o pão, a saúde, a habitação e os diretos mais fundamentais do alcance dos empobrecidos e trabalhadores. Tudo é sacrificado no altar do deus "Mercado". Necessitamos, urgentemente, acreditar na força dos pobres e das periferias da existência humana: nossos iguais. Basta de "salvadores" encomendados à mídia. Já tivemos muitos exemplos ao longo da história, verdadeiros deuses de pés de barro. A história preservada pelas primeiras comunidades de seguidores nos mostra que o Caminho nos aponta do centro para a periferia.  É lá que o Pai fez os seus prodígios: D-us e os profetas que agiram na história, o fizeram em meio aos escravizados, espoliados e injustiçados, trazendo a libertação; o Filho nasceu numa estrebaria em meio aos pobres e num comedouro de animais, na periferia de Belém, subvertendo a ordem estabelecida e deslocando o poder dos reis, que foram ao seu encontro; vale lembrar, ainda, que o Carpinteiro foi criado na longínqua e miserável Nazaré, incrustada numa terra que era berço de inúmeras revoltas e de líderes executados;por fim, o Filho de José, se fez classe na oficina que nada mais era que um "fundo de quintal" ou  "pé de escada", como hoje conhecemos, que abrigava os serviços de um  "faz tudo" ou "biscateiro". Não é à toa que Jesus não desmente Natanael, antes, porém  mostra-lhe o que era de outro modo, para além da tacanha visão da hegemonia  dominante de então. Levemos esta lição para as nossas relações sociais e percebamos quão preconceituosos somos e o quanto vivemos imersos em nossas discriminações, sejam decorrentes da xenofobia, do gênero, da raça, da cor, da sexualidade, de classe, de tudo... e até de torcida de futebol. Precisamos olhar além das divisões que são alimentadas e não têm qualquer sentido para a Criação do Pai, pois todos somos filhos. Em determinado país, um ex-operário chegou a chefe estado, mostrando o seu carisma e a força dos trabalhadores. Lá foi cercado pela vassalagem interesseira de plantão: as velhas oligarquias. Dentro de um sistema extremamente injusto, passou a criar projetos de distribuição de renda e de inclusão social, retirando milhões de pessoas da linha da fome e da miséria,  sendo  elogiados e copiados por vários países. Os excluídos passaram a ter acesso a habitação e educação. Filhos de gari e de faxineira, negros e empobrecidos, passaram a ter ingresso nos cursos superiores, antes frequentados pela elite, que eram públicos e gratuitos, enquanto que para os privados financiou a entrada dos desprovidos financeiros. Fundou universidades, mais do que qualquer outro mandatário. Médicos estrangeiros foram enviados aos confins do país, onde os nacionais não tinham interesse em ir. Farmácias populares foram instituídas e muitos medicamentos foram subsidiados ou distribuídos gratuitamente. Linhas de crédito foram abertas para os pobres e os favelados. Nem tudo era perfeito, todos o sabemos. Com a crise econômica mundial vinda do exterior, os espoliadores e a mídia urdiram  um cânon de ódio aos empobrecidos e direcionaram a determinado partido; arranjaram uma forma de mudar a gerência, colocando as velhas raposas a pastorear o rebanho. E, o resto todos sabem como aconteceu. E, hoje sofrem as consequências. Muitos, não creram nos sinais de uma realidade mais justa e buscaram nas raízes do preconceito, o retrocesso que imaginaram que os garantiriam. Quantas vezes o nosso preconceito cerra os nossos olhos e nos levam à visões distorcidas?  Quantas vezes nos deixamos enganar ou sermos enganados pelo preconceito? A quem serve a nosso preconceito? Pensemos em nossas posições diante dessa realidade. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Um tesouro nos aguarda.

Quinta-feira da 20ª Semana.


O texto de hoje, Mt 13,44-46, torna a nos recordar o valor inestimável, inimaginável e indescritível do Reino. E quantas vezes nos deparamos com este momento em nossas vidas?

44"O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45 O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola".


A Graça do encontro não nos passa desapercebido! Temos de aprender a caminhar atentos pela Vida, sempre despertos e alertas, pois certamente teremos muitas oportunidades para esse encontro de Amor. A vida é uma grande dádiva que nos é dada pelo Pai e, durante este trilhar, somos aquinhoados de muitas jóias e pérolas que irão compor este magnífico tesouro que é a Vida. O Reino representa o Amor do Pai que age em nós e nos conduz segundo o Seu Projeto de Amor. Ao nos deparamos com a imensa fortuna que é a Vida,  percebemos o valor do ser humano que é a obra do Pai. A Graça do encontro, permite-nos viver, no já, no aqui e a partir do agora, o Reino que para tod@s foi preparado. Não há palavra ou valor que  o descreva, apenas através da experiência do sentir e do viver é que nos é possível alcançá-lo. Estejamos atentos para a infinidade de bênçãos, que a cada dia nos deparamos  no Caminho, pois elas compõem o tesouro inextinguível da Vida. A vida é sonho! A vida é dádiva! A vida é alegria! A vida é esperança! Estejamos atentos! Estejamos  agradecidos! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
(Ir. Jacinto)


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Saudades de Dona Lourdes.


