terça-feira, 31 de julho de 2018

O campo é o mundo.

Terça-feira da 17ª Semana.



Existe um lugar histórico e geográfico para o agir do Reino? Como serão reconhecidos os seguidores do Caminho? Como serão reconhecidos os que obstam a concretização do Reino? Creio que o texto compilado que nos é apresentado hoje, busca nos dá a resposta à estas indagações. Estamos falando de Mt 13,36-43. 

36 Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37 Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39 O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40 Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41 O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42 e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça".

O lugar para o agir é o mundo! Os seguidores serão reconhecidos pela prática da justiça, ou seja, os justos! Os que criam obstáculos à concretização do Reino são os que praticam o mal, ou seja, o joio! O conceito de Justiça é fundamental para o Carpinteiro, da mesma forma que o seu aspecto geográfico e temporal, que é o mundo. Não é possível abstrair um conceito do outro, pois as relações sociais e humanas se dão no mundo palpável e concreto da realidade, na qual o ser humano está inserido. As relações humanas e reais são fundamentais! Note-se que não se fala em relação entre o homem e a Divindade, porém entre os humanos é que deverá existir a inclusão baseada na Justiça, um dos pilares da mensagem do Mestre. Justiça entre os homens e mulheres desta Terra, agora! Pensemos nisso.  Que a paz esteja com tod@s!

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sábado, 14 de julho de 2018

Cuidados ao longo do Caminho.

Sábado da 14a Semana.

As comunidades tinham a  necessida de refletir sobre os problemas que enfrentavam e os cuidados que os seguidores deveriam tomar para protegerem-se das  perseguições. Estamos em Mateus 10,24-33.

24 “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares! 26 Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais.
32 Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.

Somos seres humanos muito queridos pelo Pai. O sentimento de pertença à comunidade refletia na condição de dignidade e respeito como filhos do Pai Criador. Esta condição apresentava credenciais únicas aos seguidores diante das pessoas e habitantes de terras distantes. Seriam impulsionados pela Esperança do mundo novo e pela certeza da Justiça, da Paz e da Igualdade. A força da Graça que os guia os encoraja a não ter medo de dizer a verdade. Não ter medo dos que matavam o corpo e acreditar na Providência Divina. Testemunhar a Jesus significa seguir os seus ensinamentos e construir um mundo justo e de Vida Plena para tod@s. Pensemos no nos agir.  Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

sexta-feira, 13 de julho de 2018

O que esperar do Caminho?

Sexta-Feira da 14a Semana.

As comunidades percebiam a realidade na qual estavam inseridas e a hostilidade daqueles que se sentiam ameaçados pela mensagem da novidade do Reino. Estamos em Mateus 10,16-23.

16 “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17 Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas.
18 Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. 19 Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. 20 Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21 O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22 Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem.

A análise da conjuntura das relações das forças que formavam a elite dominadora sociedade na Palestina não era favorável. De  um lado o dinheiro representado pelos sacerdotes do Templo, fariseus, saduceus, os ricos comerciantes e, de outro, o povo formado por agricultores e criadores de cabras e ovelhas. Ainda havia os interesses dos que apoiavam as tropas de ocupação romana em troca de privilégios e que pairava sobre todos os demais. Estes eram os mais temidos, pois apenas defendiam os interesses estrangeiros e deles se locupletavam. Estes todos eram representados pelos lobos. Os seguidores, por degenderem os intetesses do povo que clamava por justiça, paz, igualdade e partilha, eram representados como as ovelhas. E, geralmente, o que ocorre no encontro do lobo com a ovelha? Todos sabem! Esta é a razão pela qual deveriam ter a prudência das serprnte, não o veneno, e a simplicidade das pombas.  Advertiu que seriam levados  tribunais, governadores e reis, não deviam temer pois estavam do lado da verdade e, ainda, com relação a sinagoga, que representava o judaísmo, não seria possível esperar a aceitação da mensagem do Reino, pois o entexism apenas pelo estrito  cumprimento da Lei do Torah e pelos ritos de purificação. A perseguição e as várias formas de delação constituíam uma situação recorrente e deveria ser prevista como represália ao agir dos seguidores em seu cotidiano. Fugi era o único recurso disponivel. Ficar representa a prisão, a morte e o martírio. A Esperança constituía o único sentimento possível, não o medo. Pensemos nisso. Pensemos no nosso agir. Pensemos na nossa realidade.  Que a paz esteja com tod@s!

quinta-feira, 12 de julho de 2018

O Reino está no meio do povo.

Quinta-feira da 14ª Semana.


