quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Os valores do Reino.

Quarta-feira da 2ª Semana.


As primeiras comunidades de seguidores tiveram que lidar com as disputas de poder e as ambições pessoais. A forma como enfrentaram os problemas foi buscar nos ensinamentos do Rabi,  a inversão dessa escala de valores. Estamos em Mateus 20,17-28.


17 enquanto Jesus subia para Jerusalém, ele tomou os doze discípulos à parte e, durante a caminhada, disse-lhes: 18 “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte, 19 e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, para flagelá-lo e crucificá-lo. Mas no terceiro dia ressuscitará”. 20 A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21 Jesus perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22 Jesus, então, respondeu-lhe: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23 Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”. 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamou-os, e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26 Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27 quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.




A subida para Jerusalém representa o caminhar do Mestre para a conclusão da sua missão. Estava chegando o momento. A medida que se aproximava do final, tornava-se necessário que os seguidores percebessem os valores do Reino, para que fosse possível dar continuidade à Missão. As coisas porém não se desenvolviam como parecia desejar. Era necessário vencer as barreiras das ambições pessoais por poder, pela auto-promoção e pelo triunfalismo. Temos aqui um exemplo desses embates.  Pedro, Tiago e João, seguidores do primeiro momento, eram os que justamente mais apresentavam dificuldades em perceber a profundidade dos ensinamentos do Nazareno.  O agir de Pedro, demonstra ser uma pessoa de 'cabeça-dura' e difícil de lidar, ao ponto de Jesus a ele referir-se como pedra de tropeço (Mc 8,33); enquanto que Tiago e João, episódio que nos é narrado pelo texto de hoje, eram pessoas ambiciosas e desejavam privilégios; cobiçavam as posições de 'mando' ao lado do Rabi. Tinham, ainda, temperamento explosivo e difícil de lidar, ao ponto de serem conhecidos como 'filhos do trovão' (Mc 2,17).  Era com estas pessoas humanas que Jesus teve de lidar. Não foi fácil! Vejamos que a reação dos demais foi bastante forte, de irritação, sendo necessária a intervenção direta do Mestre. E quanto disso não vemos nas nossas relações humanas: familiares, corporativas e sociais? Qual a nossa compreensão desse novo mundo e proposta de relações sociais trazidas por Jesus? Qual a nossa percepção do Reino e sua escala de valores? Como nos conduzimos em em meio a realidade humana? Como será o nosso agir? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Foto: Samuel Osmari.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Falar e praticar.

Terça-feira da 2ª Semana.



Os seres humanos têm muita dificuldade com as ações e as práticas, enquanto têm imensa facilidade com as palavras e os discursos. Muitas das vezes sequer tocam o âmago da problemática e saem repetindo o discurso da dominação, até contra si mesmos. Estamos em Mateus 23,1-12.


1 Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: 2 “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6 Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7 Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8 Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9 Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é vosso Guia, Cristo. 11 Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12 Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.


A problemática não está na Lei, porém nas interpretações de conveniência que apenas beneficiam interesses de grupos ou pessoas.  A desigualdade social  e as suas consequências geram distúrbio e desequilíbrios que poderiam ser evitados se aplicada a Justiça. O Rabi crítica estes grupos de 'doutores da lei' ao serviço de 'grupos' representados pelos fariseus, que a pretexto do 'bem' e ou sob qualquer outra motivação colocam 'cangas' nos ombros do povo, composto pelos empobrecidos, espoliados e injustiçados. Para estes 'doutores da lei'  o que menos importa é o bem comum da corporação ou da sociedade, visam unicamente manter os seus nichos de poder, status e privilégios. Consiste na aplicação do velho adágio popular: "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". A eles tudo é permitido, pois formam uma casta de dominação e exclusão, visto que justificam as suas ações dando o exemplo do 'filé' (parte nobre do boi,  porém pequena e cara), cabendo aos demais os 'restos', da mesma forma que apenas aos escravizados da época colonial e imperial, cabiam os restos inaproveitáveis dos porcos.  É contra estas divisões que se insurge o Mestre.  Os humanos têm, igualmente, muita facilidade na criação de ídolos para si e para a sociedade, ficando alucinados por estes. O Nazareno nos lembra que temos apenas um Mestre e um Pai. Pesemos nisso para revisamos as nossas ações. Que a paz esteja com tod@s!

Foto: Samuel Osmari.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Reciprocidade.

Segunda-feira da 2ª Semana.



O texto de hoje nos oferece a reflexão acerca da Misericórdia e do Perdão, numa única medida, de como sarar as dores e curar as feridas da injustiça. As comunidades tiveram as suas dificuldades na evolução e compreensão da prática de Jesus e da Sua Missão. A medida de Amor é única, de igual forma a busca do Caminho da Perfeição. Estamos em Lucas 6,36-38.


36 “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37 Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38 Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.


