sábado, 30 de junho de 2018

Basta uma palavra.

Sábado da 12ª Semana.


A comunidade de Mateus compilou as reflexões a respeito do agir de Jesus e de como praticava a Lei do Amor, como expressão do D-us Criador e Pai. Estamos em  Mateus 8,5-17.

5 quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6 “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7 Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8 O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9 Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: “Vai”, e ele vai; e a outro: “Vem”, e ele vem; e digo a meu escravo: “Faze isto”, e ele faz”. 10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11 Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12 enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. 13 Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! E seja feito como tu creste”. E, naquela mesma hora, o empregado ficou curado. 14 Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15 Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo. 16 Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com sua palavra, e curou todos os doentes, 17 para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades”. 

O D-us que acolhe, cura e dá a Vida, não fica indiferente às nossas dores, às dores da humanidade. O centurião era um estrangeiro, opressor, autoridade, pagão e capitão de tropas de ocupação. Era algo impensável para aquele momento histórico. A Misericórdia, mostra o rosto solidário de D-us com a dor humana. Note-se que o centurião nada pede a Jesus, apenas descreve a situação-problema e a expressão do Amor de D-us realiza a cura. O centurião não esperava este ato de acolhimento e de tanta generosidade. O militar romano não esperava que Jesus fosse até a sua casa e, para expressar a sua confiança e agradecimento, toma um exemplo de sua experiencia militar. A reação desse comandante estrangeiro expressa a opinião, o respeito e a confiança que o povo nutria pelo Carpinteiro. Jesus não rejeita aqueles que a Ele recorrem e revelam os seus problemas! A mensagem do Reino de Justiça, de Paz e de Amor é para tod@s e não apenas para alguns, sejam eles do oriente ou do ocidente, judeu ou pagão. A mensagem de Jesus não é uma doutrina, uma norma, um ritual ou uma religião. A mensagem de Jesus é uma experiência profunda de D-us que Ama a humanidade e que responde ao coração humano. Este texto foi escrito na segunda metade do século I. A Casa de Pedro representa a comunidade do primeiros seguidores, a Igreja que nasce do povo simples, empobrecido e discriminado. E, assim descreve um fenômeno inovador e revolucionário para uma mulher, quando passam a assumir o papel proativo de diaconisa nas comunidades. A Diaconia nada mais é que os serviços atentos às necessidades dos primeiros cristãos.  E, no final do texto, nos mostra que Jesus cumpre a profecia de Isaías, pois o povo leva até Ele as suas dores e suas expectativas. É interessante o registro de que este fato ocorreu após o cair da tarde. É que a compilação de Mateus, que era dirigida aos seguidores oriundos do judaísmo e muito marcados pelas raízes históricas. Este relato nos mostra que ocorreu num dia de sábado, conforme a origem do relato em Marcos. O povo não poderia carregar os doentes durante o sábado, que terminava quando surgisse a primeira estrela no céu. Era necessário para os destinatários do relato de Mateus, ainda guardar algumas regras, ainda muito arraigados ao passado. O importante é que aprendamos de Jesus, a experiência do profundo Amor de D-us pelo ser humano, não podendo ser confundida por regramento criado a partir dos interesses humanos. O Amor do Pai a tudo supera. O Amor do Pai a tod@s acolhe. O Amor do Pai a tod@s alcança e enlaça, sem julgamentos, sem exceções, sem preconceito, sem discriminação: O Amor que simplesmente Ama. Pensemos no nosso agir. Pensemos na nossa capacidade de amar e acolher. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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sexta-feira, 29 de junho de 2018

A lepra da exclusão social.

Sexta-feira da 12ª Semana.


A comunidade de Mateus não poderia continuar com as antigas leis de exclusão e de segregação religiosa e social. Estas normas eram incompatíveis com do D-us de Amor e a mensagem do Reino anunciados por Jesus. Estamos em Mateus 8,1-4.

1 Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. 2 Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. 3 Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica limpo”. No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. 4 Então Jesus lhe disse: “Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles”.

Na antiguidade a lepra era vista como um flagelo social, causa de repugnância, sofrimento e dor. Na sociedade judaica era vista como castigo de D-us e, o portador, como impuro e pecador. A legislação determinava a sua exclusão da sociedade e a segregação dos portadores em lugar distante e fora do alcance das pessoas. Quem tocasse a um leproso, tornava-se igualmente impuro; acolher e cuidar, nem pensar! Eram agredidos com pedras, perseguidos e tangidos pelo ódio, como iníquos transgressores merecedores da morte. Eram vítimas de incontáveis violências!  O encontro entre o leproso e Jesus, é o encontro entre um discriminado, marginalizado e excluído, de um lado, e de outro, a coragem de questionar o preconceito, o acolhimento de um irm@o e o Amor de D-us. Ao tocar o leproso, Jesus tem a coragem de violar a lei religiosa que é injusta para mostrar que o Amor do Pai é maior do que o preconceito criado pelos homens e mulheres. Não há pureza maior que a do Amor que a tudo cura. Após a efetivação da cura, determina que se apresente perante ao sacerdote para ser examinado e reintegrado à sociedade. O preconceito, a marginalização e a exclusão sempre buscam respaldo na Lei Divina. Jesus toca e cura o leproso para mostrar que é inconcebível e inadmissível a intolerância, o preconceito, a marginalização, a violência e a exclusão  entre os filhos do D-us Pai  e Criador de todos os seres humanos e, principalmente o ato de perpetrá-las em Nome de D-us! O leproso representa todos os marginalizados e excluídos pelas religiões e pela sociedade, e suas normas discriminatórias. Tratamos o outr@ como lepros@, quando discriminamos e excluímos qualquer ser humano em razão do gênero, intergênero, raça, credo religioso, inveja, ambição, sexualidade, cultura, região, de morar na rua ou status social. O ser humano é muito criativo em engendrar múltiplas formas de discriminação e de exclusão e, ainda, como não tem qualquer justificativa ética, moral ou científica, buscam a D-us como fiador da sua hipocrisia, ignorância e preconceito. Pensemos se o nosso agir é acolhedor e inclusivo. Pensemos nas múltiplas formas de discriminação social e na sua ausência de fundamento. Pensemos na Mensagem do Reino que não comporta a violência, marginalização ou a exclusão religiosa e social. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Primado da prática.

Quinta-feira da 12ª Semana.


A comunidade de Mateus formada em sua maioria por seguidores provenientes do judaísmo percebiam a importância de ir além do mero palavrório sem sentido, para levar a mensagem do Reino. Os elaborados rituais litúrgicos, os ritos de purificação pessoais e os discursos que nada acrescentavam em "encontros de nós com nós mesmos", se não houver de fato um compromisso com a transformação. Estamos em  Mateus 7,21-29.