A comunidade de Mateus busca desvelar a novidade a respeito do Reino, que já esta presente no meio do povo. Estamos em Mateus 10,7-15.


7 “Em vosso caminho, anunciai: “O Reino dos Céus está próximo”. 8 Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! 9 Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; 10 nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento. 11 Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida. 12 Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13 Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. 14 Se alguém não os receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. 15 Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo.

Para as comunidades as quais era dirigida o texto tornava-se de primordial importância o anúncio da novidade trazida por Jesus. Estas comunidades eram compostas por pessoas oriundas do judaísmo, cujos grupos religiosos como os fariseus e os essênios tinham uma compreensão bastante diferente. Para os fariseus o Reino estaria no fiel cumprimento da lei, enquanto que para os essênios estaria na pureza ritual.  A Boa-Nova consiste em que o Reino está no meio do povo, entre os discriminados e excluídos. E isto põe  a estrutura social de "pernas para o ar" ou de "ponta a cabeça". Os sinais do Reino são percebidos através de gestos concretos, nada de palavrório ou discursos exaltados. Curar doentes, leprosos e tantos quantos necessitem de ajuda ou socorro. A morte já não tem a força de antes em face do poder da Vida. Tudo é Graça, que vem gratuitamente e não pode ser vendida ou trocada pelo o que quer que seja. É a prática solidária através das comunidades que fulmina a exclusão social e aponta saídas para os problemas reais dos empobrecidos. Para tanto, nada pode ser levado para o Caminho; nada para acumular, apenas a partilhar os dons. A partilha é a chave para a percepção de um mundo novo. O Reino chegou! E Jesus busca resgatar os valores antigos da solidariedade, igualdade e inclusão social. Ninguém é tão pobre que nada tenha para partilhar. Pensemos em nossas ações. Pensemos em nossa capacidade de incluir. Pensemos na nossa capacidade de acolher. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Os primeiros seguidores.

Quarta-feira da 14ª Semana.


As comunidades guardaram a tradição do chamamento e adesão ao movimento de Jesus, pelos primeiros seguidores. Eram homens tão diversos entre si, porém humanos iguais a nós. A compreensão desse momento nos faz melhor pensar a respeito da nossa própria história e da jornada ao longo do Caminho. Estamos em Mateus 10,1-7.

1 Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos maus e de curar todo tipo de doença e enfermidade. 2 Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. 5 Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! 6 Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7 Em vosso caminho, anunciai: “O Reino dos Céus está próximo!”.


Como seriam estes primeiros seguidores?  O que tinham de tão especial para serem escolhidos?  O que os levaram ao seguimento? Para as duas primeiras indagações é possível a partir dos relatos, da tradição e da conjuntura de então, delinear um quadro de pessoas inseridas no meio social. Não eram ascetas, sacerdotes ou escribas. Eram pessoas simples e do povo. Eram homens iguais a nós, com suas histórias: quedas e virtudes; inquietudes e serenidades; insatisfações e contentamentos; frustrações e alegrias; desesperos e expectativas;  apatias e anseios.  Eram apenas seres humanos, iguais a nós. Não eram modelos de virtude. Pedro, era voluntarioso, estovado, porém igualmente medroso e covarde, pois da mesma forma que agrediu e cortou a orelha de uma pessoa quando da prisão de Jesus, apenas para após o negar por três vezes. Mateus era um cobrador de impostos, homem de reputação duvidosa. Os demais eram pescadores, homens rudes, alguns parentes entre si ou egressos do movimento de João Batista após a sua prisão e execução. D-us nos chama não por nossas virtudes, porém pela nossa humanidade. O Senhor nos desperta para o Divino que habita no ser humano e em nós. D-us nos desperta para o Divino que é o humano criado. O Senhor nos chama para a evolução do humano ser. D-us nos mostra o seu Coração, um Coração querido, um Coração de Homem, um Coração humano; O Senhor nos aproxima do outro humano, com um Coração de pobre, fraterno e solidário; D-us nos chama do jeito que somos, com todas as nossas potencialidades e limitações, para além das nossas capacidades e possibilidades. O que os levaram ao seguimento, encontra-se escondido no recôndito do coração de cada um deles ou em cada um de nós. A única certeza que criaram em si foi a de um coração novo em busca de um mundo novo. Pensemos nisso. Pensemos no coração que temos. Pensemos no coração que buscamos ter. Que a paz esteja com tod@s!


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terça-feira, 10 de julho de 2018

Compaixão: a dor do outro, doendo em nós.

Terça-feira da 14ª Semana.