Quantas vezes não percebemos que muitas pessoas desejam apenas o 'venha a nós e nada ao outro'? Quantas vezes não ouvimos o meu 'pirão primeiro'? Quantas vezes não descobrimos que grupos se tratam como iguais em detrimento de todo o resto da família, corporação ou sociedade? A medida colocada pelo Evangelho é a da igualdade, desejemos e pratiquemos a mesma Justiça que buscamos para nós mesmos, simples assim. Não é admissível a existência de dois patamares de percepção. Deseje ao outro e exerça a mesma  misericórdia e o perdão que busca para si. Não há como fugir disso! Aos seguidores não é permitido a utilização de dois pesos e duas medidas, como era visto à saciedade naquele tempo, de igual forma que hoje. Não há espaço para privilégios e para a exclusão. Pensemos nisso.  Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito desconhecido.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Sentimentos, gestos e palavras.

O humano sentir...
Olhares, meneios
ou sorrisos, 
antes das palavras.

O gesto,
o agir
ou dar o passo,
vem logo após.

Bons sentimentos,
inspiram,
enchem de amor,
alma, corpo e coração.

Os bons sentimentos,
nada mais são,
que o ar de qualidade,
a invadir o pulmão.

E a Vida pulsa em nós!
Pensemos o bem,
digamos o bem,
façamos o bem!

Para valer a reflexão,
materialize-a numa ação,
não a deixe fenecer,
afogada em egoísmo no coração.

Crédito imagem: Ricardo Coelho.

Mãos...




Afagam,
Acariciam ou
Apontam.
Gesticulam,
Giram ou 
Indicam.
Constroem,
Tecem ou 
Destroem.
Tencionam, 
Defendem ou
Ofendem.
Limpam,
sujam ou
escrevem. 
Batem,
socorrem ou 
ajudam.
Criam,
Trabalham ou
Matam.
Apagam,
iluminam 
e até aplaudem...
Mão é substantivo!
O que fazemos com elas é verbo,
portanto ação!
O que fazemos com elas é de nossa escolha e responsabilidade!
O que desejamos para a nossa vida ou a dos outros com o fazer das nossas mãos? 
Olhemos para nossas mãos!
E o que muitas mãos podem realizar!?
Pensemos nisso!
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

Transfiguração: encontro de nós com nós mesmos?

Domingo da 2ª Semana.


As comunidades de seguidores não podem viver isoladas num 'mundo à parte', isolada dos outros ou sentido-se melhores do que as demais. O Mestre de Nazaré nos chama, nos adverte acerca da necessidade de interação com a realidade e do compromisso com a sua modificação à imagem e semelhança do Reino do Pai. A Vida aponta caminhos através dos quais podemos vislumbrar o ponto de chegada, o lugar sonhado ou desejado, a utopia. O Caminho de Emaús, trilhado pelos primeiros seguidores, e pelos que hoje se aventuram no desafio do seguimento do Rabi de Nazaré, pressupõe uma imersão na realidade vivida e a recordação dos fatos ocorridos na Galileia e em Jerusalém, naqueles dias passados. Vislumbraram um pedaço de lá do céu, onde a festa não tem mais fim, por apenas por um breve momento, para regressarem, descerem o monte até o mundo real. A Missão os aguardava. Estamos Marcos 9,2-10.


2 Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles.  3 Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5 Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.  6 Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo.  7 Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8 E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles.  9 Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10 Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si, o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

Transfiguração! Vislumbre, sonho ou anúncio de uma nova realidade? A leitura de hoje nos desafia. De repente o Mestre chama três dos seus para uma conversa em local retirado. O que certamente hoje poderíamos traduzir por 'almoços', 'conversas de pé de orelha' ou 'reuniões de porta fechadas', com outros dois expoentes: o Libertador do povo (Moisés) e um dos Profetas maiores (Elias). Está feita a festa. Um dos discípulos, o mais arrojado e destemperado, logo diz: É aqui que devemos ficar! Não precisamos de mais ninguém! Estamos em ótima companhia! A reunião está muito boa. Todos falam a mesma linguagem, se aceitam, se reconhecem e se respeitam. Os três mais novos estão deslumbrados com a aceitação no seleto grupo. Até já se vê o novo céu e a nova Terra! Viva! Somos diferenciados! Quem já visitou o monte Tabor, sabe que é alto, porém não é lá estas coisas. Como lugar mais altitude e isolado dá-nos uma melhor visão do entorno. Pronto! O cenário está completo. E é justamente aí que o Rabi de Nazaré puxa a 'pipa' e dá um 'chá de realidade'! Isto aqui meu amigo é apenas o que Eu sei e o que vocês três pensam que entenderam. Apenas um vislumbre de uma realidade que está por vir. Temos um sonho para construir no mundo real que não está aqui entre nós, porém lá fora, lá embaixo, lá no meio dos demais! O anúncio dar-se pela prática. Aqui temos apenas a vivência confortável de uma teoria. E esta é justamente a maior tentação de grupos e corporações. Lá, junto aos pobres 'mortais' é que vamos aprender a construir e transformar a realidade. Por mais libertadora ou transformadora que seja qualquer mensagem (idéia) que se concretiza num projeto (realidade) deverá interagir com a prática (práxis), e assim constituir-se em algo verdadeiramente libertador ou transformador. O nome disso é método e esta é a pedagogia do Carpinteiro. De nada adianta se juntar para expressar a indignação a respeito do externo, de forma individual ou coletiva (social) , se não atentarmos que a reforma deverá vir de dentro para fora. Não esperemos nunca sermos reconhecidos como 'roupa de grife' pela etiqueta ou procedência, pois o nome disso certamente será farisaísmo. A ação transformadora se dará não apenas em grupos fechados e de igual calibre ideológico, porém na diversidade e interação com a humana sociedade maior. Vamos lá Pedro, Tiago e João, sair daqui e começar o nosso trabalho que é lá fora junto aos outros! Que a paz esteja com tod@s!

