Domingo da 5ª Semana.
A comunidade de Marcos rememora no texto compilado pela tradição, os relatos dos seguidores, a respeito da ação de Jesus e do seu deslocamento do centro para a periferia. Jesus escapa das estruturas de poder e dominação da religião, onde iniciara o seu ministério e causara surpresa e admiração (Mc 1, 27-28), liberta-se, e vai em direção ao povo nas suas casas e na periferia. A sinagoga não oferece espaço ou oportunidade para o desenvolvimento da mensagem do Reino, pois as estruturas religiosos são pesadas, e sufocam o carisma e a missão. Estamos em Marcos 1,29-39.
29 Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31 E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. 32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33 A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34 Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era. 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36 Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37 Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38 Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39 E andava por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
O lugar de cura não é mais a sinagoga que está envolta nas disputas de poder e de manutenção de uma estrutura acéfala que não mais responde aos anseios do povo oprimido, espoliado e empobrecido. A leitura nos convida a sermos missionários, a testemunhar e construir o mundo novo e novas relações. A vida passa muito rápido e nos ensina que a vida é luta. Não podemos ficar parados. É necessário nos deslocarmos da nossa zona de conforto e de segurança para levarmos a mensagem do Reino, que é Vida Plena para tod@s. Jesus nos ensina o serviço ao povo: saiu da sinagoga, local sagrado de culto da comunidade, e vai ao encontro da população empobrecida e dispersa no lugar onde esta vive e estabelece as suas relações sociais e de vida. Quando Jesus saiu do lugar de culto vai visitar a casa de Simão e de Tiago. O Mestre se desloca e sai em missão para visitar os núcleos onde o povo vive nas suas comunidades, e lá é que entra em contato com as suas necessidades. Jesus não vai para falar, não vai para discusar, não vai para pregar. Jesus vai às periferias para aproximar-se do povo e das suas necessidades. Jesus entra nas casas e estende a mão, e cura. Estende a mão aos outros, aos irmãos, a tod@s. Jesus estende a mão e faz o outro levantar-se. A cura nos leva ao serviço do Reino. Jesus posteriormente passa toda a tarde combatendo o mal que havia naquela localidade. Conseguimos identificar o mal que se encontra nas nossas comunidades, nas nossas relações sociais e nas nossas periferias? E não sejamos obtusos ao ponto de querer restringir o mal a uma figura mítica, numa atitude bastante confortável que nos descompromete de uma atitude transformadora da realidade e delega a D-us o possível combate. E, após todo este trabalho, o Mestre se retira e na madrugada já estava em oração, que nada mais é que contemplar a ação para seguir adiante e no serviço aos irm@s. Pensemos em nossas ações e sejamos portadores da Boa-Nova, sem pieguice, sem proselitismos, porém empoderados no agir sem palavras e transformadores de uma realidade injusta, a estender a mão aos seres humanos que necessitam de justiça, de paz e de igualdade. A Boa-Nova de Jesus e do Reino, se multiplicam pelas nossas ações transformadoras e da formação de comunidades que vivam a essência do Mistério de Jesus, na solidariedade, partilha, acolhimento, Justiça e Paz, em igualdade e serviço a tod@s, sem discriminação, exclusão ou preconceito. Penso nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhido na internet. Crédito não conhecido.
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