quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

A história de Pipoca.

Ontem, 15/01, o nosso 'Pipoca', partiu para o céu dos cachorros. Não sabíamos a sua história ou idade, porém devido as condições físicas era um idoso e tinha provavelmente mais de doze anos. Estava conosco desde junho de 2017, quando foi resgatado em pleno centro do Recife, pelo Ricardinho, após ouvir as ameaças de que seria 'jogado no rio'. Foi abandonado numa caixa de papelão havia dias, segundo os comentários; estava desfalecido, sem forças, com medo, com sede e com fome. Era cego e epiléptico, trazia pelo corpo as marcas de uma vida de sofrimento e maus-tratos, pesando aproximadamente 4 kg, estava desnutrido. Passou, então, oito dias hospitalizado. Recuperou parte do peso e foi tratado com muitos medicamentos, que eram ministrados mais de quatro vezes por dia, ao longo de meses de muito cuidado. Usava fraldas, tinha dificuldades com a mastigação e necessidade de ser alimentado com a mão. Aprendeu a atender pelo nome de 'Pipoca' (pois era branquinho - improviso de um nome devido a necessidade do prontuário de internação). Era mais um 'sem nome', 'sem identidade' e 'sem teto', numa condição não muito diferente de tantos seres humanos, homens, mulheres, idosos ou crianças que habitam as nossas ruas e são vítimas da indiferença de uma sociedade egoísta e centrada no consumo, onde a vida humana padece nas filas em busca de atendimento médico, alimento e vítimas da violência e do abandono. O coração humano necessita aprender a ser mais 'humanizado' através do exercício da compaixão pelos seres vivos. Como exercer a compaixão se o homem criado não ama a sua própria espécie, os seus semelhantes? Aquele que planta amor, colhe amor. Ricardinho era o seu xodó, quando chegava em casa, logo vinha ao seu encontro (foto), pois sabia que estava seguro. Socorro e Ricardo revezavam nos cuidados. Foi paternado, foi maternado, foi amado. Aprendemos muito com o 'Pipoca', o seu amor pela vida e a sua capacidade de lutar. Ontem, após dez dias de uma segunda internação, uma anemia profunda que vinha sendo tratada, inclusive com transfusão de sangue, o seu coraçãozinho parou. Foi um guerreiro que vai deixar muita saudade em nossa casa. Hoje, Ricardinho e Socorro o levaram para o Cemitério Canino do Kennel Club, onde estará junto com Batata e Pitucha. Certamente terão muito o que conversar. Nossos agradecimentos aos profissionais da Clínica Amigo Fiel, em Olinda, que muito fizeram por esta vida. Descanse em paz Pipoca, você foi muito amado.



Nenhum comentário:

Postar um comentário