Foto: Samuel Osmari.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

O Caminho é Amar!

Sábado da 1ª Semana.


As comunidades de seguidores, de igual forma que hoje a sociedade, tiveram que enfrentar as divisões e conviver  com a diversidade das pessoas, dons e serviços. Foram assoladas pelas divisões  criadas por interesses egoísticos e espúrios, e encontraram o Caminho na busca da perfeição de D-us e Jesus, histórico e encarnado, no pensar e no agir com misericórdia. Estamos em Mateus 5,43-48.


43 “Vós ouvistes o que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” 44 Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” 45 Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos. 46 Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

Constitui o texto um apelo às nossas consciência. Nos propõe uma misericórdia que chegue até aos nossos inimigos. A misericórdia deve chegar até aos nossos inimigos, sim! O amor do Pai não tem limites. A universalidade do amor não é idealista: tem de ser concreta. O Pai nos ama e nos nos quer parecidos com Ele. Jesus propõe o Amor a tod@s, um Amor que ultrapassa o simplesmente humano e natural. A gratuidade do Amor torna-se a Lei que regula a relação com D-us e os homens e as mulheres. A aliança com D-us se manifesta além de qualquer medida, devendo busca a semelhança com D-us e com o seu Filho, encarnado e feito homem. A filiação com D-us é exigente. O nosso comportamento deve ser inspirado em tornar-nos mais semelhante ao nosso Pai que está no céu. O Caminho para o Reino pressupõe a Graça necessária, para cada vez mais sermos filhos do Pai Misericordioso. "Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito." Jesus estava corrigindo a Lei da Antiga Aliança. O discurso das Bem-aventuranças está resumido nesta frase lapidar que conclui a leitura de hoje. Jesus demonstrou muita coragem ao corrigir a Lei. O Nazareno nos mostra um novo olhar para compreender a profundidade da Lei. Não há lugar para as divisões existentes, à época, nas comunidades entre os 'judeus' e 'não-judeus', 'salvos' e 'não-salvos', 'próximos' e 'distantes', 'puros' e 'impuros', 'incluídos' e 'excluídos', 'raça, gênero e sexualidade', 'conceitos e preconceitos'.  A atualidade do texto nos move em direção de uma nova compreensão das relações humanas e sociais. Não há lugar para a inveja, mágoas e ressentimentos, ou, ainda, de qualquer ordem nascida das divisões interesseiras, dos individualismos, dos egoísmos, dos sentimentos mesquinhos. As relações familiares, corporativas e sociais são complexas e geram sentimentos negativos proveniente dos conflitos gerados pelas disputas de poder e não do serviço. É buscando o Caminho da imagem de D-us Pai e do Reino que será possível construir uma realidade mais justa. Por mais que os homens tentassem, não conseguiram apagar a humanidade em Jesus.  A raiva ou o ressentimento, não podem apagar em nós o resto de humanidade que ainda sobeja. Qual a nossa motivação ao voltarmos o nosso olhar para D-us? Qual o sentido que damos a Perfeição do Caminho, em nossa vida? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A prática do Caminho.

Sexta-feira da 1ª Semana.


As comunidades dos primeiros seguidores compilaram a compreensão a respeito da prática a ser desenvolvida ao longo do Caminho. Estamos em Mateus 5,20-26.

20“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. 21 Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal”. 22 Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: “Patife” será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de “toloí será condenado ao fogo do inferno. 23 Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. 25 Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.


O que significa viver o Caminho? Em que  consiste este agir que transcende a formalidade e a superficialidade? Em que  consiste esta renovação do pensar e a modificação no agir? Para as primeiras comunidades de seguidores, tornara-se primordial a aproximação entre o falar e o agir. A premissa era bastante simples: se D-us é Pai, somos irm@s, vejo a D-us e com Ele me relaciono através do irm@; se a Boa-Nova produz a palavra, a palavra produz o ação, o agir tem de estar de acordo com a Boa-Nova; por fim, agir como Jesus agiu e viveu. Para os seguidores de Jesus a Justiça tem de brotar da essência do direito e da Vida, não das 'normas' submissas a interesse ou a interpretações espúrias e de conveniência para beneficiar a uns ou a outros conforme os apaniguados dos 'doutores da lei' e dos 'fariseus de práticas de fachada'. Para os seguidores matar não consistia apenas em fazer cessar a vida do corpo humano, porém todas as formas que buscassem impedir a plenitude da Vida. Neste contexto a calúnia, a difamação ou qualquer imprecação que tentasse diminuir ou desqualificar a vida do outro, constituiria um atentado contra a Vida. Por fim, nos é apresentada a importância do perdão e da reconciliação. De que adiantariam ofertas à D-us Pai,  se 'teu irmão tem alguma coisa contra ti'? Note-se aqui a responsabilização pelos nossos atos e omissões que desfiguram e prejudicam a vida das pessoas. Estas são posturas exigentes e necessárias para a convivência e o respeito pelos seres humanos, que conosco caminham nesta existência humana e como deve caminhar a humanidade. Pensemos em nossas ações e omissões. Pensemos em nossa responsabilidades. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

E vós, quem dizeis que sou eu?

Quinta-feira da 1ª Semana.


A tradição compilada a respeito de como os seguidores percebiam a pessoa de Jesus e a sua Missão. Estamos em Mateus 16,13-19.

13 Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15 Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17 Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.



Esta pergunta feita a Pedro é, igualmente, realizada a nós! Quem é ou qual a nossa compreensão a respeito do Messias? Qual o seu real significado? O que Ele representa para nós e para o coletivo social? São muitas as questões a serem respondidas. São tantos os caminhos e mil estradas que vamos trilhar em meio às contradições humanas. Onde nos levará? Este Jesus que na história nos ensinou a chamar de Pai, o D-us parceiro dos empobrecidos, dos oprimidos e dos marginalizados. O D-us Encarnado que se fez  menino e assumiu a nossa humanidade. Mostrou-nos a santificação da Vida, a glorificação  do nome de D-us quando defendemos a Justiça. Fazer a vontade de D-us é viver na liberdade! O D-us nos traz o Pão da Vida que constrói o homem, num Reino de paz e de comunhão. O Pão da vida,  da segurança e das multidões. O Reino que representa na história, no concreto e na realidade,  um pedaço de lá do céu, após espera tão longa. O D-us que não se isola em altares, cultos suntuosos e extenuantes, castiçais de ouro e prata, preleção moral e exclusivista.  Um D-us que não precisa de dinheiro, de dízimos ou coletas. Um D-us que nos mostra o Caminho da Vida e o carisma, longe das estruturas sufocantes das disputam o poder. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Foto Samuel Osmari.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Oportunidades

Quarta-feira da 1ª Semana.


Os textos compilados pelas primeiras comunidades relatam as experiências de vivência e de ordem prática, a refletir sobre os apelos, os conflitos e os questionamentos que lhes batiam à porta. São excertos da realidade que os fustigava e das soluções apresentadas. Estamos em Lucas 11,29-32.


29 quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior que Salomão. 32 No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas”.



As oportunidade nos são dadas pela vida. E quantas vezes as desperdiçamos? A realidade e o cotidiano nos indicam as situações que merecem uma reflexão a respeito da causa e do efeito. E quantas vezes nos deixamos levar ou sermos manietados por interesses, pessoas ou grupos? E quantos foram atrás do 'pato amarelo', símbolo da fraude e do engodo, hoje arrependidos? A vida propõe caminhos e soluções, estamos dispostos a percebe-los? É  exatamente o que ocorria àquele tempo e, ainda, hoje se repete. O Nazareno nos apresenta um Pai, uma nova proposta de relacionamento pessoal,  corporativo e social, enfim um novo mundo, sem senhores ou escravos, de pessoas livres e libertas, de justiça e de paz. E o que ocorre? A dureza de coração e insensibilidade para além de si mesmo, junta-se a incapacidade de ir ao encontro do outro, fenece diante  de uma centralidade egocêntrica e xenófoba. O grande desafio das primeiras comunidades era vencer o conceito do monopólio da verdade revelada apenas a um povo, que apenas admitia àquelas tribos e seus descendentes a categoria de 'escolhidos ou eleitos' de privilegiados por D-us. O texto nos traz o exemplo do povo de Nínive e do Reino de Sabá, povos estrangeiros que aderiram à mensagem e foram acolhidos não pela nacionalidade e, sim, pela razão de terem aderido à proposta, escutado e modificado o seu pensar e o seu agir. O que nos une aos outros são as ações concretas, as condições comuns e existências nas quais nos encontramos e,  por fim, a leitura que fazemos da realidade e a comunhão de valores.  A disponibilidade e a compaixão são essenciais para o Caminho ao longo da Vida, constitui uma jornada concreta e histórica na imersão da humanidade e das suas necessidades. O Reino e o movimento de Jesus não é para os mortos, porém para a concretude das relações humanas. Afinal este D-us que conhecemos fez-se humano, tornou-se carne - encarnou-se - no ventre de Maria. Assumir a  condição humana é o maior exemplo de que devemos fazer ao longo do Caminho. Devemos desenvolver a capacidade de lutar contra o nosso e egoísmo e egocentrismo para fortalecer a compreensão do mundo e das relações sociais a partir do outro, possibilitando acolhê-lo, integrá-lo e assumi-lo como irm@ e parceir@ no trilhar do Caminho do Reino.  Note-se que a mensagem de redenção alude ao coletivo, a comunidades, cidades e povos, afastando a compreensão mesquinha do individualismo que destrói a sociedade e a sua coletividade.  A mensagem é para tod@s que desejem aderir ao movimento de Jesus, espelhando-se no seu agir. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Simplicidade.