As comunidades logo perceberam uma enorme desproporção entre as multidões que ansiavam pela boa notícia do Reino e os que se propunham ao seguimento dos passos de Jesus, ao longo do Caminho. Estamos em Mateus 9,32-38.

32 apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. 33 Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. 34 Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. 35 Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36 Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37 “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”

Os fariseus detestavam a pregação do Nazareno, pois eram desnudados pelo fato de não instruírem o povo no Amor do D-us Criador, porém apenas na conformidade dos seus próprios interesses. Aqui temos o relato da cura de um mudo. O que impressiona é o carinho, atenção e acolhimento de Jesus, com as pessoas doentes. Para muito além das regras de pureza, estas pessoas eram discriminadas e hostilizadas. Viviam excluídas e estregues a própria sorte. As doenças eram a manifestação do "mal" representado pelo abandono material e espiritual: o abandono material era proveniente dos pesados impostos da ocupação romana e da manutenção da elite de privilegiados; o espiritual representado por uma religião que ao invés de trazer Esperança e inspirar a busca por uma vida melhor por uma vida mais digna e humana para tod@s, pregava que as doenças e enfermidades eram obra do "demônio" ou castigo de D-us. O povo estava completamente abandonado como ovelhas sem pastor! A reação dos fariseus era de desconfiança e maldosa, vez que Jesus representava um perigo por libertar o povo de uma ideologia e religião que escravizava a mente e entorpecia o coração e o corpo do povo. Em que consistia a grande novidade? D-us nos ama! D-us nos liberta! D-us é nosso Pai! D-us não nos abandona! A atividade de Jesus era incansável e incessante, percorrendo os povoados. Jesus tinha compaixão pela situação em que o povo vivia e buscava aliviar-lhe as dores. Jesus era o Bom Pastor que cuidava do rebanho. Jesus ensinava a por a semente na terra que não seria em vão e a não se preocupar com a colheita. O texto de Mateus era dirigido às comunidades formadas por seguidores oriundos do judaísmo, da Galiléia e da Síria. Era primordial mostrar-lhes que Jesus era o Messias anunciado pelos profestas. A preocupação com a compaixão é fundamental para o Caminho. Pensemos no nosso sentir. Pensemos na nossa capacidade de desenvolvermos a compaixão. Pesemos no nosso agir. Que a paz esteja com tod@s!

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segunda-feira, 9 de julho de 2018

O medo é o oposto da fé...

Segunda-feira da 14ª Semana.



As comunidades de seguidores logo tiveram que descobrir que o oposto do medo não é a coragem, porém a fé. E quanto disso não existe em nossos dias? Estamos Mateus 9,18-26.

18 Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”. 19 Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos. 20 Nisto, uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto. 21 Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no manto dele, ficarei curada”. 22 Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante. 23 Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão alvoroçada, 24 e disse: “Retirai-vos, porque a menina não morreu, mas está dormindo”. E começaram a caçoar dele. 25 Quando a multidão foi afastada, Jesus entrou, tomou a menina pela mão, e ela se levantou. 26 Essa notícia espalhou-se por toda aquela região.

O texto nos mostra duas situações distintas, porém idênticas. Em ambas, temos duas pessoas do gênero feminino: a mulher e a menina. Ambas marcadas pela impureza e pelas regras de segregação. Temos duas situações que afastam da convivência na sociedade de então: o sangue e a morte. A cura trazida por Jesus afasta a necessidade dos rituais de purificação, que custavam o desembolso de dinheiro para o pagamento dos sacrifícios ao Templo. A Graça do Pai é gratuita e traz para o centro da Vida, os marginalizados, os discriminados e os excluídos. A mulher superou o medo, lançou-se em meio à multidão e deu um salto de fé em direção ao Nazareno. O pai da menina, apesar de considerar tudo perdido, foi ao encontro do Nazareno. Certamente buscavam poderes mágicos de cura, porém ao longo da experiência humana não é bem assim que as coisas acontecem. Em ambos os casos nasce uma nova esperança. E é de Esperança e de Fé que estes dois exemplos nos falam. As comunidades viviam acuadas pelo medo da perseguição. Esta novidade vem mostrar-lhes que a história humana é palmilhada pela Esperança e pela Fé num mundo novo. A mulher tinha exaurido todas as suas posses em busca da cura. O homem havia perdido a filha amada. A experiência das comunidades nos mostra que apesar de todas as vicissitudes ao longo da jornada da Vida não podemos perder a Esperança e a Fé. É um desafio para todos nós que buscamos trilhar o Caminho, pois a fé vence o medo. Pensemos na nossa Esperança. Pensemos na nossa Fé. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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domingo, 8 de julho de 2018

Este não é o Filho de Maria?