Hoje, dia de Santa Rosa de Lima, em plena madrugada, há 25 anos, retornou à Casa do Pai, a minha avó Lourdes. Ela representou uma imensa bênção de amor, uma dádiva inestimável e um sinal da alegria em minha vida. Seguiu o seu Caminho na estrada do Eterno. Tenho a certeza de que não estamos sós, separados ou distantes. Estamos mais unidos do que nunca, na percepção da Graça da Vida, dádiva de Amor do Pai e na Alegria da aventura humana que é o tesouro de viver e de amar. Certamente, mais adiante, nos reencontraremos na estrada da evolução. Nada terá sido perdido, pois cada gota de Amor distribuído não é desperdiçado; o Amor é semeado e produz na proporção de cem por um. Rendo graças ao Pai, pela bênção da oportunidade de ter trilhado parte do Caminho da minha vida, ao lado dela. Exemplo de mulher no cuidar e zelar por aqueles que o Pai lhe confiou. Viveu com alegria e a sua alegria a tod@s contagiou. A sua luz não se extinguiu, pois o seu amor continua a arder em nossos corações e foi se integrar ao Amor que rege o universo. Foi uma luz em nossas vidas e a sua luz jamais se extinguirá, pois emanava da Luz do Pai e para Ele retornou. Até o feliz reencontro, amada avó Lourdes, minha Boinha. Continuo te amando, aplicando os teus ensinamentos, rindo com as tuas lembranças e feliz a recordar, com saudade, do tempo em que trilhamos juntos pela estrada das nossas existências. Foi um tempo inesquecível, que deixou uma saudade danada. O tempo passou rápido! A saudade é que não passa! A bênção minha avó! E a resposta ainda ecoa, em meu coração: "D-us te abençoe e te cubra de felicidade!" Amém!


Quem amamos não morre.

Recordações de Dona Lourdes, no vigésimo ano após o seu retorno à Casa do Pai (23.08.1993).

Quem amamos não morre.

Ela se foi na madrugada...
O sol estava por nascer.
Foi para outras plagas,
Aguardar o amanhecer.

Deixou em nós a saudade.
Este sentimento danado.
Eita sentimento egoísta!
Ai como desejo te ver de novo!

Ela se foi, indo...
Partindo discretamente, devagarinho.
Não deixou o lugar abandonado, não.
Foi-se entrando de vez em nosso coração.

Se a morte é esquecimento,
Não existe, não.
A morte não vence a vida,
Enquanto viva no nosso coração.

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Sentindo saudade.

Recordações de Dona Lourdes, no vigésimo ano após o seu retorno à Casa do Pai (23.08.1993).


Sentindo saudade.


Sentimento é mar,
Não cabe no coração.
Espalhar-se até pela transpiração!

Sentimento pra ser humano,
Precisa de um corpo.
Ver, tocar, sentir de novo.

Sentimento de amor ou saudade.
Quem se importa? Não tem diferença.
Dá uma vontade danada de ver de novo!

Sentimento de saudade,
É pertença do amor...
Quem já não sentiu saudade?

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quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Encontro e diálogo entre o Divino e o Humano.

Quarta-feira da 20ª Semana.
Nossa Senhora Rainha.





A mensagem nos coloca diante do Mistério da D-us que se encarna e intervém na história dos homens. Estamos a falar de um evento extraordinário: o encontro e o diálogo entre o Divino e o Humano, que passa a habitar a Terra. Estamos em Lc 1,26-38. 


26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.