Terça-feira da 1ª Semana.


As comunidades muito refletiram a respeito da simplicidade do relacionamento com o D-us de Amor apresentado por Jesus, da satisfação das necessidades básicas de tod@s e do exercício do perdão para a evolução humana e das relações sociais, oportunizando a concretização do Reino já aqui na Terra. Estamos em Mateus 6,7-15.

7 "Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8 Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9 Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12 Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14 De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15 Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes".


O texto de hoje nos recorda a inquietude da simplicidade do D-us Pai que nos é apresentado por Jesus. Inspira-nos à conversão à simplicidade de relacionamento paterno e às necessidades básicas de um cotidiano desprovido de ritualística, porém pleno de Vida e daquilo que é básico em nossa existência como a confiança no Amor, a convivência com os irm@s, a concretização de um novo mundo e novas relações humanas baseadas no respeito e no perdão e, ainda, a satisfação das necessidades básicas de sobrevivência.  O nome disso é Justiça e Igualdade. Nada de privilégios ou de subjugar o homem em nome da divindade.  O Nazareno nos apresenta um Pai, de todos os humanos e atencioso à humanidade. Modifica a relação de submissão, sem qualquer sentido, para o da confiança entre o homem e o seu Pai Criador. Nos apresenta um D-us com face humana:paterna e materna. Um D-us que está próximo e ouve as nossas preces. Um D-us que é Misericórdia. Um D-us que cuida de nós. Um D-us que é Pai e Mãe da Humanidade ferida e destroçada pelo egoísmo e que nos apresenta o puro Amor, a Generosidade, o Cuidado, a Ternura e o Acolhimento, que somente aqueles que  amam e são amados sabem proporcionar. Jesus nos apresenta o D-us Amor sempre atento às necessidades dos seus filh@s. Não há maior docilidade e consolo na existência humana que o Amor. E é D-us, que nos paterna e materna, no mais profundo da experiência existencial do ser humano que nos é mostrado. A face de nós mesmos, que nos encontramos conosco e com os outros num só coração e mente, a unidade indizível, insondável e indivisível que move o Universo. Somos parte desse todo, que é tudo, que somos nós. Todo o universo se move nesta unidade. Todos somos filhos deste Amor que a tudo enlaça, mantém e promove.  Aprendamos com Ele a evolução do bem e para o bem. Não há lugar para o medo,  para a solidão, para o egoísmo, para o ódio ou para a divisão. D-us pulsa em tod@s nós e em toda a criatura que vive e respira. Que na nossa compreensão possamos acolher a harmonia do universo que vive em cada pequeno ser, em nós e nos outros, próximos ou distantes, pois somos apenas unidades de um todo. Lembrando sempre que os sentimentos e necessidades são os mesmos para tod@s. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Ovelhas e cabritos.

Segunda-feira da 1ª Semana.


A tradição das comunidades que foi compilada, nos mostra as dificuldades vividas pelos seguidores ao longo do Caminho. A conversão é um processo que nos leva ao pensar, ao sentir e ao agir do Mestre. Não é fácil! É  exigente! É constante! É contínuo! Somos 'empurrados para o deserto'  e instados a enfrentar os nossos 'medos e conflitos' interiores e, ainda, a plantar a semente do Reino em às contradições na família, na corporação e na sociedade na qual vivemos inseridos. Estamos em Mateus 25,31-46.


31 “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: “Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35 Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36 eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar”. 37 Então os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?” 40 Então o Rei lhes responderá: “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” 41 Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: “Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42 Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43 eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar”. 44 E responderão também eles: “Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?” 45 Então o Rei lhes responderá: “Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes” 46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.