Domingo da 14ª Semana.


A comunidade compilou o relato de uma visita do Carpinteiro à Nazaré, sua terra natal, após o início da sua missão. Vemos aqui o descrédito, a desconfiança e rejeição em relação aos ensinamentos trazidos por Ele e por seus seguidores. Este relato é muito importante, principalmente, por constar no primeiro dos quatro livros e, ainda, escrito em Roma, muito distante da Palestina. Estamos em 
Marcos 6,1-6.


1 Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2 Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga.Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres realizados por suas mãos? 3 Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. 4 Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. 5 E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6 E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados da redondeza, ensinando.

Este contexto nos leva a indagar se o apego às tradições do passado, aos privilégios e ao status superado, nos leva a uma rejeição dos sinais dos tempos? O medo do novo constrange, embaraça e dificulta as ações nas corporações e na sociedade. A ação de Jesus os deixa perturbados, chocados e aturdidos. Quanto disso não acontece nos nossos dias quando alguém propõe algo novo, diferente ou mais eficiente? Geralmente as reações giram em torno do questionamento do saber, da autoridade, da origem ou dos seus reais "interesses". E a primeira pergunta geralmente será o que a pessoa ganharia com isto ou aquilo. Quando na verdade o que está por trás é o medo de se perder o controle, o poder e a "posição" de mando, não importando que este pseudo-destaque seja da altura de tamborete. Chamam-no de "Filho de Maria" como um modo pejorativo, por desprezá-lo querendo dizer ser filho de mãe solteira, pois na sociedade judaica, até aos nossos dias, os filhos são identificados pelo nome do pai. O correto seria chamá-lo de "Filho de José". Esta seria mais uma situação de discriminação, de preconceito e de exclusão. Pensemos nas nossas ações. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sábado, 7 de julho de 2018

Vinho novo.

Sábado do 13ª Semana.


As comunidades representavam sinal do Reino de D-us e uma nova proposta de sociedade. Não foi fácil a construção dessa nova realidade, pois tornara-se necessária uma "con-versão" à mensagem anunciada por Jesus. Estamos em Mateus 9,14-17.


14 os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15 Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”. 

Os novos tempos anunciados, chocavam-se e questionavam os valores da antiga sociedade. Era uma situação muito difícil que levara à execução do Nazareno. O agir de Jesus escandaliza a antiga ordem estabelecida, representada pelos sacerdotes, fariseus e publicanos que representavam a elite apoiadora da potência-estrangeira de ocupação. Os pecadores, os cobradores de impostos, os doentes, paralítico representavam os alvos preferidos da discriminação, marginalização e exclusão social. A impureza ritual era o pretexto político preferido no discurso que criava "uma cortina de fumaça" para esconder o verdadeiro motivo que eram os privilégios da elite que dominação que obtinha favores e lucros com as forças do império romano. Cuidava-se de um discurso hipócrita que procurava abafar a corrupção  que amealhava fortunas às custas do povo empobrecido e sofredor. Os ensinamentos de Jesus e a práxis, o pensar e o agir em conjunto pelas comunidades representam o vinho e o tecido novos. Os odres e o tecido velho representam a antiga ordem instalada, carcomida e subserviente aos próprios interesses.  Não haveria forma de juntá-los! Às vezes ao longo da nossa vida pessoal, corporativa ou social, chegamos a momentos de ruptura e de busca de novos caminhos. Jesus ensinava com autoridade pois buscava a parir da experiencia concreta da vida humana, nunca a partir de interesses espúrios. Tudo por causa de um grande Amor. Tudo por causa da Verdade. Tudo por causa da Justiça. Tudo por causa da Paz. Pensemos em nossas vidas. Pensemos em nossas escolhas. Pensemos no nosso agir. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sexta-feira, 6 de julho de 2018

Misericórdia, sim! Sacrifício, não!

Sexta-feira da 13ª Semana.


As comunidades buscavam ser um reflexo da ação de Jesus. E como alcançar este agir? Logo perceberam ser um processo de constante "con-versão" à vontade do Pai, expressa no seu Amor e nunca no humano julgamento do falar e do ouvir dizer. Estamos em Mateus 9,9-13.

9 Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa: “Quero misericórdia e não sacrifício”. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.