21"Nem todo aquele que me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. 22 Naquele dia, muitos vão me dizer: 'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?' 23 Então eu lhes direi publicamente: 'Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós, que praticais o mal'. 24 Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. 25 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. 26 Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. 27 Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!" 28 Quando Jesus acabou de dizer estas palavras, as multidões ficaram admiradas com seu ensinamento. 29 De fato, ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os mestres da lei.

A casa construída pelos seguidores, numa linguagem metafórica, tem de ser sólida. A mensagem do Reino não é destinada a devaneios, conjecturas, à ambição carreirista ou política dos clérigos, pastores ou missionários. A casa construída tem ser o legítimo serviço ao Reino, a Casa do Pai e o mundo novo querido pelo Carpinteiro. Não adianta ficar clamando pelo Nome do Senhor pelos mais diversos motivos egoístas, patrimonialistas ou proselitistas. O Nome do Senhor é Justiça, Paz, Igualdade, Partilha, Respeito, Direito, Misericórdia, Perdão e Amor! Construir o Reino é fazer a vontade do Pai, que é de tod@s os viventes, da mãe natureza e da mãe Terra. A diferença fundamental consiste entre viver e praticar os ensinamentos, sendo para estes a rocha que alicerça com segurança, enquanto para a turma do "faça o que digo, não faça o que faço", do engodo e da mentira dos que fazem disso "meio-de-vida", "ganha-pão" e de exploração e de extorsão das finanças alheias, é o alicerce de areia. Os ventos, as chuvas e as enchentes representam as dificuldades, adversidades e vicissitudes da jornada dos tempos e da vida, às quais apenas a casa edificada sobre a rocha poderá subsistir e vencer todos os obstáculos. Pensemos nisso. Pensemos no nosso querer. Pensemos no nosso agir. Que a paz esteja com tod@s!

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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Discernimento.

Quarta-feira da 12ª Semana.


Os seguidores guardaram a memória das dificuldades inerentes à vida humana. É necessário, ontem como hoje, discernimento para a confrontação da realidade a partir da mensagem de Jesus. Mateus escrevia para as comunidades que emergiram da cultura judaica. A demora, a lentidão e o que tornara-se impossível o aprendizado da mensagem do Reino e das suas relações com o mundo. Estamos em Mateus 7,15-20.

15 "Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16 Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17 Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. 18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. 19 Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis".

O processo do conhecimento humano acumulado e a sua evolução demandam um notório esforço de percepção das contradições existentes em nós, no outro e no mundo. Não foi diferente com as primeiras comunidades de seguidores. Jesus ensinava muitas lições. A mensagem transmitida, N'Ele estava ligada aos seus gestos e ao seu agir, sendo muito própria a sua pessoa. Nestes ensinamentos transparecia a bondade e o Amor. Naquele tempo existiam vários movimentos que tentavam conquistar o povo para a sua causa: os essênios, os fariseus, os zelotes, dentre outros. A realidade humana, impregnada de interesses pessoais ou corporativos levam as pessoas a rotularem de falso, àqueles que proclamam a verdade que incomoda. Jesus foi vítima disso! Hoje a mídia monopolista tem a capacidade ampliada de demonizar as pessoas que se opõem aos seus interesses, igualmente na Igreja em vários episódios. Não há convergência de interesses entre o lobo ávido e ambicioso que devora, e a ovelha tranquila e que não gosta da violência.  Para ajudar os seguidores a fazerem a distinção, a separação ou a escolha,  o texto aponta para o singular exemplo da árvore e dos seus frutos. Não poderá uma árvore má, produzir bons frutos, de igual forma que um espinheiro não produz uvas. O seguidor não pode ser bobo e deixar-se levar pelas falsas aparências, que induzem a uma falsa compreensão da realidade. O seguidor deve estar atento às ciladas do tempo moderno, que discrimina, que encarcera e de que distorce a verdade dos fatos. Pensemos em alargar a nossa compreensão da conjuntura do tempo presente. Pesemos em buscar as causas da propaganda enganosa divulgada pela mídia. Pensemos que em tempos de Copa do Mundo, com comentários de repórteres que mais parecem 'lideres de torcida' numa mídia que procura nos infantilizar, nos entorpecer e nos afastar do discernimento da verdade. Pensemos que a 'ideologia do futebol', nos afasta das necessidades da educação, saúde, transporte, vida digna, cidadania, previdência social, e tantos outros temas importantes para a sociedade em vésperas de eleições. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!   

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terça-feira, 26 de junho de 2018

O difícil caminho que leva à vida!

Terça-feira da 12ª Semana.


As comunidades logo descobriram que o seguimento do Caminho, não era feito para as pessoas acomodadas e medíocres. O seguimento de Jesus nos questiona a todo momento. Qual a nossa relação com a crença no D-us Pai? Qual a nossa relação com a realidade? Qual a nossa relação com a sociedade? Estamos em Mateus 7,6.12-14.

6 “Não deis aos cães as coisas santas, nem atireis vossas pérolas aos porcos; para que eles não as pisem com os pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem. 12 Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas. 13 Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele! 14 Como é estreita a porta e apertado o caminho que leva à vida! E são poucos os que o encontram”!

As comparações do texto são bastante duras. Os cães eram alimentados à época, com as sobras e os restos de comida e, por conseguinte, não tinham a sua fome saciada. Na cultura antiga os cães não eram valorizados, por serem considerados  animais selvagens, vadios e das ruas. A advertência é no sentido que as 'coisas sagradas', portanto aquilo que é próprio ao culto, como por exemplo a carne destinada ao sacrifício no Templo, não poderia ser desperdiçada ou jogada fora. De igual forma as pérolas que eram  puras e valiosas não poderiam ser dadas aos porcos, que na cultura judaica era considerado o animal mais impuro e impróprio para o consumo. Se por um lado, não se dava alimentos aos cães, pois diante da fome poderiam atacar o benfeitor, muito menos dispor da carne consagrada ao sacrifício, por outro lado não poderiam dispor da pureza dos ensinamentos e da sabedoria transmitida a partir da Torah, para utiliza-los ao seu bel-prazer. A pureza dos ensinamentos do Reino, a pérola, não poderia ser manipulada como o fazem os mercenários da fé e do dinheiro.  Jesus convida os seguidores a fazerem a escolha do Caminho. O Caminho é difícil e exigente, pois conduz a plenitude da Vida. A 'porta estreita' e a 'porta larga' representam metas diferentes e conflitantes como a existência humana. A escolha da via estreita nos mostra a restrição aos ensinamentos do Mestre de Nazaré, fundado na Justiça, na Paz e na Igualdade. A escolha da via larga leva à perdição, pois está subordinada às conveniências do poder, do dinheiro e da subserviência aos interesses mais diversos. São formas diferentes de viver. A liberdade humana é plena, criadora de hipóteses e soluções, porém marcada pelo egoísmo e incompreensão do amor. As múltiplas escolhas durante a jornada da nossa existência, cabe unicamente a cada um de nós. O ato de viver é desafiador! O caminho é longo! Qual o alimento para a nossa jornada? O que é realmente importante para a nossa vida? Qual o chão que escolhemos para pisar e aonde desejamos chegar? Das nossas escolhas é que emergirão os horizontes que iremos descortinar ao longo da nossa existência, sem qualquer tipo de julgamento ou juízo de condenação, que escravizem, que oprima ou que imobilize, a nós ou aos outros. A Vida é uma torrente contínua de ações e reações; não podemos inviabiliza-la, a nós ou aos outros. Saibamos bem empreender a nossa jornada. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Para onde apontamos o dedo?