As contradições existem e são inerentes ao ser humano.  O homem representa um eterno conflito entre o 'ser' e o 'dever ser', entre o 'que de fato é' e o 'que gostaria de ser' e do 'até onde ousou ou chegou' de 'onde ousaria ou gostaria de ter chegado'. A alma humana é conflituosa e a inquietude é uma das suas características marcantes. A Vida mostra as oportunidades e as direções mais diversas nos caminhos que nos são apresentados.  E quanto a nós? Como agimos diante do concreto da realidade que nós vivemos no cotidiano? Agimos como ovelhas ou como cabritos? A grande lição que o texto nos apresenta é a de que tod@s, ovelhas e cabritos, vivem juntos e misturados, livres pelos campos da vida. O que realmente importa é o nosso agir. O construir para o Reino em meio à tantas situações conflituosas. E em que consiste construir para o Reino? É conseguir enxergar no companheiro, no parceiro ou naquele que conosco caminha pela  trilha da vida, o Nazareno, nosso amigo e irmão. É difícil, sabemos, porém os critérios eleitos pela tradição das comunidades são bastante objetivos: - "eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36 eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar”. 37 Então os justos lhe perguntarão: “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?” 40 Então o Rei lhes responderá: “Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes”.
Se você tem coragem siga adiante. Não faça discursos ou se utilize de belas palavras, as substitua por ações concretas em favor do outro, próximo ou distante. Lembrando sempre de não alardear a boa-ação e muito menos de orgulhar-lhe dela ou de fazer comparações. Agir em segredo, sem qualquer publicidade!  Apenas uma ação de cada vez e na medida das suas forças.  E Ele, apenas Ele, verá ao longo da estrada, todo o bem que fomos capazes de realizar.  Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Gercino. 

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domingo, 18 de fevereiro de 2018

Conversão é processo ao longo do Caminho.

Domingo da 1ª Semana.


A comunidade de Marcos nos mostra o Caminho, enquanto processo de 'con-versão', que nos impulsiona para o deserto, prepara para a Missão e para a mudança necessária. Jesus é modelo para os seguidores do Caminho. Estamos em Marcos 1,12-15.


12 o Espírito levou Jesus para o deserto. 13 E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam. 14 Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15 “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”


Vemos aqui o itinerário do Espírito, preparado para o Plano Salvador de Jesus e para o Caminho daqueles que pretendem o seguimento. Jesus vai ao deserto, o povo de  D-us  passou pelo deserto e nós somos convidados a irmos ao deserto.  É um tempo de encontro decisivo com o processo de conversão que muda as nossas vidas. O silêncio nos ajuda a ir ao deserto e aprendermos a ouvir o tempo e as pessoas; O Espírito nos guia e conduz o nosso Caminho, que nos move e impulsiona, possibilita a Graça da 'con-versão' e do encontro com a causa e adesão ao Movimento de Jesus; O deserto nos convida à oração e ao jejum (despojamento daquilo que nos impede de compartilhar a vida com os irm@s); A figura do 'Mal', figura literária, representa a divisão, a discórdia, a destruição do outro, a violência, enfim tudo o que nos leva na direção do egoísmo, da injustiça e do desrespeito da vida humana do 'espírito fratricida'; A figura do 'Mal' representa o 'reino da mentira', representado pelo engodo,  pela corrupção e pelas artimanhas dos detentores do poder.  Este texto representa o que temos de bom, de  bem e de melhor, ao lado da luta interior com as 'feras' que habitam o coração de cada homem e mulher, nesta existência humana.  Por fim, a leitura nos convida a 'Con-versão de Caminho', da oração para a ação e o agir transformador da Palavra e na Voz do Senhor que modifica a cada um de nós em profetas,  propagadores da Paz,  de  criaturas violentas em semeadores da Justiça. A Boa-Nova é a base de tudo, a Palavra que se Carne, o Evangelho de Jesus.  A conversão não é fácil e exige um processo constante de mudança na direção do Evangelho pela vida afora. Após inaugurar o mundo novo, com o mergulho (batismo por João Batista) no Jordão, oEspírito impulsiona Jesus e a nós, para o enfrentamento das nossas feras interiores. O povo de D-us, no Êxodo, fez um caminho preparatório, Jesus igualmente faz o seu Caminho, e nós somos convidados, pois o Caminho se faz ao andar. É construído a cada dia na avaliação dos erros, no perdão mútuo e na retomada em direção da Verdade e da Vida. Lutemos contra os nossos medos, os nossos fantasmas interiores, as nossas limitações. As figuras apocalípticas são descrições destas lutas de superação interior. As comunidades são iluminadas na prática do bem e da justiça. O Caminho nos mostra que o encontro com o D-us que acreditamos se faz presente na história, passa pelo cuidado e responsabilidade com os outros, próximos ou distantes, integrantes ou não da mesma comunidade, enfim o cuidado com tod@s as criaturas, sem qualquer exclusão ou preconceito, e, por último, a a forma pela qual respondemos a este Amor de D-us por nós e pela humanidade. A conversão pressupõe reconhecer o sinal dos tempos e direcionar o nosso agir na conformidade do agir de Jesus. O seguidor do Caminho não pode empreender a jornada em companhia do egoísmo,  da violência, da mentira, das artimanhas do poder e da espoliação do outro, do empobrecido ou de qualquer ser humano. O seguidor do Caminho anda na confiança, na Esperança, na construção de um mundo mais justo, igual e fraterno, um mundo novo de justiça e paz. Caminhemos nesta Quaresma em direção à Páscoa do Senhor! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s.