O anúncio feito e a escolha de Maria, nos mostra que a história passa a ser escrita a partir dos pequenos. Havia decorrido seis meses desde o primeiro anúncio, que nos trouxe João Batista. Enquanto este foi um anúncio que ocorreu no Templo de Jerusalém, um lugar central na capital política e religiosa do país, e a um representante da elite sacerdotal responsável pelo culto (Zacarias, esposo de Isabel, a prima já idosa de Maria). Agora, Gabriel, o anjo, desloca-se para a periferia do ‘mundo’. Nazaré nada mais era que uma pequena povoação da Galileia, uma terra desprezada com habitantes vistos com desconfiança e discriminação. É para esse lugar que D-us envia o seu mensageiro, a uma virgem que pela cultura machista era vista como uma mulher sem papel definido na sociedade, pois não procriara. E, ainda, com o complicador de estar prometida a José. Maria efetivamente corria risco. A ação de D-us a favor da humanidade, se por um lado não é previsível, por outro, considera as promessas feitas aos antigos. O novo surge do velho; o velho dá lugar ao novo; da antiga aliança surge a nova aliança. Embora uma nova era na história da salvação estivesse para acontecer, a comunidade  busca demonstrar a continuidade desta história e da ação contínua de D-us em favor da humanidade, levando as antigas promessas ao seu cumprimento. Por isso, apresenta José como descendente de Davi, mostrando que a nova história começa como cumprimento da velha promessa; as duas alianças se unem. Maria, alegrou-se. Alegremo-nos, também nós. É chegado o Emanuel, o D-us em nosso meio. O Senhor está contigo, Maria. Conosco, igualmente Ele está. Maria, recebeu gratuitamente o Amor de D-us. Nós, igualmente somos destinatários deste Amor. Nós não somos merecedores ou virtuosos, porém o Amor de D-us é dom e nós somos os seus filhos muito amados. A Graça de D-us a tudo supera e a nós acolhe. Há uma Missão muito importante para se cumprir e Maria tem pressa: é uma jovem, ainda, solteira, que aceita o desafio de engravidar, num tempo terrível, numa terra ocupada sob o jugo estrangeiro, em meio às situações existenciais mais adversas.  Enfrenta a José, um possível pai, que se mostrou inseguro para aceitar a situação e, ainda, segue para auxiliar a Isabel, durante a gravidez. Certamente, também precisou do apoio de Isabel, mulher que seguramente ajudou-a a compreender a alegria de ser mãe. Prestes a dar à luz, é forçada pelo poder estrangeiro de ocupação, a deslocar-se de Nazaré para Belém, enfrentando uma árdua jornada para atender às exigências de censo, que nada mais era do que uma lei de controle, de exploração econômica e instauração de um regime que servia à morte, com consequências terríveis para aquela terra pobre e periférica.  É neste contexto que nasce um galileu, chamado Jesus, que significa ‘D-us salva’. A partir de agora as religiões não terão mais poder algum, pois as promessas do Antigo Testamento, foram cumpridas a partir dos pequenos e das margens da sociedade, que será essa a principal característica do Reino que está prestes a ser inaugurado, sem cetro, sem coroa, sem dinastia, sem sucessão, sem trono... apenas num comedouro para animais, na mais estrema pobreza e abandono, pois não havia lugar para Ele nas casas de Belém. Maria é protagonista numa sociedade machista, José, coadjuvante. É o tempo novo que se inicia e traz novas relações sociais.  Este Rei não terá sucessores e o seu Reino não terá fim, contrariamente ao reino de Israel que feneceu. A fé de Maria é questionadora. D-us não responde aos questionamentos com o castigo. Devemos primar por uma fé adulta, responsável e perspicaz. Não podemos nos permitir sermos infantilizados pelos ‘mercadores da fé, do sagrado e do divino’ e pelos ‘mecanismos de exploração’.  O agir de D-us agir é surpreendente, ao romper com o patriarcalismo na tradição familiar. A intervenção da figura masculina foi dispensada. Olhemos para a periferia, para os desprezados, para os silenciados. O centro foi deslocado para os que vivem à margem da história e das relações humanas. Estamos diante do limiar de uma nova família e de uma nova sociedade, sejamos construtores de uma nova sociedade marcada pela igualdade de relações e de uma nova realidade mais justa e fraterna, pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s e que nos nossos lares e no nosso mundo percebamos a Graça que a nós chegou e em nosso meio habitou. 

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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Para D-us nada é impossível.

Terça-feira da 20ª Semana.



A tradição trouxe até nós esta bela compilação, de onde podemos haurir três vertentes fundamentais a respeito do agir divino na história: a primeira, que ao Pai nada é impossível; a segundo, que o Reino, não terá fim, pois assim é o Amor, sem medidas ou limites de tempo e espaço; e, a terceira, a predileção pelos simples, humildes e desesperançados. Estamos em Mateus 19,23-30.


23 Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no reino dos Céus. 24 E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. 25 Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26 Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”. 27 Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” 28 Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29 E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna. 30 Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.