E quantos de nós vivemos de preconceito em preconceito, de discriminação em discriminação e de exclusão em exclusão, a pretexto de sermos modelos de retidão, de moral e de bons costumes? O julgamento do outro parece até um "lazer preferido". E, ainda, para resgatar uma memória do inconsciente coletivo, criou-se um falso conceito de que o pecado tem de ser lavado pela dor e pelo sacrifício. Quem somos nós para termos o dedo em riste apontando para o outro e esquecendo, que ao fazermos isso, três dedos da mesma mão aponta em nossa direção? Os cobradores de impostos não eram bem-vistos pela sociedade, pois representavam a extorsão da ocupação romana que arrancava-lhes o dinheiro e o sustento, em benefício de uma elite corporativa e aliada às forças de dominação estrangeira. O povo vivia esmagado pelo injusto, pelo ressentimento e pelo ódio. Não é à toa que 'condenaram' a ação do Mestre ao sentar, dialogar e participar da refeição junto com os "cobradores de imposto". Estava na Casa de Mateus, a quem havia chamado, acorreram a esta residência os seus iguais, para ouvir o que o Carpinteiro tinha a dizer-lhes. A história não registra o que ocorreu dentro da moradia, apenas a reação de quem estava do lado de fora e o "julgamento mordaz a partir do preconceito". No mais das vezes emitimos julgamentos a partir de onde colocamos os nossos pés, de onde estamos, de como nos sentimos, sem no entanto, assumir o lugar do outro, numa atitude madura e inteligente. É o que o texto nos mostra: a Misericórdia e o Amor são os eixos nos quais devemos orientar os nossos passos e as lentes através das quais devemos enxergar os outros que encontrarmos ao longo da jornada. Estejamos atentos, pois a Misericórdia não orna com o sacrifício. O chamado do Carpinteiro leva Mateus da escravidão do "deus-dinheiro-poder" para  a liberdade, para o respeito à Vida e para o encontro como os outros, seus irm@s e Filhos do mesmo Pai Criador. Mateus passa, então, a integrar o grupo dos primeiros seguidores. O seguimento do Nazareno não passa pela censura aos outros, porém pela ação inclusiva na sociedade, onde não haverá lugar para preconceito, discriminação ou exclusão. Pensemos nas nossas ações. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!   

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quinta-feira, 5 de julho de 2018

Levanta-te e anda!

Quinta-feira da 13ª Semana.


As comunidades muito refletiram a respeito do agir de Jesus. Eram situações difíceis, pois viviam sob constante ameaça, perseguição e morte. Era necessário olhar para além das palavras. Estamos em Mateus 9,1-8.

1 entrando em um barco, Jesus atravessou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. 2 Apresentaram-lhe, então, um paralítico deitado numa cama. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” 3 Então alguns mestres da Lei pensaram: “Esse homem está blasfemando!” 4 Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? 5 O que é mais fácil, dizer: “Os teus pecados estão perdoados”, ou dizer: “Levanta-te e anda”? 6 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, - disse, então, ao paralítico - “Levanta-te, pega a tua cama e vai para a tua casa”. 7 O paralítico então se levantou, e foi para a sua casa. 8 Vendo isso, a multidão ficou com medo e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.

As pessoas apenas acreditam naquilo que desejam. Jesus tinha sido executado como vítima de uma conspiração sórdida entre os detentores do poder. Os manipuladores de opinião não sujam as mãos, apenas semeiam o veneno ao vento e esperam colher os resultados do mal que foi espalhado. E o que era mais eficaz do que acusá-Lo de toda sorte de mentiras? Blasfemar seria apenas mais uma dessas mentiras, pois justificaria a aplicação da horrenda pena de morte por crucificação e, ainda, alimentaria a mente do povo com desconfiança a respeito de todo o bem que havia realizado. Jesus não era bobo: o perdão dos pecados manifestava a Graça de D-us pela criação e a sua Misericórdia. Os chamados doutores da lei apenas  aguardavam a oportunidade ardilosa e Jesus pressente a armadilha. Faz o bem acontecer de qualquer forma, através de uma cura e manifesta a Graça de D-us. À época, se creditava qualquer malefício, doença ou deficiência à vontade de D-us e a leitura implícita é a de que a pessoa estava nessa situação pela vontade divina: tinha sido marcado para não ser perdido de vista. O paralítico era um marginalizado, discriminado e excluído da sociedade, visto com desconfiança pela sociedade. Um criminoso que merecera o castigo. A cura manifesta a fé mais profundo no D-us da Graça, Misericórdia e Perdão. O D-us da  Vida que nos ama e comunica a Vida Plena pela mensagem de Jesus. Pensemos nas nossas curas diárias. Pensemos no D-us de Amor que se revela a cada dia. Pensemos na Graça e na Misericórdia que nos acompanha ao longo da jornada. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quarta-feira, 4 de julho de 2018

Gadarenos

Quarta-feira da 13ª Semana.