Segunda-feira da 12ª Semana.

A comunidade de Mateus, composta em sua maioria por judeus convertidos, encontrava dificuldades em lidar com os ranços históricos que tinham raízes no farisaísmo, para um a melhor compreensão  da mensagem de Jesus. A formalidade e a matriz de interpretação tinham sido modificadas para sempre. As comunidades não mais poderiam viver de aparências, do cumprimentos de ritos normativos ou do "faz de conta". Estamos em Mateus 7,1-5.

1 “Não julgueis e não sereis julgados. 2 Pois, vós sereis julgados com o mesmo julgamento com que julgardes; e sereis medidos, com a mesma medida com que medirdes.  3 Por que observas o cisco no olho do teu irmão, e não prestas atenção à trave que está no teu próprio olho? 4 Ou, como podes dizer a teu irmão: “Deixa-me tirar o cisco do teu olho", quando tu mesmo tens uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu próprio olho e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”.

A convivência em comunidade tinha como valor essencial a busca da verdade e da justiça.  Constituía um Caminho para a transformação da própria realidade em novos critérios de amor. Não mais haveria fórmulas ou rituais que garantissem seu o cumprimento. A vida simples daquele povo passaria por uma radical transformação. Não mais importava nas relações sociais a 'falsa segurança' de um trilhar já 'pré-determinado', o Caminho seria construído a partir da experiência da jornada que já fora empreendida.  O caminho tornara-se mais desafiador, pois estava baseado na construção de uma nova realidade. Não julgar. Como é fácil emitir conceitos pré-estabelecidos em relação ao outro! Cuspir regras! Criar dificuldades! Agora a mesma medida com a qual medirmos o outro é a que seremos medidos! A misericórdia que desejamos para nós, deverá ser a mesma com a qual deveremos olhar para o agir do outro. E como o ser humano tem a capacidade de ver quando olha o outro? Vê-se primeiro os defeitos ou algo que for conveniente para condenar, para denegrir, para discriminar ou para excluir.  As comunidades não poderiam tornar-se um 'clube de sócios melhores que os demais ou de pessoas que  estariam a salvo', muito pelo contrário: seriam lugar de vida,  de acolhida e de esperança de novas oportunidades  de relações sociais.  As comunidades representavam a possibilidade de viver na existência  humana o Reino anunciado. Para isto torna-se necessário a construção do homem novo, que partiria  não de fora para dentro, porém da sincera 'con-versão' do pensar, do falar e do agir, na conformidade do mesmo pensar, falar e agir de Jesus. A pergunta básica para a intervenção pessoal no mundo passara a ser: Como Jesus agiria nesta ou naquela situação? E esta conclusão viria a ser aplicada à minha ação e não a do outro. Basta de apontar o dedo na direção do irmão, da comunidade ou do mundo! Passemos a apontar o dedo para nós mesmos e a nos responsabilizamos pela construção do mundo novo! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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domingo, 24 de junho de 2018

O novo começo.

Domingo da 12ª Semana
Nascimento de João Batista.


As primeiras comunidades guardaram a tradição dos relatos do nascimento de dois meninos, o primeiro, João Batista e, o segundo, Jesus, que eram primos, mudariam a face da Terra e confirmariam o início do cumprimento das promessas de D-us. O primeiro, João Batista, anuncia a vinda do segundo, Jesus, o D-us que se fez Gente como nós e assumiu a nossa condição humana. Estes relatos representam um novo começo para a humanidade, sendo descritos nos dois primeiros capítulos do Evangelho de Lucas. Estamos em Lucas 1,57-66.80.


57 Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe, porém disse: “Não! Ele vai chamar-se João”. 61 Os outros disseram: “Não existe nenhum parente teu com esse nome!” 62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. E todos ficaram admirados. 64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judeia. 66 E todos os que ouviam a notícia ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele. 80 E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel.