O que tinha de especial, destaque ou proeminência,  uma jovem nos confins de Nazaré, naquele fim de mundo? Embora a tradição tenha tentado dar uma ascendência a Maria, que justificasse a sua escolha, na realidade ela teria passada desapercebida na história, tanto quanto uma imensa maioria de seres humanos. O que a destacou? E sua prima, Isabel?  O que esperar de uma mulher já madura, para os padrões da época, que esperara engravidar, por longos vinte anos? E que, justamente, por isso era discriminada! Os olhos da jovem Maria, certamente devem ter brilhado, tanto quanto o espanto tomou de assalto o seu coração. Quem sou eu para merecer tal convite ou predileção?  E, assim, o Mistério da Vida, levou-a à  integrar-se no Projeto do Reino, que começava ali, naquele momento e que não teria fim. Há vida em nossas vidas! É através delas que D-us age e as coisas acontecem. Aparentemente, não temos valor algum para os padrões da prepotência humana, porém somos infinitamente portadores da Graça e alvo do agir e intervir do D-us Pai na história, simplesmente por existirmos sobre a face da Terra. Tod@s, temos um inestimável valor e preciosidade diante D'Ele, estamos N'Ele e com Ele, somos D'Ele! Tenhamos consciência do nosso valor, da nossa força e da nossa capacidade de agir e intervir na história. Somos a concretização da Divina Força e Graça sobre a Terra. O Seu Agir não terá fim! Confiemos N'Ele, confiemos em nós! Confiemos na intervenção D'Ele, confiemos na nossa capacidade de agir e transformar! Confiemos nas bênçãos e promessas D'Ele,  confiemos na profecia que nos alimenta e nos dá a força necessária para acreditar e seguirmos adiante no Caminho. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!  
(Ir. Jacinto) 


Ele nos inspira,  acolhe, orienta e guia. Sejamos mais felizes e dispensadores da Graça que deitou por sobre a Terra o Infinito Amor! Que a paz esteja com tod@s!  

( Ir. Isaac)



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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Desapego.

Segunda-feira da 20ª Semana.



Quantos de nós somos capazes de exercitar o desapego de tudo o que nos prende, nos retém ou comprime em nossas vidas? A leitura de hoje nos traz uma reflexão a respeito do seguimento e do Caminho. Estamos em Mt 19,16-22. Quantos são capazes de largar tudo pela vivência da utopia do Reino, já, aqui e agora? Esta é a radicalidade que foi colocada pelo Mestre àquele jovem que buscava a sua orientação:

16 alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” 17 Jesus respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. 18 O homem perguntou: “Quais mandamentos?” Jesus respondeu: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, 19 honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”. 20 O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?” 21 Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22 Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.



O problema é que ele era muito rico. O seu apego ao status, não permitiu que tangenciasse daquilo que, realmente, era o seu querer ou desejo mais profundo e que consistia num projeto bem próprio para si. Certamente, ele não abriria mão das benesses do seu status social e financeiro, para ir à luta pela Igualdade, Justiça e Paz. A abertura para a percepção dos sinais do Reino em nosso Caminho, pressupõe a disponibilidade para viver a aventura de Amar a humanidade, despindo-nos das nossas idiossincrasias e pondo-nos ao serviço do Eterno e de um Projeto de Redenção da Humanidade. Somos convidados a sermos Sinal da  Esperança que impulsiona homens e mulheres na mudança da realidade e transformação social, à imagem do Reino e do Querer do Pai. O que Jesus propôs ao jovem foi a perfeição do Caminho, nada mais que isso. Vê-se do texto que o Mestre não o condenou, apenas ficou registrada a sua reação, que era de tristeza em não poder corresponder àquilo que lhe era pedido. O jovem foi honesto consigo, com a sociedade e com Jesus. Aprendamos que o Caminho não nos exige mais do que podemos doar de nós mesmos.  Não existem regras, graus ou patamares estabelecidos pelo Mestre, apenas aqueles limites que colocamos a partir das nossas próprias limitações. Jesus carregou a sua Cruz com Amor, e isto deu todo um sentido à sua luta pela Justiça e Paz. Nos deu mais, nos trouxe a Esperança de que ainda é possível fazer algo pela transformação da realidade e pela construção do Reino, aqui é agora. Lembremo-nos que o jovem tinha um desejo ardente e verdadeiro em avançar no Caminho, pois já cumpria a todos os mandamentos, regras básicas de convívio e respeito humano. Queria mais, esse era o seu desejo, porém havia um limite imposto por ele mesmo. E no limiar desse limite, ele parou. Simples assim. Devemos ter a consciência de que a Consagração é uma dádiva dos céus e uma bênção do Pai, para tod@s aquel@s que largam os seus projetos, barcos e redes, que representam o seu querer, para seguir algo bem mais forte; que os tornam mais felizes, cheios de bênçãos, mais realizados e alegres no Caminho, assumindo aquilo que é o querer de Jesus, igualmente, para as suas vidas. É sempre ter a coragem de indagar de si para si: Como Jesus agiria nesta ou naquela situação? E, a partir daí, direcionar o seu próprio agir. O seguimento do Caminho, pressupõe um agir com Amor, por Amor e pelo Amor. E, nada é mais fecundo que o Amor! Cabe a nós, deixar-nos tocar por este sentimento tão profundo, deixá-lo habitar o nosso coração e tornar-se inspirador de nossas ações. Aquele que ama, transborda de si este sentimento e ilumina a humanidade. É capaz de viver e sentir a Vontade do Pai e servir aos irm@s, verdadeiramente,  sem murmurações, lamentos ou arrependimentos. O Amor nos provê da necessária força para viver o Amor! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