As comunidades compilaram a tradição oral a respeito do enfrentamento do mal, por Jesus. Não podemos esquecer que são usadas figuras de linguagem para expressar o sentimento guardado do coração e no inconsciente das pessoas. O que é o mal? Como enfrentar o mal? Como identificar o mal? Estamos em Mateus 8,28-34.

28 quando Jesus chegou à outra margem do lago, na região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois homens possuídos pelo demônio, saindo dos túmulos. Eram tão violentos, que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 Eles então gritaram: “Que tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?” 30 Ora, a certa distância deles, estava pastando uma grande manada de porcos. 31 Os demônios suplicavam-lhe: “Se nos expulsas, manda-nos para a manada de porcos”. 32 Jesus disse: “Ide”. Os demônios saíram, e foram para os porcos. E logo toda a manada atirou-se monte abaixo para dentro do mar, afogando-se nas águas. 33 Os homens que guardavam os porcos fugiram e, indo até a cidade, contaram tudo, inclusive o caso dos possuídos pelo demônio. 34 Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles.

Talvez por comodismo as pessoas tendem a associar o mal a uma figura mitológica do "demônio" ou do diabo". O texto não trata de "exorcismo", "filme de terror" ou "episódio de seriado hollywoodiano". O relato busca nos mostrar o "mal" que existe nas relações pessoais e sociais. Vemos aí três ambientes: o cemitério, lugar da morte e da não-vida, pois a morte mata a vida; o porco, animal segundo as regras antigas associado a impureza e distante de D-us; e, por fim o mar, lugar desconhecido e desafiador na antiguidade, por onde habitualmente chegavam os navios e os povos invasores. A força do mar não pode ser controlada e, em sua fúria, representa o caos da Criação. Os textos da comunidade de Mateus, geralmente buscam informações  no Evangelho de Marcos, o mais antigo, e ainda associa a palavra Legião (Mc 5,9) que representa um destacamento militar do exército de ocupação romano. Roma, portanto encarnava a figura do mal que oprimia, explorava, escravizava, marginalizava, espoliava, torturava e praticava todo tipo de violência contra o povo da região.  Esta situação ainda persiste nos nossos dias quando o poder dos grandes potências econômicas e corporações estrangeiras avançam contra a dignidade da Vida nos países periféricos do mundo.  O poder do mal é sempre ameaçador e traz a morte. É um poder destruidor que causa medo às pessoas. O mal aliena, retira a liberdade e o autocontrole das pessoas. Diante da presença de Jesus e da mensagem do Reino, o o mal desmorona e se desintegra. O povo do lugar ficou sem os porcos e pediram que Jesus se retirasse. E quanto disso não vemos nos dias de hoje? E quantos preferem a 'impureza', os 'lucros auferidos dos bens materiais' e a 'injustiça'em detrimento da dignidade do ser humano? Planos de saúde com aumentos extorsivos; sistema público de saúde falido; dificuldade apara acesso a medicamentos; fechamento das farmácias populares; dificuldades para acesso dos empobrecidos ao ensino superior; taxa de analfabetismo; liberalização de uso de agrotóxicos; dificuldades para venda de produtos orgânicos em supermercados; venda de estatais do setor de energia elétrica que garantem a distribuição na amazônia às dispersas populações ribeirinhas; venda do pré-sal; avanço do percentual de miseráveis, da fome e dos moradores de rua; aumento dos índices de violência e morte; mortes por crimes de ódios, racismo e homofobia; enfim, um sem números de situações que tiram a dignidade dos seres humanos e favorecem um sistema econômico devastador para os empobrecidos e esquecimento dos princípios fundamentais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.  Pensemos no mal-social que nos assola. Pensemos nas nossas contribuições para a construção do bem, do bom e do justo. Pensemos no nosso agir. Pesemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Sejamos construtores do Reino.

Terça-feira da 13ª Semana.
São Tomé, apóstolo.


A comunidade dos primeiros seguidores estava com medo, acuada e escondida. Este é o cenário proposto pelo texto. Havia dúvidas e dificuldade de aceitação de que o Crucificado estava vivo. Estamos em João 20,24-29.

