Sábado da 3ª Semana.
As adversidades que as comunidades enfrentavam no âmbito da história é o tema da compilação que nos é apresentava. As comunidades estavam inseridas na realidade humana, sendo assoladas pela relações sócio-políticas e econômicas de então. É preciso termos consciência que as reflexões compiladas emergiram de grupos de pessoas que estavam inseridas na realidade histórica de então, e não no 'céu ou paraíso' do imaginário popular cristão-ocidental. Estamos em Marcos 4,35-41:
35 Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!” 36 Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele. 37 Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38 Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”39 Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40 Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41 Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”
Tanto na Vida quanto no mar, encontramos dificuldades. Não controlamos a Vida, de igual forma que não controlamos o mar. Na realidade este 'mar' referido pela tradição é um lago, o de Tiberíades, conhecido como 'Mar da Galiléia'. Em terra seca ou desértica, lago vira mar devido a escassez de água. Porém não é apenas isso. O mar representava uma porta rumo ao desconhecido para os que partiam e, daí, também vinham as grandes invasões dos impérios estrangeiros. Nos dias atuais seria um 'buraco negro' ou 'portal estrelar' da ficção científica. A atual Palestina era uma terra de passagem entre grandes impérios e vivia sobressaltada. Naqueles dias era a vez da ocupação pelas tropas romanas. O Evangelho de Marcos retrata a situação de medo vivida pelas comunidades. Há notícias de contemporaneidade entre a época em que o texto foi compilado e a destruição do Templo de Jerusalém e a Diáspora do povo judeu. Certamente, um grande trauma para o povo judeu e para as comunidades que iniciavam a formação e que tinham raízes judaicas. Escrito em Roma, centro do mundo ocidental de então, busca mostrar que o Mestre e a mensagem do Reino ultrapassa as antigas estruturas e é a causa da nossa Esperança pelo mundo novo na história. O Reino está em nosso meio, não há motivo para sermos medrosos! Nós é que somos os artífices deste Reino, nós é que somos os transformadores da realidade e nós é que construímos as comunidades transformadoras da realidade. As decepções da Vida e os desastres políticos, sociais ou econômicos não nos podem fazer desanimar, perder a Esperança ou ter medo. As forças dominadoras que representavam o 'mal', as 'forças' de ocupação, de dominação e da ilegitimidade, destruíram aquilo que representava o 'bem' para o povo. As autoridades foram implacáveis contra a população e usaram 'justificativas' para aplicar tão terríveis providências, que incluíam a deportação de todo o povo. O compromisso daquelas autoridades não era com o povo ou com o bem comum. O estilo literário nos mostra as comunidades representadas pelos barcos. As tempestades que ameaçam a nossa realidade. Quantas vezes vacilamos na Travessia? Jesus nos convida a ir para a outra margem. Precisamos encontrar o Amor do Pai na nossa Vida e nas comunidades para fazer frutificar e produzir boas obras e não ter medo. Ele está no meio de nós! Não percamos a Esperança e a fé no possibilidade do Reino que acontece na história, no aqui e no agora. Superemos as adversidades! A fé não tem apenas uma dimensão inimista ou pessoal, ela transborda para a realidade, para o compromisso com o justo, com a igualdade, e neste âmbito torna-se social. A mensagem do Reino repudia a injustiça, a manipulação, a exploração, a dominação, a discriminação e a exclusão. Pensemos na nossa realidade. Pensemos na sua transformação. Não desanimemos. Não percamos a Esperança. A Graça do Pai está conosco ao longo da Vida e do Caminho. O Mestre está conosco! Este dia é muito especial para mim, 27/01, pois é a minha festa de celebração da Vida, o meu aniversário. É o que posso expressar após 57 anos: Ele caminha conosco! A sua mensagem nos impulsiona na transformação da realidade e na construção de mundo novo. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário