Terça-feira da 6ª Semana.
O texto de hoje nos recorda o ensinamento a respeito de que não devemos ficar presos a um sistema que busca acumular coisas para alcançar a segurança. Este diálogo guardado pela tradição, entre Jesus e os primeiros seguidores, nos é apresentado em Marcos 8,14-21.
14 os discípulos tinham se esquecido de levar pães. Tinham consigo na barca apenas um pão. 15 Então Jesus os advertiu: “Prestai atenção e tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. 16 Os discípulos diziam entre si: “É porque não temos pão”. 17 Mas Jesus percebeu e perguntou-lhes: “Por que discutis sobre a falta de pão? Ainda não entendeis e nem compreendeis? Vós tendes o coração endurecido? 18 Tendo olhos, não vedes, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais 19 de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços?” Eles responderam: “Doze”. 20 Jesus perguntou: E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos vós recolhestes cheios de pedaços? Eles responderam: “Sete.” 21 Jesus disse: “E ainda não compreendeis?”
À época, tanto quanto atualmente, existia uma preocupação com a acumulação de bens. Onde colocamos a nossa esperança e a nossa segurança? Por vezes as pessoas passam toda a vida buscando acumular bens, ganhar a qualquer custo, competir para chegar ao 'topo'. E o que realmente auferem? Os primeiros seguidores ainda guardavam em si este espírito de entendimento das relações humanas. É contra isso que Jesus os alerta. Se, de um lado, a filosofia dos fariseus consistia na aplicação do 'rigor da lei aos outros', enquanto que a si era permitida toda a permissividade, sempre utilizando a lei em benefício próprio, de outro, Herodes representava a síntese de todo abuso de autoridade e de subserviência às forças estrangeiras, aos interesses espúrios e ao exército de ocupação. Este é o fermento ao qual o Mestre se referia e que fazia crescer a injustiça e a desigualdade. Qual o espírito que deve predominar? O do acúmulo de riquezas e de poder? Agimos como fariseus, sendo permissivos e tolerantes com a injustiça? Em qual direção seguimos? Em direção ao Reino que leva homens e mulheres em liberdade, à justiça, partilha e fraternidade? Ou seguimos em direção às riquezas geradas pela exploração e opressão, escravidão e morte? No desfile do Carnaval, a escola de samba, Paraíso do Tuiuti, clamou na avenida pela esperança e pela Justiça, a mídia tentou sufocar este brado, ignorando-o: 'Meu D-us! Meu D-us!/Se eu chorar não leve a mal/Pela luz do candeeiro/Liberte o cativeiro social/Não sou escravo de nenhum senhor/Meu paraíso é meu bastião/Meu tuiuti o quilombo da favela/É sentinela da libertação.' Foi uma grata surpresa, sinal de que ainda há vida sob as cinzas. Há esperança. E quanto a nós? Deixamos nos contaminar pelo fermento dos fariseus e de Herodes? Somos capazes de nos distanciarmos daquilo que nos afasta do Reino? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! Hoje concluímos a primeira parte das reflexões "O tempo que se chama hoje", chegamos na terça-feira da 6ª Semana; amanhã, quarta-feira de Cinzas, inciaremos as "Flores da Quaresma". Que os irm@s, se algum bem tem surtido estes textos, nos ajudem, inspirem e estimulem na continuidade deste serviço. Muito agradecido por este tempo no Caminho.
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.
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