24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir as marcas dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. 26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. 27 Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”

Tomé estava ausente da comunidade e não vivenciou ou esteve diante do Ressuscitado. A presença do Ressuscitado vem restaurar o que havia sido quebrado com a morte do Crucificado. É uma relação que necessitava ser reconstruída para comunicar a continuidade da Vida, que sempre teima em continuar. Os seguidores precisavam juntar os pedaços e prosseguir no Caminho. Jesus se faz presente na Comunidade!  Jesus continua no meio de nós! As portas podem estar fechadas nas situações mais adversas da jornada humana, porém Ele sempre estará conosco ao longo do Caminho. As marcas da execução Jesus pela morte de Cruz, continua presentes nos nossos dias em nosso povo: injustiça, fome, cassação de direitos, violência, insegurança, discriminação, exclusão e desemprego, dentre todas outras situações que negam a Vida Plena a qualquer vivente. A dúvida de Tomé necessita ser elucidada: o Crucificado é o Ressuscitado? Não há condenação em relação à atitude de Tomé, que é sinal de que havia muita dificuldade na aceitação da Ressurreição. Tomé questiona aquela realidade. Este é o papel ideal para aqueles que desenvolvem a fé no Caminho. O crescimento e as respostas apenas chegam após o questionamento da relações humanas e sociais. A fé que raciocina! A fé que vê o conjunto do amor do D-us que é Pai e Criador, o D-us de Amor! A mensagem de Jesus não nos leva à morte, porém a peregrinar pela Terra, para a  transformação da realidade e a construção do Reino de Justiça, Paz, Igualdade e Partilha dos dons. Feliz aqueles que creram em terem visto! É neste grupo que nos encontramos, pois os que acreditam no Ressuscitado, têm a responsabilidade pela construção de um mundo novo, plural e de relações verdadeiramente humanizadas e justas. Estes são os sinais que nos deixou o Messias. Sejamos construtores do Reino! Pensemos na nossa Esperança. Pensemos nas nossas relações humanas e sociais. Pensemos no nosso caminho e no nosso agir. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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segunda-feira, 2 de julho de 2018

O seguimento de Jesus.

Terça-feira da 13ª Semana.


O seguimento de Jesus foi marcado pelas primeiras comunidades a partir do seu jeito de pensar, agir e viver. Como seria possível segui-Lo? Estamos em  Mateus 8,18-22.

18 vendo uma multidão ao seu redor, Jesus mandou passar para a outra margem do lago. 19 Então um mestre da Lei aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás”. 20 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. 21 Um outro dos discípulos disse a Jesus: “Senhor, permite-me que primeiro eu vá sepultar meu pai”. 22 Mas Jesus lhe respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos”.

Tornara-se claro desde os primórdios do movimento de Jesus, que o seu seguimento não  constituiria uma doutrina ou religião. Antes, porém o seguimento d'Aquela Pessoa pobre entre os empobrecidos e desapegada de tudo o que escraviza ou diminui o ser humano e a Divindade que nele habita. A Vida vem sempre em primeiro lugar! Não é à toa que a tradição guardou estes dois personagens: o mestre da Lei e o candidato ao discipulado. O primeiro estava arraigado aos preceitos antigos que apoiavam a sua maneira de pensar, à antiga tradição e às estruturas de poder que não condiziam com a mensagem do Reino; o segundo, estava apegado às velhas formas de agir e às normas e rituais que regiam o regramento social e religioso. A mensagem do Nazareno era libertadora e livrava a todos das amarras da servidão pessoal, corporativa ou social.  O mundo e as relações humanas nunca mais seriam as mesmas!  A escolhas são feitas ao longo do Caminho, diante de um compromisso de vida e missão assumidos perante a família, a corporação ou a sociedade. O seguimento de Jesus não pode ser reducionista às normas, doutrinas ou corporações religiosas. O agir de Jesus é o mundo e as suas relações pessoais ou sociais. O parâmetro é a prática de Jesus. O desapego consiste em ter um coração acolhedor, livre, liberto de amarras e capaz de amar sem restrições, discriminações ou exclusões.  Para o seguimento de Jesus não é suficiente abster-se do mal, por si, para si ou para os seus, porém guiar sua vida na perspectiva do serviço e da construção de um mundo novo e de novas relações humanas, pautadas pelo bem-comum; é ser um com outros, ter a coragem de colocar-se no lugar dos outros e buscar caminhos para a construção de uma nova realidade e do homem novo. Pensemos para onde guiamos as nossas ações. Pensemos na energia que desprendemos para a construção do novo. Pensemos num coração humano semelhante do Coração Divino. Pensemos nisso. Que a paz este ja com tod@s!

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domingo, 1 de julho de 2018

Quem dizem que Eu sou?

Domingo da 13ª Semana.