Na tradição das antigas comunidades, João Batista é o único santo profeta de D-us, que é celebrado em dois momentos: o primeiro, em 24 de junho, seis meses antes do Natal do Senhor e, o segundo em 29 de agosto, rememora a sua execução e morte violenta, tal qual ocorreria com Jesus. É depois da execução de João Batista que o movimento de Jesus toma folego, representando o surgimento de uma nova aliança e de uma nova oportunidade para humanidade, após o exaurimento do antigo pacto ou antiga aliança representada pela lei mosaica. Em João Batista, a voz que clamou no deserto, está representada a figura do último profeta que anunciou a vinda do D-us Encarnado, do D-us feito Gente e do Messias esperado. Isabel e Zacarias eram discriminados, pois ao cabo de vinte anos de casamento, ainda não tinham gerado filhos. Dizia-se que ela seria 'estéril', porém mostra-nos apenas que tudo na Terra tem o seu momento e que a Graça tem o seu tempo. Isabel escondeu durante cinco meses a sua gravidez, por vergonha, por temor ou até por acreditar que devido a sua idade não poderia chegar até o final da gestação. O ambiente em que viviam Isabel e Maria, era o de comunidades solidárias, preocupadas com o bem comum e com o bem-estar das pessoas. Tanto que Maria se desloca do norte, da longínqua, paupérrima e discriminada Nazaré da Galileia, distante mais de cem quilômetros de Ain Karem, um povoado na região serrana da Judéia, para auxiliar a Isabel, durante o período mais difícil da gravidez. João Batista e Jesus nasceram neste ambiente comunitário de partilha, de mútuo-auxílio e de cuidado com as pessoas. É justamente o que nos falta nos dias atuais, quando o individualismo, a competição e a ausência de compaixão é retratada todos os dias nas manchetes dos jornais que mostram a indiferença social. Quiseram dar o nome de Zacarias à criança que acabara de nascer, pois este nome tem o significado de "D-us se lembrou", que era o mesmo nome do pai. A estrutura e as relações sociais das comunidades favoreciam a participação intensa dos parentes e amigos que opinavam nas decisões mais importantes da vida comunitária. E a escolha do nome que carregaria uma criança que tinha todo um significado social, era uma delas. Isabel, não concorda com as sugestões dos parentes e escolhe para o seu filho o nome de João. Este nome estava fora da tradição local e Isabel agira fora do seu lugar social ao contestar a 'sugestão-decisão' dos parentes, leia-se dos homens da família. Não podemos esquecer o machismo, a misoginia e a condição social da mulher à época. Esta condição ainda permanece no nossa sociedade que apresenta altos índices de violência contra a mulher e de feminicídios. Zacarias movido pela discussão, pelo conflito e pelo problema que havia sido instalado e ante o risco de não acatarem a vontade de Isabel, movido pela pressão e emoção do momento, volta a falar e confirma que o nome do menino será João. Estes fatos não são relatos históricos, porém constituem a tradição compilada a partir da narrativa realizada com os "olhos da fé" pelas primeiras comunidades. Até os dias atuais o nosso povo tem o costume de passar em revista os acontecimentos do passado e narrá-los com uma visão não-histórica, porém a partir da sua memória afetiva que empresta uma nova coloração aos fatos. Esta versão representa aquilo que acredita ser realmente importante lembrar e guardar para o resto da sua vida. A notícia se espalha pela Judéia! É bem característico este tipo de narrativa, guardada apenas para aqueles personagens que teriam um papel histórico muito importante e que seriam reconhecidos como um 'heróis do povo', defensores dos seus direitos e profetas de D-us. Encontramos narrativas semelhantes em estilo quando nos é relatada a infância de Moisés (Ex 2, 1-10), Sansão (Jz 13, 1-4 e 13, 24-25) e Samuel 1Sm 1,13-28 e 2,11), pessoas iguais a todos os humanos, que tiveram um agir diferenciado ao assumiram uma missão, um papel social importante para a organização do povo e para a construção de uma nova realidade. Representam a busca de um mundo novo, conforme um projeto evolutivo mais conforme a Justiça do Pai. Quem não lembra dos relatos referentes ao Padre Cícero do Juazeiro, ao Padre Ibiapina ou os fioretti (florezinhas) pequenas estórias contadas a repeito de São Francisco, tradição oral dos seus seguidores e que foram compiladas em escritos apenas no século XIV. João Batista é a manifestação das maravilhas de D-us; representa o anúncio de um novo tempo da história, da vinda D'Aquele que é maior que todos os profetas;  o maior dentre os nascidos de mulher e  precursor de Jesus. João Batista nos ensina a 'cortar pela raiz os males' que afligem as relações sociais; nos ensina a não sermos violentos; nos ensina a partilhar os bens; nos ensina a preparar o caminho da justiça e aplainar as diferenças; nos ensina a pagar o salário justo;  nos ensina que o realmente importa é Jesus, o servo sofredor; nos ensina a não ter medo de proclamar a verdade diante das autoridades; e nos ensina a não ter medo de proclamar o que é bom e justo para as relações socais. Acendeu-se uma luz em Ain Karem, no alto da serra, para anunciar a Luz que viria ao mundo e que seria o Messias esperado em Jesus. Daí a tradição das fogueiras na véspera do dia de São João Batista, que celebra a colheita e o inverno, herdadas da migração do norte de Portugal para as regiões do Nordeste do Brasil. E quanto a nós? O que pensamos de João Batista? Pensemos no nosso agir, tantas vezes acovardados diante da injustiça, das infidelidades, da mentira e do 'faz de conta' na sociedade. Pensemos no que representa o profetismo em nossos dias. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sábado, 23 de junho de 2018

Relacionamento com os bens, o consumo e a Vida.

Sábado da 11ª Semana.


As comunidades elaboraram e reelaboraram as perspectivas de vida e o trato com os bens materiais e o dinheiro. Se a mensagem do Nazareno propunha um mundo novo, mais justo, fraterno e humano, isto influenciaria o relacionamento em família e na sociedade? A mensagem de Jesus não poderia deixar de guiar o agir dos seguidores. Estamos em Mateus 6,24-34.


24"Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. 25 Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? 26 Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? 27 Quem de nós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? 28 E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29 Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé? 31 Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que vamos comer? Que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32 Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. 33 Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34 Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas".



