Quarta-feira da 13ª Semana.
As comunidades compilaram a tradição oral a respeito do enfrentamento do mal, por Jesus. Não podemos esquecer que são usadas figuras de linguagem para expressar o sentimento guardado do coração e no inconsciente das pessoas. O que é o mal? Como enfrentar o mal? Como identificar o mal? Estamos em Mateus 8,28-34.
28 quando Jesus chegou à outra margem do lago, na região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos. Eram tão violentos, que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 Eles então gritaram: “Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” 30 Ora, a certa distância deles, estava pastando uma grande manada de porcos. 31 Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”. 32 Jesus disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E logo toda a manada atirou-se monte abaixo para dentro do mar, afogando-se nas águas. 33 Os homens que guardavam os porcos fugiram e, indo até a cidade, contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. 34 Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles.
Talvez por comodismo as pessoas tendem a associar o mal a uma figura mitológica do "demônio" ou do diabo". O texto não trata de "exorcismo", "filme de terror" ou "episódio de seriado hollywoodiano". O relato busca nos mostrar o "mal" que existe nas relações pessoais e sociais. Vemos aí três ambientes: o cemitério, lugar da morte e da não-vida, pois a morte mata a vida; o porco, animal segundo as regras antigas associado a impureza e distante de D-us; e, por fim o mar, lugar desconhecido e desafiador na antiguidade, por onde habitualmente chegavam os navios e os povos invasores. A força do mar não pode ser controlada e, em sua fúria, representa o caos da Criação. Os textos da comunidade de Mateus, geralmente buscam informações no Evangelho de Marcos, o mais antigo, e ainda associa a palavra Legião (Mc 5,9) que representa um destacamento militar do exército de ocupação romano. Roma, portanto encarnava a figura do mal que oprimia, explorava, escravizava, marginalizava, espoliava, torturava e praticava todo tipo de violência contra o povo da região. Esta situação ainda persiste nos nossos dias quando o poder dos grandes potências econômicas e corporações estrangeiras avançam contra a dignidade da Vida nos países periféricos do mundo. O poder do mal é sempre ameaçador e traz a morte. É um poder destruidor que causa medo às pessoas. O mal aliena, retira a liberdade e o autocontrole das pessoas. Diante da presença de Jesus e da mensagem do Reino, o o mal desmorona e se desintegra. O povo do lugar ficou sem os porcos e pediram que Jesus se retirasse. E quanto disso não vemos nos dias de hoje? E quantos preferem a 'impureza', os 'lucros auferidos dos bens materiais' e a 'injustiça'em detrimento da dignidade do ser humano? Planos de saúde com aumentos extorsivos; sistema público de saúde falido; dificuldade apara acesso a medicamentos; fechamento das farmácias populares; dificuldades para acesso dos empobrecidos ao ensino superior; taxa de analfabetismo; liberalização de uso de agrotóxicos; dificuldades para venda de produtos orgânicos em supermercados; venda de estatais do setor de energia elétrica que garantem a distribuição na amazônia às dispersas populações ribeirinhas; venda do pré-sal; avanço do percentual de miseráveis, da fome e dos moradores de rua; aumento dos índices de violência e morte; mortes por crimes de ódios, racismo e homofobia; enfim, um sem números de situações que tiram a dignidade dos seres humanos e favorecem um sistema econômico devastador para os empobrecidos e esquecimento dos princípios fundamentais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade
e quaisquer outras formas de discriminação. Pensemos no mal-social que nos assola. Pensemos nas nossas contribuições para a construção do bem, do bom e do justo. Pensemos no nosso agir. Pesemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.
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