Domingo da 10ª Semana.
As comunidades muito sofreram para combater a 'crença dos privilégios', as disputas pela 'precedência de alguns' e para clarear as idéias que deviam ser aplicadas na prática, que apenas favorecessem um mundo de irm@s e um mundo novo. A mensagem de Jesus libertava de muitas amarras que prendiam os homens e mulheres a uma sociedade fundada em esquemas de poder, estratificada num sistema de exploração e de exclusão. A contestação era muito grande, até dentro do seio da sua própria família. Estamos em Marcos 3,20-35.
20 Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. 22 Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23 Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24 Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25 Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26 Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27 Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28 Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29 Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. 30 Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”. 31 Nisso chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32 Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura”. 33 Ele respondeu: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 34 E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35 Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
A multidão seguia o Carpinteiro em razão de n'Ele reencontrar a Esperança à muito perdida. Estava no início do seu ministério na Galiléia, e este episódio se situa após da cura na Sinagoga no sábado dia de sábado, da multidão que crescia no seu entorno em busca de alento para as suas necessidades e da escolha do doze primeiros seguidores, eventos relatados nos versículos precedentes do capitulo três de Marcos. Estava claro que qualquer dos 'esquemas de poder' existentes nas religiões, na sociedade ou na cultura hebraica, não poderiam detê-lo. No texto encontramos de um lado, o embate com os escribas que detinham o poder, pois dominavam a escrita, quando poucos sabiam ler e escrever e, de outro, a família, que representava o núcleo de uma sociedade que guardava muitas características de tribal e de agrícola. A causa do Nazareno era muto difícil, pois se tornara o alvo de falsas acusações e difamações de conotação política pelas autoridades de Jerusalém e, ainda, pela incompreensão e rejeição dos familiares. Jesus não era aceito pelos grupos sociais que viam n'Ele um risco; era 'demonizado' pela cultura do medo daqueles que temiam a perda dos privilégios ou até pela incompreensão da sua mensagem. Toda sorte de malefícios eram a Ele atribuídos e tentavam os seus detratores torná-lo a personificação do mal. A família também se sentia incomodada, pois na sociedade temiam pelos laços parentais com Jesus e de serem constantemente apontados pelas suas ligações parentais, especialmente numa sociedade organizada em pequenas vilas e aldeias aonde todos se conheciam e que eram marcadas por valores culturais como a 'vergonha' e a 'honra'. E quanto disso não persiste nos tempos atuais? As pessoas costumam 'demonizar' aquilo que não conhecem ou em razão de se sentirem acuadas pelo medo, causado pela perda de privilégios. Estes episódios não ocorreram em Nazaré, porém em Cafarnaum, para onde Jesus se retirara afastando-se do seu local de convivência. A mensagem nos mostra que a proposta do Carpinteiro vai muito além dos laços sanguíneos ou de parentesco. O que une as pessoas são os sonhos e as ações, que liga uns aos outros, e que geram a Boa-Notícia do perdão, da reconciliação e da construção de uma nova realidade, fundada na Verdade, na Justiça, na Paz e na Igualdade. Pensemos nos nossos sonhos. Pensemos em nossas ações. Pensemos no que nos une aos demais. Pensemos nisso. Que a Paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.
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