O que é mais importante: o nosso relacionamento com o dinheiro ou o acreditar na mensagem do Reino, pondo-a em prática de acordo com a vontade do Pai? É possível acreditar no zelo da Providência pela existência humana? O que vem em primeiro lugar? Dessa escolha dependerá a compreensão da extensão da proposta do Reino anunciado por Jesus. Em nossa sociedade existe uma preocupação demasiada com os padrões propostos pela mídia consumista, que valoriza o supérfluo como ápice da ascensão social e da disputa pela aquisição de bens de consumo como símbolo e ostentação do 'poder'. A crítica contida na parábola das flores e dos passarinhos é certeira e profunda. Quantos milhões de cifras, se desperdiça com as propagandas de grife de roupas que inflaciona o preço e provoca disputa para o consumo? Quando o corpo é mais importante que o vestir? Quantos milhões são desperdiçados, de igual maneira e objetivo com os alimentos e as bebidas, dando-lhes o verniz de raridade que apenas podem ser consumidas por poucos privilegiados? Quando a Vida é importante que estes tipos de alimentação? E milhões passam fome sem ter o mínimo necessário para sobreviver! O sistema é pecaminoso, pois obriga os pobres a trabalharem exaustivamente e serem muito mal remunerados, para conseguir satisfazer as suas necessidades básicas com alimentos e vestuário, enquanto que uma minoria de pessoas ricas concentram a fortuna, têm uma ânsia de consumo desenfreado, que não deixa tempo ou espaço para o cuidado com as pessoas. O sistema neoliberal impede a vivência do Reino, pois a vida é muito mais importante que o consumo. O dinheiro que gera corrupção, injustiça e empobrecidos! O dinheiro que devasta a natureza para gerar acumulação! A busca do ideal do Reino para os vivos pressupõe a luta pela Justiça, pela Paz e pela Igualdade, que permita o acesso das pessoas às necessidades básicas como alimentação, vestuário, saúde, educação, previdência social, lazer e transporte. A fé em Jesus nos ensina a gratuidade da Vida e compartilha a idéia do D-us Pai que de tod@s cuida e protege. O D-us que gera a Vida e a fraternidade como proposta de um mundo novo, solidário e esperançoso de uma nova sociedade. A busca pelo Reino e a sua importância em nossa vida, afasta o consumismo e a vontade de acumular. Traz-nos uma nova compreensão a repeito do amanhã. O Reino nada mais é que a possibilidade de uma convivência fraterna, uma comunidade solidária e a existência da partilha em oposição à acumulação; a crença no D-us Pai que faz de nós irmãs e irmãos; mostra-nos que saída concreta para a sobrevivência dos empobrecidos está na solidariedade e organização; a busca de uma convivência mais justa e fraterna, que afaste a fome, a violência, a doença e a dor. Por estas razões o Reino se inicia aqui na terra dos viventes. O nosso D-us é o D-us da Vida e não dos mortos. Busquemos a Vida Plena anunciada por Jesus, já aqui na Terra, pois é o D-us Encarnado, que se fez Gente e assumiu a nossa humanidade. Não podemos descolar a compreensão da mensagem Evangelho da realidade na qual vivemos imersos; da busca de soluções para os empobrecidos, os preferidos de D-us, em razão das situações de extrema injustiça social à qual estão submetidos. Não há como separar a mensagem de Justiça contida no Evangelho e da construção de um mundo novo, do coração das crianças que foram separadas  dos seus pais e enjauladas por uma política de segregação neo-liberal no norte deste continente ou da morte por tiro do adolescente Marcos Vinícius, estudante que com fardamento escolar se dirigia para as aulas na Favela da Maré. Estes são exemplos recentes que representam a luta dos empobrecidos pelo direito à Vida contra a morte e a violência às quais são submetidos. Eles clamam por Justiça! E este clamor chega ao Coração de D-us! Pensemos no nosso agir. Pensemos nas nossas responsabilidades sociais. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sexta-feira, 22 de junho de 2018

O que buscamos na Vida?

Sexta-feira da 11ª Semana.


As comunidades de Mateus eram formadas por pessoas de 'carne e osso', encarnadas e humanas; mulheres e homens que estavam a Caminho, porém ainda longe da perfeição. Estamos em Mateus 6,19-23.

19 "Não junteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e os ladrões assaltam e roubam. 20 Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça e a ferrugem destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. 21 Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 22 O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho é sadio, todo o teu corpo ficará iluminado. 23 Se o teu olho está doente, todo o corpo ficará na escuridão. Ora, se a luz que existe em ti é escuridão, como será grande a escuridão".


O texto é denso, forte e direto. Não deixa dúvidas de que é direcionado a dois flagelos da humanidade que são a ganância e a acumulação de bens. A ambição humana pelos bens materiais e pelo capital é motivadora da existência de inúmeras pessoas.  E para quê? Qual o sentido da vida para esta gente? O Carpinteiro ensinou o despojamento, o equilíbrio e a partilha de bens, portanto o caminho inverso à acumulação. A Vida é o bem supremo! E tod@s os caminhos passam pela Justiça, pela Paz, pelo respeito aos direitos a uma existência digna dos seres humanos. Qual o sentido da nossa vida? Qual a direção do nosso querer? Qual a direção do nosso agir?  Existe uma estória infantil lastimável que nos fala de um personagem ganancioso, que só pensa em dinheiro, acumular riquezas num cofre e, literalmente, 'banhar-se' com os seus bens? Desde a infância aprendemos o que é ser avarento, egoísta e solitário. Esta é a mensagem que nos passa este protagonista. Qual o seu legado?  Por outro lado, um cântico  popular nos relata a estória de um homem que guardou toda a fortuna num armazém e contratou seguranças. Pensou que tudo estava seguro e na mesma noite morreu. Levaram o seu corpo ao túmulo e ficou tudo o que lhe pertencia. E agora? Benção não é dinheiro!Benção é Vida que nos faz viver! Benção é poder fazer o bem! Ganância não é vida! Acumulação não é vida! Egoísmo não é vida! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 21 de junho de 2018

A melhor oração.

Quinta-feira da 11ª Semana.


As comunidades de seguidores partilhavam a vida nas orações. Era o chão da caminhada que dava sustento à vida de oração. Não se perdiam em ritos, fórmulas, em cultos barulhentos ou pomposos. A vida era simples e a oração se dirigia para as suas necessidades diárias. Era uma oração dos vivos. Estamos em Mateus 6,7-15.

7 "Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8 Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9 Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12 Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.14 De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15 Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes".


Qual a melhor oração? Certamente aquela que sai do nosso coração diretamente para o Coração de D-us. Oração é a que fala de um coração ao outro, a partir da realidade na qual estamos inseridos: alegrias, aflições ou necessidades, tudo o que é próprio da vida. O que é básico para a convivência humana, passa pela compreensão de um D-us que é Pai de tod@s e de toda a humanidade, não apenas meu, porém nosso, o Pai Nosso. A santificação do Nome de D-us, passa pelo respeito humano a todas as mulheres e homens e pela obra da criação para o nosso bem e para o bem da humanidade. O Reino de Justiça, Paz e Igualdade que tod@s desejamos que venha a nós os viventes e já ocorra aqui na Terra. Que seja feita a vontade do D-us Pai que é o bem de tod@s  e não a dos homens que manipulam, distorcem, exploram, discriminam e lutam as suas guerras na defesa dos seus próprios interesses. O pão é sinal de partilha, da dignidade e do alimento em todas mesas. É um não à fome! É um não à falta de aceso à saúde! É um não à ausência de aceso a educação! É um não ao egoísmo! É um não a tudo o que nos separa da mesa da fraternidade e solidariedade dos filh@s mesmo Pai Criador. A prática do perdão é fundamental para o Caminho, pois afasta a vingança que dilacera a existência humana e corrói toda a criatura. Livrai-nos do mal que  a tod@s assola: violência, morte, peste, guerra, opressão, discriminação, exploração, ignorância, ambição, analfabetismo ou injustiça.  Enfim, todos os tipos de males que obstam a felicidade, o bem e a liberdade dos homens e mulheres aqui na Terra. Quem não gosta de receber o perdão? É necessário, porém aprender a da-lo.  Não adianta receber o perdão, que é uma Graça do Pai, sem que igualmente estejamos dispostos a concede-lo. Tudo é Graça e provém da gratuidade do Amor do Pai; nós não podemos retê-la ou nega-la aos nossos semelhantes humanos-encarnados que caminham conosco pela Vida. Não há lugar para o egoísmo e as diferenças nesse Caminho. Pensemos nisso.  Pensemos na nossa capacidade de viver a oração do Pai Nosso. Pensemos na nossa capacidade de perdoar e não apenas de desejar o nosso perdão. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quarta-feira, 20 de junho de 2018

Prática sincera.

