Alegrias da Páscoa: 15º Dia.
A leitura de hoje, Lucas 24,35-48, nos faz retornar ao ambiente da primeira semana após a execução do Nazareno. É a continuidade do texto compilado referente aos discípulo no caminho de Emaús.
35 os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36 Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”37 Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38 Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39 Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40 E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42 Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele o tomou e comeu diante deles. 44 Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45 Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46 e lhes disse: “Assim está escrito: “O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47 e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém”. 48 Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
O seguidores estavam acuados, escondidos, temerosos, traumatizados e desiludidos. Parecia que nada os convenceriam do contrário. É neste contexto que a tradição relata este episódio. Tenhamos em mente que não existe uma preocupação de narrar fatos, porém de relatar com o olhar da fé uma nova realidade. Muitos desejavam provas da ressurreição e gostariam de encontrar-se com o Ressuscitado. A tradição busca responder a esses questionamentos. Jesus pode ser encontrado em qualquer situação cotidiana da Vida, ao longo do caminho, a mesa e no em meio a comunidade. O olhar dos seguidores deve ser o da fé, quando falham os sentidos. O Ressuscitado está conosco, é acessível, é alguém da nossa família. Ele entra em nossa vida, nas relações familiares, nas relações corporativas e, enfim, em todas as relações sociais. Jesus é a nossa referência e da comunidade, que mesmo inseguros, tristes e desiludidos, nos dá a Paz, como força restauradora para a condição humana e continuidade da luta pela existência. As dúvidas dos primeiros seguidores são igualmente as nossas. O conhecimento da história nos conduz a uma fé madura e raciocinada. Para melhor compreensão daqueles fatos não há lugar para a infantilidade ou mediocridade. É necessário tocar as feridas do seu corpo sofrido e macerado na paixão, para que melhor possamos compreender a dimensão do seu sacrifício. O Nazareno não descolou da sua humanidade ou evaporou da realidade. A sua existência foi profundamente humana e a sua ressurreição igualmente será a nossa. Na Vida não há lugar para a euforia, que logo soçobra, nem para a desilusão que nos leva ao descrédito. Ao longo do Caminho, evitemos os extremos. A Vida tem o seu próprio curso. Talvez por isso Ele tenha pedido algo para comer, para demostrar que a segue adiante, com todas as sua limitações e possibilidades. A vida é concreta! A comunidade reunida descobre a sua responsabilidade com a transformação da realidade na qual estão inseridos e buscam formas de sua modificação através da partilha e satisfação das necessidade dos vivos. Os mortos não têm vida, pois esta já cessou. A partilha do pão e da palavra são essenciais à evolução para uma nova humanidade. Os patamares superiores serão atingidos após a compreensão e inteligência desses atos. Por isso, o relato nos fala de que o Rabi Ressuscitado lhes abriu a inteligência. Por fim, a universalidade da promessa com o anúncio a todas as nações sobre o Caminho do Reino. Pensemos nisso. Somos capazes de compreender a dimensão desses atos ou procuramos adaptá-los à nossa fé infantilizada? Somos capazes de desenvolver uma fé adulta? Somos capazes de testemunhar uma fé a partir da criticidade àquela e à nossa realidade? Que a paz esteja com tod@s!
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