As comunidades dos primeiros seguidores guardavam laços profundos com as lideranças que tinham lançado as sementes para a sua origem. Assim é que Pedro, exercia muita influência de Antioquia na Síria; Paulo na Grécia; e, João em algumas comunidades da Ásia. Era de grande importância conservar os ensinamentos do Mestre e, ainda, alargar, espalhar e expandir, para além dos limites culturais do judaísmo e geográficos para além da Palestina. Quanto mais distante de Jerusalém estavam as comunidades, mais libertas estariam dos esquemas políticos e religiosos do poder; e do fermento dos fariseus que representava as sinagogas. Estamos em Mateus 16,13-19.

13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Este texto é conhecido como a Confissão de Pedro, consta nos demais Evangelhos, porém pela tradição compilada em Mateus, guarda mais detalhes. Este texto, ainda, recebe várias interpretações e até antagônicas em várias igrejas cristãs. A questão fundamental é a indagação de como o povo via a Jesus. Em Mateus a resposta já havia sido dada pelos discípulos (Mt 14,33), agora está colocada por Pedro; e, em João (Jo 11,27) é colocado por Marta.  Cuida-se primordialmente de como Jesus era visto pelas comunidades. O Carpinteiro já havia ensinado, realizado sinais; muitos o seguiam pela novidade que trazia, pelo seu jeito de acolher os marginalizados, os discriminados, os excluídos; por interagir e lutar com o povo simples e os empobrecidos. O seu agir era reconhecido, pois alguns o reconheceram como um grande profeta, comparando-o a João Batista, Elias ou Jeremias. Não era suficiente, pois estes representavam o passado, a tradição e o antigo sistema de aliança. O relato busca demonstrar que o Nazareno é o Messias esperado, a realização das antigas promessas, a Esperança anunciada pelo Antigo Testamento, ou seja, o Cristo, a experiência profunda de D-us! O Filho que conosco caminha, revelado aos pequenos e pobres. É um contraponto ao messias guerreiro, poderoso e que iria libertar Israel do jugo opressor dos romanos; constitui-se, ainda, em contraponto ao culto do imperador tão propagado e difundido à época que deveria ser reconhecido como filho da divindade; é a oposição entre o serviço ao povo e o poder exercido pelos dominadores; é, por fim, um contraponto ao culto dos deuses romanos e do culto oferecido pelo Templo de Jerusalém, que representavam a exploração e a morte para o povo simples, oprimido e excluído. O reconhecimento de Jesus como o Cristo e Messias esperado, desloca o culto dos grandes templos suntuosos, alinhados com o poder econômico, para as comunidades que favorecem a liberdade, a vida plena e a partilha. Estas idéias fez ruir o Império Romano, pois os cristãos representavam um risco, um perigo, um desafio ao sistema religioso, político e econômico que explora a sociedade.  Ontem como hoje este é o desafio para tod@s aqueles que pretendem o seguimento de Jesus. A confissão de Pedro aponta para uma Igreja não construída de pedras como os templos romanos e o Templo de Jerusalém, passíveis de destruição, porém na comunhão de fé no Cristo Messias e Libertador. Pedro e Paulo, acabaram executados em Roma, por serem seguidores do Cristo Messias e por aderirem à mensagem do Reino presente no mundo. Pedro e Paulo, representam duas visões de Igreja, a primeira não perde de vista a tradição, a história e o compromisso com a verdade ao longo dos tempos e, a segunda, a capacidade de renovação, de atualização e de deixar-se seguir pela fidelidade à essência da mensagem de Amor, sempre presente nas relações humanas. Pedro e Paulo, cada um a sua maneira, representa a adesão ao Projeto do Reino, revelado por Jesus. Pedro e Paulo, representam a construção de uma Igreja em comunidades que transformam a realidade humana à imagem do Reino.  A alusão ao 'inferno' representa os sistemas de dominação, religiosos ou políticos, que desafiam a concretização do Reino, já aqui e agora, no chão da nossa realidade. As chaves são entregues a comunidade que é responsável por fazer o Reino acontecer, não como uma 'procuração em branco' para agir segundo os próprios interesses,porém para viver as bem-aventuranças e ser responsável pela construção de uma nova realidade humana, à imagem do Reino anunciado por Jesus. Responsabilidade é serviço, não é poder! Esta chave nos abre a porta para viver a experiência do Ressuscitado, a profunda experiência do D-us que habita em nós e em cada ser humano. A nossa experiencia, o nosso agir e o nosso testemunho certamente poderá abrir ou fechar as portas do Reino para alguém. Pensemos no nosso agir. Pensemos nas bem-aventuranças. Pensemos como vivemos a nossa fé no Ressuscitado. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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