Quarta-feira da 11ª Semana.


A comunidade de Mateus necessitava melhor compreender e profundidade da mensagem do Nazareno. Não é fácil superarmos os paradigmas que foram construídos ao longo da história e sobre os quais alicerçamos o nosso agir. Com o movimento de Jesus teria de ser diferente. Estamos em Mateus 6,1-6.16-18.


1 “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2 Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3 Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4 de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará recompensa. 5 Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6 Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16 Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade, vos digo: Eles já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18 para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. 

Para uma melhor apreensão da mensagem de Jesus e do Reino, era necessário ir além da observância das meras formalidades legais. Deveria ser buscado o verdadeiro Espírito de Justiça e não apenas os das conveniências, armadilhas e arcabouços legais. Um verdadeiro mergulho na realidade humana e na vontade sincera de caminhar no bem-comum. De igual forma as esmolas não deveriam ser mostradas como propaganda. Quantas vezes não vemos a filmagem de engôdos que exploram a credulidade e a miséria alheia. A esmola é a partilha generosa daquilo que nos sobra: é obrigação. As orações não são para ser mostradas ou alardeadas. E quanto disso não vemos a visita a templos e santuários em época de eleição? O jejum, por sua vez, tem uma nova conotação, não a do sacrifício, porém a alegria de comungar com D-us e os irm@s na misericórdia pela busca de um mundo mais justo e humano. Que tal jejuarmos de fazer o mal, seja através de atos e omissões, que vêm em prejuízo do irm@o? Pensemos nisso. Pensemos no nosso agir. Que a paz esteja com tod@s!

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terça-feira, 19 de junho de 2018

Cessem as divisões

Terça-feira da 11ª Semana.


A comunidade de Mateus refletia a mentalidade e as divisões existentes na sociedade. Não é pelo fato da adesão ao movimento de Jesus que existiria uma mudança radical do dia para a noite, no jeito de pensar e de agir dos seguidores. Tudo na vida é um processo de conversão, educativo e de crescimento! Não seria diferente com as comunidades de convertidos. Estamos em   Mateus 5,43-48.


43 “Vós ouvistes o que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” 44 Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

Naquela época existiam tensões entre judeus e não-judeus e da mentalidade levada por estes para o convívio das comunidades. Olhando de fora, atentamente, pelos prognósticos não seria possível que aquilo desse  certo. As divisões eram muitas, de um lado, os judeus com toda a sua cultura que ultrapassava a identidade meramente religiosa, pois se identificavam como povo; de outro lado, várias culturas oriundas de diversos povos e tradições tribais ou nacionais. A tarefa foi difícil! É neste contexto que Mateus escreve. A superação das divisões nascidas dos vários interesses conflitantes deveriam ser superadas. Para além das divisões existia o anseio por uma sociedade mais justa e igualitária, enfim, abrir a possibilidade de um mundo novo que fosse ao encontro da perfeição do Pai, D-us e Senhor de todos os povos. A expressão da perfeição do Pai é o Amor-Encarnado em Jesus, o Filho. Em Jesus o bem-querer é gratuito e não comporta a discriminação de qualquer tipo: raça, gênero, sexualidade, origem, condição ou colocação social. O acolhimento de Jesus é pelo ser humano integral, com todas as suas potencialidades e limitações, sem qualquer tipo de exclusão. A busca da perfeição consiste em viver o amor semelhante ao Amor do Pai, na nossa sociedade. Não existem fórmulas! É neste contexto que o próximo, pode ser aqueles que julgamos como nossos 'iguais', 'designais' ou diferentes; é nesse contexto que os rejeitados e demonizados pelas divisões interesseiras ou políticas, tornam-se a 'pedra angular'. Devemos enxergar a humanidade presente nas pessoas e próximos de nós. Os seguidores do Caminho buscam a perfeição das relações humanas que levem ao mundo novo. Não é à toa que o amor-respeito é o início de tudo. Pensemos em nossas relações familiares, corporativas e sociais.  Pensemos no nosso agir como reflexo da perfeição do Pai em relação a humanidade. Pensemos no amor-respeito que dedicamos aos seres humanos. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Não violência ativa.

Segunda-feira da 11ª Semana.


As comunidades instituíram um novo modelo de relacionamento em sociedade. Muitas interpretações aparecem a respeito deste texto, porém a mensagem do Carpinteiro nos faz aprofundar a sua mensagem. A Lei de Talião, de alguma forma mostrou um aprimoramento na evolução da humanidade, vez que limitava a vingança à reciprocidade do dano causado e evitava o excesso. Vingança limitada ainda era vingança, torna-se necessário superar a espiral da violência e a confrontação do mal. Estamos em Mateus 5,38-42.


38 “Ouvistes o que foi dito: “Olho por olho e dente por dente” 39 Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40 Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41 Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42 Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”.

Os escribas interpretavam as escrituras ao 'pé da letra', ao aplicar a reprimenda. O Nazareno nos convida a irmos além da letra da lei e buscar o seu Espírito, para podermos cortar o mal pela raiz. O ódio alimenta a violência e a violência gera violência. Justiça não é vingança! Apenas a verdadeira Justiça igual para tod@s é que poderá nos conduzir à Paz.  O Carpinteiro propõe a utilização de outros métodos que nos leve a desarmar o agressor e questionar a sua maneira de agir. Oferecer a outra face, deve ser entendida no sentido de nos mostrar uma alternativa ao agir violento, nunca uma passividade diante da injustiça e dos males deste mundo. Não devemos usar as mesmas armas dos 'malvad@s'. Em tempos de tanta violência e de exclusão social, aquele que resiste a um assalto, se usar de violência, certamente sairá ferido, mutilado ou morto por arma de fogo ou faca. Na década de 1940 do século passado, Gandhi levantou a Índia com o seu movimento de não-violência ativa e conseguiu a independência do país em 1947. Devemos com inteligência emocional buscar uma resistência digna aos injustos ataques, que passam por atitudes solidárias, por questionamentos, pela partilha, pela generosidade e pela solidariedade. Buscar a rais do mal e de tanta violência. Ter olhos para ver, ouvidos para ouvir e coração para sentir as dores pelas quais padecem a nossa sociedade, afundada na ambição pelo poder e na exploração do povo. Como esperar que pessoas às quais foi negada toda a dignidade humana, justiça social e respeito, ajam  da mesma forma como se portam os incluídos no contexto social e da cidadania? Não esqueçamos que Jesus ao ser agredido no Templo questionou ao soldado qual a causa da violência perpetrada (João 18, 22-23). Jesus nos mostra a corresponsabilidade pelas situações que afligem a sociedade. O homem é sujeito da sua história e agente de transformação social. O mundo novo está a nossa espera, precisamos cruzar o limiar da necessária mudança das relações sociais. Amar não é apenas bem-querer, é antes de tudo respeito, zelo e cuidado pelo outro, seja quem for. O nosso agir reflete na comunidade, no bem-comum e constrói novas relações. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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domingo, 17 de junho de 2018

A menor de todas as sementes.

