Sábado da 2ª Semana.
A comunidade de Marcos, a partir das tradições orais compiladas, busca refletir a respeito da atividade de Jesus e o conflito gerado com a sua família. Estamos em Marcos 3,20-21.
20 Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.
Vemos, em apenas dois versículos as dificuldades enfrentadas pelo Nazareno, de um lado com a multidão de pessoas que buscavam a si e, de outro, a repercussão na sua atividade na vida familiar e nas relações com os parentes. A esta altura dos acontecimentos, Jesus não mais residia com a família em Nazaré, porém em Cafarnaum (Mc 2,1). O texto é muito sintético, porém bastante firme no relato: não havia tempo sequer para comer devido ao fluxo de pessoas que acorriam ao seu encontro. Já o conflito com a família foi intenso, ao ponto de se deslocarem de Nazaré a Cafarnaum para busca-lo, acusando-o de estar 'fora de si'. É interessante que a quantidade de pessoas era tão grande que não puderam chegar até Ele, tendo que mandar um recado (posteriormente narrado com detalhes em Mc 3, 31-35). Este embate foi causa de sofrimento para tod@s os envolvidos, pois o clã era a base da convivência social e a comunidade que gerava proteção para as pequenas famílias, defesa para as questões agrárias, a tradição histórica do povo e a identidade da nação. Constituía o clã a expressão da Aliança do Antigo Testamento e lugar da prática do Amor de D-us. A dominação estrangeira e a política de subserviência às forças de ocupação do governo fantoche de Herodes Magno(37 a,C. a 4 a.C.) e de seu sucessor Herodes Antipas (4 a.C a 39 d.C.). Os problemas sociais e econômicos eram grandes, pois o povo era espoliado pelos impostos (civis e religiosos), as constantes ameaças e repressão dos romanos e a obrigação do povo de sustentar as tropas romanas de ocupação. O modelo até então vigente entra em desuso, inclusive devido a influencia do mundo grego e a presença dos romanos. Os tempos haviam mudado, para pior. A conjuntura política, em nome de uma 'suposta modernidade' estava de costas para as necessidades da população. Jesus entende que a força do povo está na formação de comunidades, não a partir do tradicional clã e pequenas famílias, porém num conceito mais amplo que a tod@s congregasse a partir da situação na qual estavam mergulhados, da realidade vivida e de Amor ao próximo. Não há lugar para marginalizados ou excluídos, tod@s são chamados ao centro. A reação de Jesus à tentativa da família de leva-lo de volta, abre esta nova perspectiva. E este era o ensinamento que transmitia e que o seu movimento apoiava: a formação de comunidades como expressão do cuidado, de proteção e do Amor do Pai Criador por tod@s, ou seja a grande família humana. Formamos comunidades ou nos fechamos numa visão egoísta de 'família'? Nossas ações são inclusivas ou nos fechamos em pequenos grupos nos auto-condenando a extinção? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.
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