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sábado, 17 de fevereiro de 2018

Basta à hipocrisia.

Sábado depois das Cinzas.



A leitura de hoje nos mostra o sentimento das comunidades a respeito da necessidade de superar a hipocrisia, dar um basta aos 'fiscais da conduta religiosa e da fé' e, por fim, a importância de sentir-se acolhido e amado. Estamos em Lucas 5,27-32.


27 Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Levi, sentado na coletoria. Jesus lhe disse: “Segue-me”. 28 Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu. 29 Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí grande número de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30 Os fariseus e seus mestres da Lei murmuravam e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vós comeis e bebeis com os cobradores de impostos e com os pecadores?” 31 Jesus respondeu: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes. 32 Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão”.

A tradição compilada nos chama a atenção para o agir de Jesus, sem preconceitos e sem rótulos. Jesus é livre e não se importa se Levi é um cobrador de impostos, pessoa de má fama, que representava a espoliação da elite e da força de ocupação estrangeira. E, ainda, o Carpinteiro pouco se importa de ser visto comendo em companhia de cobradores de impostos ou de pecadores (pessoas que estavam à margem da lei judaica). É interessante que o texto nos fala de que Levi preparou um 'grande  banquete' onde estavam muitos cobradores de impostos. Certamente, neste encontro, Jesus expressou os seus pontos de vistas a repeito das relações humanas, sociais, políticas e econômicas. Tenhamos a certeza de que nesta oportunidade não foi 'discutido o sexo dos anjos', porém a dura realidade e as relações de poder que a tod@s subjugava: de um lado, o Império que estabelecia quantitativos e metas de coleta cada vez maiores e, de outro, a população que era vítima da cobrança de valores extorsivos, que eram pagos a contragosto e sob a égide da violência.  A história guarda apenas o nome de Levi, que embarcou na proposta do Reino e passou a chamar-se Mateus, enquanto que os demais preferiram 'ficar de fora' e foram esquecidos. É interessante notar o aspecto de que a conversão (con-versão = a mudança de rumo e de direção) não é um evento, porém um processo, por vezes longo e doloroso para revisar o pensar e agir. Outro ponto interessante é a dificuldade de aceitar conviver com as diferenças, sem julgamentos, apenas conscientes de que tod@s somos filh@s  amados pelo Pai Criador e, portanto, irm@s. E quanto a nós? Somos conviver com as diferenças? Somos fiscais do agir e da fé alheia? Somos servidores do 'império dominante'? Somos servidores do povo, dos empobrecidos, dos discriminados e excluídos? Somos tod@s irm@s? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Viver a dádiva da Vida.

Sexta-Feira depois das Cinzas.


A Vida nos proporciona chances de viver plenamente. Temos que aproveitá-las, Viver a integralidade da Graça e festejar o bem em nosso meio. Estamos em Mateus 9,14-15.

14 os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15 Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. 

Os seguidores de Jesus não tinham motivos para pensar em outra coisa, a não ser desfrutar, ter satisfação, fruir da presença do Mestre, aprender com Ele, celebrar a Sua presença e proximidade. Quantas vezes na Vida deixamos que os momentos de felicidade se escoem, sem qualquer justificativa aparente? Quantas vezes não criamos amarras e prisões para nós mesmos? Quantas vezes deixamos de Viver a Graça do momento que nos é oportunizado? Quantas vezes sucumbimos às regras impostas, sem qualquer sentido para o nosso momento existencial? Se a água não passa duas vezes pelo mesmo lugar, assim é a Vida que nos é dada como um presente pelo Pai. Jesus quebra os paradigmas, os rituais dissociados da realidade, as imposições religiosas, a lei antiga criada para 'regrar' os passos e colocar 'cangas no lombo' das pessoas e nos convida a redescobrir a alegria da Vida e a dádiva de cada momento que nos é proporcionada pelo Criador. Jesus nos liberta das amarras da nossa própria servidão voluntária e nos faz olhar para o verdadeiro sentido da festa da Vida. Sejamos livres, sejamos libertos. Aprendamos com Ele a celebração da Vida sem amarras de contenção, na liberdade, no respeito, na justiça e na paz. Ele veio trazer plena vida! Pensemos nisso.  Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

De que adianta ganhar o mundo e perder a vida?

Quinta-feira depois das cinzas.



O texto de hoje é simples, conciso e direto. Estamos em Lucas 9,22-25.


22 “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23 Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. 24 Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25 Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?” 


Este é um questionamento dos valores que buscamos para nortear a nossa vida. E ressoa em meu coração desde a adolescência. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Cinzas, oportunidade de rever o caminho percorrido.