Domingo da 11ª Semana.



Na antiguidade muito utilizava-se de 'parábolas' para explicar as Escrituras. A parábola nada mais é que uma narrativa curta ou um discurso que é feito para se entender outro. Eram utilizadas pelos rabinos e com Jesus não seria diferente. A primeira parte é originária da comunidade de Marcos e a segunda parte do texto é comum aos demais Evangelhos. Estamos em Marcos 4,26-34.

26 Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27 Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. 28 A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29 Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou”. 30 E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31 O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32 Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”. 33 Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34 E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

Não podemos esquecer que as parábolas são dirigidas ao povo simples. Em sua maioria agricultores. Jesus lhes fala, a partir da percepção do cotidiano do trabalho daqueles que lavram a terra para tirar o seu sustento. De alguma forma, em algum momento da vida, eles tiveram contato com um punhado de sementes. A mensagem é centrada no Reino anunciado por Jesus, proposta através de imagens simples para a percepção dos seus ouvintes. A Vida está contida na semente que guardada não tem serventia e que necessita ser lançada na terra para se desenvolver e produzir frutos. O desenvolvimento não depende do lavrador. Na semente o mistério da vida se esconde. O crescimento da semente é imperceptível aos olhos do agricultor, porém ela está lá, se desenvolvendo até que a terra produza seus frutos. O semeador fará a colheita quando for necessário. Assim é o Reino anunciado, imperceptível aos olhos humanos. O agir das pessoas, as injustiças, os males que afligem a sociedade, a discriminação, a opressão, a desigualdade, a exploração, a marginalização dos pobres e excluídos sociais, eram temas do ministério de Jesus. A vida dos pobres e excluídos tem sua própria força e vitalidade, não podendo ser desprezada. Na segunda parte vemos que a vida contida da semente de mostarda é imensa, embora aparentemente insignificante, cresce para tornar-se uma árvore frondosa e produtora de muitos frutos. As parábolas semeiam Esperança e nos faz caminhar em meio às crises, tão comuns na história e nas nossas relações sociais e corporativas. O Reino lá está, crescendo de forma quase que imperceptível e certamente irá florescer. É, ainda, um convite a que superemos todas as formas de discriminação: raça, gênero, orientação sexual, religião, ideologia, social, aparência, procedência regional, cultural, origem étnica, por diversidade funcional ou incapacidade. O Reino floresce na medida em que buscamos a Justiça, a Paz e a solidariedade para a construção do mundo novo. Há esperança, por exemplo, quando conseguimos dar passos significativos no desenvolvimento das relações sociais e filhos de trabalhadores domésticos, garis, boias frias, pobres e negros chegam até o ensino superior e graduam em cursos antes apenas destinados aos 'filhos da elite branca'. Há esperança quando um jovem ou adulto rompe a barreira do analfabetismo e descortina um outro mundo e as suas percepções.  É necessário empreender a jornada e acreditar na forças dos pequenos e dos pobres, como sujeitos da sua própria história. É a semente e a terra que fazem a diferença, não o semeador! Pensemos nas nossas contribuições solidárias para novas relações sociais. Pensemos nas nossas contribuições para a Justiça e a Paz. Pensemos nas nossas contribuições para a construção do mundo novo. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sábado, 16 de junho de 2018

Caminhar com a verdade e a transparência..

Sábado da 10ª Semana.


Nas comunidades de Mateus haviam diferentes correntes e idéias a respeito da interpretação da Lei de Moisés. O texto de hoje se encontra dentro de um contexto maior, iniciado em Mt 5,20 e terminando em Mt 5,48. É nesta compilação que se busca mostrar como Jesus explicava e interpretava a antiga Torah. Estamos em Mateus 5,33-37.


33“Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não jurarás falso, mas cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor”. 34 Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o suporte onde apoia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. 36 Não jures tampouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37 Seja o vosso “sim”, “sim”, e o vosso “não”, “não”. Tudo o que for além disso vem do Maligno”.

Desde a antiguidade jurava-se  por 'alguém' que fosse superior, maior ou de muita valia, para dar veracidade a sua palavra, sob pena de ser castigado, o que normalmente ocorria. Este costume permanece até os nossos dias na sociedade. O juramento exigido, nos diz que normalmente não se pode confiar na palavra do outro. Jesus busca resolver este problema. Não se deve jurar nunca! Não adianta fazer juramentos pelos céus, pela divindade ou pelos filhos e parentes sob pena de que um mal lhes aconteça. Juramento é remédio que não cura a doença da falta de transparência nos relacionamentos interpessoais, corporativos ou sociais. A dissimulação, o fingimento, a maldade e a ânsia pelo poder não podem caminhar com o seguidor do Nazareno. Diga apenas sim, quando for 'sim', e não, quando for 'não'. Maligno é tudo aquilo que nos afasta da humanidade; nos afoga no egoísmo; nos faz negar a dignidade das pessoas; nos faz caminhar com indiferença; e nos faz alegre com a desgraça alheia. Somos malignos quando praticamos o mal contra o outro; quando nos deixamos dominar pela ambição; quando somos responsáveis pela dor e sofrimento alheio; quando silenciamos, compactuamos ou praticamos atos de discriminação, exclusão, injustiça, opressão, dominação, exploração e morte contra o outro. Sejamos responsáveis pelos nossos atos e ações!  Paremos de atribuir as nossas obras a uma figura de linguagem e mitológica, para aliviarmos as nossas maldades e nos exculparmos dos nossos atos. Sejamos verdadeiros e transparentes em nossas relações! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sexta-feira, 15 de junho de 2018

Pessoas não são coisas.

Sexta-feira da 10ª Semana.



