domingo, 1 de julho de 2018

Quem dizem que Eu sou?

Domingo da 13ª Semana.



As comunidades dos primeiros seguidores guardavam laços profundos com as lideranças que tinham lançado as sementes para a sua origem. Assim é que Pedro, exercia muita influência de Antioquia na Síria; Paulo na Grécia; e, João em algumas comunidades da Ásia. Era de grande importância conservar os ensinamentos do Mestre e, ainda, alargar, espalhar e expandir, para além dos limites culturais do judaísmo e geográficos para além da Palestina. Quanto mais distante de Jerusalém estavam as comunidades, mais libertas estariam dos esquemas políticos e religiosos do poder; e do fermento dos fariseus que representava as sinagogas. Estamos em Mateus 16,13-19.

13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Este texto é conhecido como a Confissão de Pedro, consta nos demais Evangelhos, porém pela tradição compilada em Mateus, guarda mais detalhes. Este texto, ainda, recebe várias interpretações e até antagônicas em várias igrejas cristãs. A questão fundamental é a indagação de como o povo via a Jesus. Em Mateus a resposta já havia sido dada pelos discípulos (Mt 14,33), agora está colocada por Pedro; e, em João (Jo 11,27) é colocado por Marta.  Cuida-se primordialmente de como Jesus era visto pelas comunidades. O Carpinteiro já havia ensinado, realizado sinais; muitos o seguiam pela novidade que trazia, pelo seu jeito de acolher os marginalizados, os discriminados, os excluídos; por interagir e lutar com o povo simples e os empobrecidos. O seu agir era reconhecido, pois alguns o reconheceram como um grande profeta, comparando-o a João Batista, Elias ou Jeremias. Não era suficiente, pois estes representavam o passado, a tradição e o antigo sistema de aliança. O relato busca demonstrar que o Nazareno é o Messias esperado, a realização das antigas promessas, a Esperança anunciada pelo Antigo Testamento, ou seja, o Cristo, a experiência profunda de D-us! O Filho que conosco caminha, revelado aos pequenos e pobres. É um contraponto ao messias guerreiro, poderoso e que iria libertar Israel do jugo opressor dos romanos; constitui-se, ainda, em contraponto ao culto do imperador tão propagado e difundido à época que deveria ser reconhecido como filho da divindade; é a oposição entre o serviço ao povo e o poder exercido pelos dominadores; é, por fim, um contraponto ao culto dos deuses romanos e do culto oferecido pelo Templo de Jerusalém, que representavam a exploração e a morte para o povo simples, oprimido e excluído. O reconhecimento de Jesus como o Cristo e Messias esperado, desloca o culto dos grandes templos suntuosos, alinhados com o poder econômico, para as comunidades que favorecem a liberdade, a vida plena e a partilha. Estas idéias fez ruir o Império Romano, pois os cristãos representavam um risco, um perigo, um desafio ao sistema religioso, político e econômico que explora a sociedade.  Ontem como hoje este é o desafio para tod@s aqueles que pretendem o seguimento de Jesus. A confissão de Pedro aponta para uma Igreja não construída de pedras como os templos romanos e o Templo de Jerusalém, passíveis de destruição, porém na comunhão de fé no Cristo Messias e Libertador. Pedro e Paulo, acabaram executados em Roma, por serem seguidores do Cristo Messias e por aderirem à mensagem do Reino presente no mundo. Pedro e Paulo, representam duas visões de Igreja, a primeira não perde de vista a tradição, a história e o compromisso com a verdade ao longo dos tempos e, a segunda, a capacidade de renovação, de atualização e de deixar-se seguir pela fidelidade à essência da mensagem de Amor, sempre presente nas relações humanas. Pedro e Paulo, cada um a sua maneira, representa a adesão ao Projeto do Reino, revelado por Jesus. Pedro e Paulo, representam a construção de uma Igreja em comunidades que transformam a realidade humana à imagem do Reino.  A alusão ao 'inferno' representa os sistemas de dominação, religiosos ou políticos, que desafiam a concretização do Reino, já aqui e agora, no chão da nossa realidade. As chaves são entregues a comunidade que é responsável por fazer o Reino acontecer, não como uma 'procuração em branco' para agir segundo os próprios interesses,porém para viver as bem-aventuranças e ser responsável pela construção de uma nova realidade humana, à imagem do Reino anunciado por Jesus. Responsabilidade é serviço, não é poder! Esta chave nos abre a porta para viver a experiência do Ressuscitado, a profunda experiência do D-us que habita em nós e em cada ser humano. A nossa experiencia, o nosso agir e o nosso testemunho certamente poderá abrir ou fechar as portas do Reino para alguém. Pensemos no nosso agir. Pensemos nas bem-aventuranças. Pensemos como vivemos a nossa fé no Ressuscitado. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

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