Quarta-feira da 26ª Semana.
O texto de hoje, Lc 9,57-62, foi guardado pela tradição em continuidade ao de ontem, Lc 9, 51-56, quando o Mestre havia tomado a firme decisão de subir à Jerusalém e não perder o foco da Missão:
57 enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”. 58 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59 Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60 Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61 Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62 Jesus, porém, respondeu-lhes: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus”.
Emerge do relato a angústia da percepção de que o tempo havia chegado. E quanto de nós não nos vemos assim diante da Vida? Debaixo do céu, tudo tem o seu tempo e a sua hora, assim ensinaram os nossos avós e os mais velhos. O tempo enquanto invenção humana delimita a possibilidade de várias ações, a serem vencidas em etapas, que uma vez superadas terão ficado no passado. O Mestre tinha consciência da sua situação e não enganava quem quer que seja. É, justamente, nesse contexto que a tradição guardou o relato do encontro com estas duas pessoas. O primeiro que O buscou, responde: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Como que a advertir-lhe que o seguimento não seria fácil e naquela situação nada poderia oferecer, porém se assim o desejasse, poderia acompanha-Lo. A pessoa arrefeceu o ânimo e ofereceu uma justificativa. A outra pessoa, seguiu no mesmo agir, porém apresentou uma motivação mais singela, e a resposta não foi diferente: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de D-us”. É assim em nossa Vida e nos apelos que nos chegam. A urgência da Missão, em resgate dos valores do Reino de D-us em face às necessidades sociais e coletivas não comportam desculpas de cunho pessoal para aquilo que não estamos dispostos a realizar. A necessidade de muitos, se sobrepõe a de poucos. A Justiça do Reino olha para o homem na sua totalidade e integralidade. Note-se que no texto as pessoas que se apresentaram, certamente estavam entusiasmadas pelo momento ou atraídas pelo efeito que o agir do Nazareno provocava nas pessoas. Assim sendo, se ofereceram ao seguimento, desejosos de compartilhar daquela Esperança. Não foram convidadas e, certamente, não analisaram bem as consequências da decisão tomada e as exigências do seguimento ao qual se propunham. O Carpinteiro não traz ilusões e nada promete àqueles que se dispõem ao Caminho. Estejamos certos de que o Caminho não constitui uma escolha fácil e que deve ser retomada a cada dia da jornada. A liberdade é inerente à alma humana e o Pai não compactuaria com qualquer prática que a levasse a ser sufocada. É na liberdade que as escolhas são feitas. De igual forma que Jesus tod@s temos a Missão de viver e sabedor disso é que lutou para que todos tivessem Vida em plenitude durante a existência. É o seu clamor pela Justiça que o leva a perder a sua Vida, para reviver na comunhão e na luta do povo de viver plena vida e o direto de dizer aleluia! Reflitamos a respeito da nossa existência. Como vive o nosso povo? A pergunta feita reflexão de ontem é válida para a de hoje: somos indiferentes, somos covardes ou somos seres parasitários nas situações injustas? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.
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