(Ir. Pancrácio)


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domingo, 19 de agosto de 2018

Bendita és tu que acreditaste!

Domingo da 20ª Semana,
Assunção de Nossa Senhora.



Hoje o texto compilado nos leva a uma das passagens mais belas e fortes na profecia. Nos fala da visita de Maria, grávida de Jesus,  à sua prima Isabel que estava, igualmente, grávida de João, o Batista. No mostra a disponibilidade existente entre os pobres, que se ajudam e buscam ser solidários, sem medir distâncias. Maria foi ajudar Isabel, por três meses, durante a gestação e o nascimento, pois não havia dinheiro para contratação de empregados, babás ou enfermeiros como o fazem os ricos e poderosos desta Terra. Estamos em Lc 1,39-56. A alegria de Isabel ao encontrar Maria ressoa até hoje, através da história e, por nós, repetidas incontáveis vezes na oração da Ave Maria:


39 Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48 porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49 porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. 51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53 Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54 Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56 Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.

Quanta alegria e reconhecimento da Esperança existiu neste encontro! Qual a causa de tanta alegria? A resposta vem logo após pela boca de uma adolescente de aproximadamente 16, quase 17, anos de idade.  Cheia de sabedoria, como a que brota da experiência que emerge das lutas do povo. A idade poderia ser pouca, porém a história de luta e de resistência na qual estava envolvida, era de longa data. Maria não era frágil, alienada ou "bobinha", se assim o fosse não teria aceito a missão, por acreditar na força do Pai; suportado a missão com amor, por ter construído a consciência  sobre a importância do Reino; e vivido a missão por Esperança, mesmo através da perseguição e da execução de seu Filho amado. Maria, tinha a mesma  força que impulsiona todas as mulheres através da história, por trazerem no seu ventre o mistério da Vida e do Ser. Tantas vezes cantamos o Magnificat, que esquecemos a força e a verdade do seu conteúdo. É um canto forte, que faz estremecer as bases do poder e dominação que escraviza o povo através das suas relações de espoliação e exploração. Transforma a dor em ação e nos impulsiona na luta contra toda a injustiça. Hoje a liturgia da Igreja, celebra no Brasil, a Assunção de Maria, enquanto que em outras partes do mundo foi rememorada no dia 15 de agosto. E por que tanto merecimento? Por que tanta festa? Por que tanta alegria? Justamente, por ter sido ela: uma jovem corajosa, que  através do seu sim, abriu a oportunidade para a Encarnação do Verbo Divino-Amor; uma pessoa consciente da situação política em que vivia, de dominação por ocupação estrangeira aliada aos poderosos de então, a cuja aliança estava submetido o seu povo que era espoliado; uma adolescente grávida, que saiu do aconchego do seu lar, enfrentou os perigos do  caminho e empreendeu a jornada da Galileia à Jerusalém, para servir a Isabel. Maria foi uma pessoa de fé, de coragem, de força e de luta. Nas nossas pelejas por um mundo mais humano, justo e igualitário, nunca nos esqueçamos da força da sua mensagem de Vida que vem do seu cântico:  

49 porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. 51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53 Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54 Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,"

Aprendamos com Maria, que a realização dos prodígios do Pai, igualmente, depende da nossa disponibilidade, da nossa cooperação e da nossa força  em acreditar no Projeto do Reino, para que a humanidade possa evoluir no Caminho da Verdade, da Justiça, da Igualdade e da Paz. Reflitamos qual o papel que desempenhamos na nossa vida em sociedade.  Em que consiste o nosso agir? Qual a causa da nossa alegria? Que a Assunção de Maria, hoje rememorada, nos ajude a rever alguns conceitos necessários em nossa própria história. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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