Há Vida sob as Cinzas! Tem início hoje um Caminho que nos dá a oportunidade de sermos pessoas melhores. A Quaresma constitui um Tempo especial para retomar o que de mais belo existe no Ser humano: a sua humanidade, o estar bem consigo e com a Criação. É um convite à mudança de rumo e direção, olhando dentro de nós, bem dentro do âmago do nosso ser, para resgatarmos o que há de melhor! Tenhamos em mente que as cinzas constituem apenas uma marca ou sinal do que o homem realmente é: apenas pó! A Graça, porém, nos impulsiona, fazendo-nos superar os obstáculos, não de fora para dentro, porém de dentro para fora, e crer no Divino que em nós habita! Ninguém limpa a sua casa de fora para dentro, porém de dentro para fora! Jejum que não nos educa, não serve para nada. Não precisa ser um endocrinologista ou nutricionista para saber a importância de uma reeducação alimentar! E a reeducação que nos é proposta neste período de Quaresma consiste, verdadeiramente, em nos apontar aquilo que envenena o nosso corpo – templo sagrado da criação; as nossas relações sociais, patrimoniais e de poder – TER; e as nossas relações com o mundo, com o Pai e os irm@os - SER! A transformação é o convite que nos cria uma Esperança de Salvação. O firme propósito de retorno ao Projeto do Pai de uma única casa comum e de irm@os. Este tempo termina na Páscoa da Ressurreição do Carpinteiro de Nazaré! Até lá o caminho, certamente, será longo... Até a Vitória, da Vida sobre a morte na qual os homens teimam em permanecer!

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Tempo de revisar as nossas ações.

Quarta-feira de Cinzas




A comunidade de Mateus rememora a tradição compilada da mensagem que indica o agir transformador a partir do coração, de dentro para fora, um novo agir. O texto nos exorta a reconstituir os pedaços de nós mesmos, o nosso 'eu' que foi corroído pelo egoísmo, pelo individualismo, pela servidão voluntária e pela alienação do mercado. Somos convidados a viver a Esperança do Reino que começa aqui e agora. Somos convidados a 'derrubar' os muros que nos separam e que nos dividem. Somos chamados à responsabilidade pela construção de um novo mundo e de uma nova realidade. Somos convidados a reconstruir a nossa vida em comunhão com os nossos irmãos, os seres humanos, para que todos tenham Vida Plena. Somos convidados a curar os males que afligem os nossos irmãos e a nossa sociedade, para que todos tenham Vida Plena.  Este é o sentido deste tempo, um caminho de quarenta dias, que nos leva ao encontro da Páscoa do Senhor. Estamos em Mateus 6,1-6.16-18.


1 “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará recompensa. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16 Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade, vos digo: Eles já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18 para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. 


A palavra que mais se repetiu na leitura foi 'Pai'. Este tempo é uma oportunidade de descoberta de quanto o Pai nos ama e nos acolhe. Voltar para a Casa do Pai e a uma Projeto de mundo de irm@s. A quaresma nos ensina que somos filhos do mesmo Pai. Este tempo é um convite para construirmos um novo coração, uma nova realidade e um novo mundo. Aqueles que choram ao semear, colherão os furtos com alegria. A iniquidade, num mundo ferido pela violência, pela corrupção, pela exploração,  pela opressão e espoliação, não pode deixar fenecer o Amor que nos foi dado pelo Pai. Não Esqueçamos que a Graça sobrepõe o mal. Os seguidores do Caminho lutam contra o mal e são vencedores. A Quaresma não está no aumento de orações e penitencias  de cunho pessoal e individualista e, sim, na modificação de uma visão de mundo e em seguirmos na direção de um melhor relacionamento com @s irm@s. Somos tod@s irm@s! O jejum nos leva a uma nova ótica de mundo e de recuperar o tempo de convivência com os irm@s. Jejuemos do celular, do wartzapp e de tudo daquilo que nos afasta dos momentos de convivência e de atenção com os mais próximos uns dos outros. Ontem fui até a sala, estávamos com visitas em casa, buscava conversar e proporcionar um momento de convivência e acolhimento. Ao chegar na sala, um espaço próprio de convívio, as visitas estavam mergulhadas, cada uma num mundo bem próprio e isolado, na sua rede social. E a conversa que aproxima não pode prosperar. Busquemos a paz e o convívio em família, na comunidade, na corporação e na sociedade. Este tempo é um convite a olharmos para o outro, com outros olhos que veem os outros como os nossos iguais. Repensemos as nossas ações. Que as nossas ações sejam para a paz, perdoemos o nosso passado e perdoemos as novas gerações.  Sejamos bem-aventurados filhos do D-us, na alegria do encontro, num mundo mais justo e humano, numa nova realidade construída sobre os fundamentos da justiça, da paz e da igualdade. Que das cinzas das nossas faltas, ressurja um ser humano de coração novo e purificado. Livrai-nos de todas as cinzas que nos impedem de caminhar em direção ao Reino. Tod@s somos cinzas e um dia iremos ressuscitar! Convertei-nos Senhor, para que possamos crer na Boa Nova! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


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