A comunidade de Mateus continua a redimensionar e aprofundar o sentido da Lei da Torah para os primeiros seguidores. Esta interpretação é realizada a partir dos ensinamentos, ação e reflexão do movimento de Jesus. Estamos em  Mateus 5,27-32.

27 “Ouvistes o que foi dito: “Não cometerás adultério”. 28 Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29 Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. 30 Se tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. 31 Foi dito também: “Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio”. 32 Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério”.

Agora não basta apenas o cumprimento das formalidades 'legais'. A busca da raiz do problema ajuda a solucionar as suas consequências. Ao longo da história a mulher sempre foi responsabilizada e penalizada pelo machismo, que a tratava como uma coisa ou objeto a ser possuído. O sentido original do mandamento era o de não dormir com a mulher de outro homem e a colocava no mesmo nível dos animais que integravam o patrimônio. A nova perspectiva coloca a mulher em pé de igualdade com o homem e busca garantir-lhe a segurança em caso de divórcio. A mesma perspectiva é aplicada em relação a proteção da pessoa para que não seja vítima de exploração, extorsão, roubo ou qualquer outra situação usada como desculpa para a ambição humana e a locupletação de bens. O respeito ao homem é fundamental, pois nem sempre aquele que subtrai os seus bens, o faz diretamente. Em razão disso a figura de linguagem relativa a 'mão' é importante, pois ela é que executa as ações. Cortar a mão é o mesmo que dizer que os direitos têm de ser respeitados, o homem não pode ser explorado na sua força de trabalho, enfim em nada que afete a sua dignidade em favor do lucro e do dinheiro. Os homens não são máquinas, peças de engrenagem ou unidades de produção Não adianta propalar direitos na rua e em casa explorar os trabalhadores domésticos, por exemplo. A proteção da lei deve ser integral a tod@s, indiscriminadamente. Pensemos em nossas relações familiares. Busquemos a construção de um mundo novo. Pensemos em nossas relações trabalhistas. Pensemos em nossas relações socais. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s.

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quinta-feira, 14 de junho de 2018

O Espírito da Lei.

Quinta-feira da 10ª Semana.


A dinâmica da convivência nas comunidades levaram a consolidação dos ensinamentos do Mestre. Vê-se claramente que as leis eram voltadas para a criatura, fosse mulher ou homem. Buscava-se a plenitude da lei em Vida, conforme o Espírito da Lei e, não no pós morte, ou seja uma Lei para o Espírito. Estamos em Mateus 5,20-26.

20 “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21 Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal”. 22 Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: “Patife” será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de “toloí será condenado ao fogo do inferno. 23 Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25 Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26 Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.


A plenitude do cumprimento da Lei não mais se encontra na formalidade dos ritos e, sim no respeito às mulheres e aos homens, criados a imagem e semelhança do D-us Pai. O ser humano, passa a constituir o centro da criação e do seu desenvolvimento, confirmando a antiga compreensão contida no Livro do Gênesis, na Torah judaica. A lei torna-se muito mais exigente e aprimorada para a construção do Reino, em meio a convivência humana. O preceito 'não matarás' já levava ao julgamento nos tribunais. De agora em diante a plenitude exigia que o processo de destruição do Amor e da Vida fosse estancado nos seus estertores iniciais, que tem sua origem  na cólera, no ódio, na ira e na vingança. Antes da oferta de sacrifícios, orações e oblações, vem a reconciliação. Não sejamos tolos, estas regras não se cuidam de preceitos piedosos ou apenas religiosos. As relações de respeito ao ser humano são primordiais para uma coexistência mais evoluída em sociedade. Quem respeita: não exclui, não discrimina, não explora e não oprime.  O bom-senso, o equilíbrio  a inteligência emocional, durante o Caminho devem ser primordiais. Pensemos em nossos sentimentos. Pensemos em nossas ações. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

A Lei do Amor.

Quarta-feira da 10ª Semana.


As novas comunidades formadas a partir do movimento do Jesus, que eram os judeus convertidos, passaram a ser discriminadas pelos seus conterrâneos em razão de terem se afastado da Lei de Moisés, contidas no Antigo Testamento. Estamos em Mateus 5,17-19.



17 "Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18 Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. 19 Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus".



Como tudo o que é novo, os companheiros de jornada constataram que necessitavam amadurecer o entendimento da mensagem de Jesus. Dentro das primeiras comunidades dos seguidores existiam várias tendencias de interpretação da Mensagem do Caminho: uns achavam que não era necessária a observância das normas do Antigo Testamento; outras aceitavam Jesus como Messias, achando que sendo ele um judeu, deveriam ser fieis na observância; e, ainda, outros que viviam tão plenamente a liberdade, que não olhavam mais para a vida de Jesus ou para o Antigo Testamento. É fato que haviam muitas tensões.  Diante de vários posicionamentos a comunidade de Mateus buscou um equilíbrio, que afastasse os posicionamentos extremados. A comunidade é o lugar da convivência da consolidação plena da mensagem de Jesus, portanto não poderia existir um antagonismo. As comunidades não poderiam abandonar a observância da lei mosaica, que representava o pensar e o agir arraigado no coração do povo, porém deveriam dar um passo adiante para a plena observância a partir da vida das pessoas que seriam alcançadas  pela prática da Lei do Amor. O Amor que une, que cuida e que zela pelo amado. O Amor que se alegra com o amado. O Amor que não castiga, não pune, nem destrói o amado. O Amor que dignifica e perdoa o amado. O Amor que cresce junto com o amado. O Amor que gera Vida e nunca a morte do amado. O Amor pelo amado não morre! A plenitude da Lei do Antigo Testamento, se renova na prática de Amor pelas comunidades e na sua interação com a sociedade. As pessoas, qualquer pessoa próxima ou distante, com ou sem vínculos de parentesco e de amizade, passam a serem vistas não pelo olhar da censura, da ira ou da punição, porém apenas pela ótica do Amor que gera Vida e faz o amado crescer e dizer não às "penas impostas". O Amor nos mostra um D-us que é Criador, zeloso da criatura. O D-us de Amor que tem um rosto em Jesus de Nazaré. O D-us que nos ama, como Pai carinhoso. O D-us Encarnado e humanizado. O D-us que amamos, não o D-us que devemos ter medo. O D-us que é glorificado e respeitado, a partir do nosso olhar, da nossa convivência, do nosso modo de pensar e agir, das nossas relações sociais e do nosso interagir com a sociedade. O D-us de Jesus é misericórdia, é acolhedor, é fraterno, é companheiro, é amável, é piedoso, é um Pai amoroso, é Amor! Pensemos nisso. Pensemos no nosso agir. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.