Sexta-feira da 26ª Semana.
Quem já não cantou nas assembleias recordando as palavras de Jesus: "Ai de ti, Corazim! Ai de Betsaida!"? Estamos em Lc 10,13-16. O texto nos fala da rejeição dessas cidades ao Projeto do Reino que lhes foi apresentado. Também é incluída Cafarnaum! Dentro do relato guardado pela comunidade, podemos identificar dois eixos: primeiramente a autoridade conferida aos seguidores para propagar a mensagem da Justiça, da Paz e da Igualdade, cujo anúncio-denúncia deveria sobreviver ao Nazareno, pois agora estava confiado aos seguidores; e, em segundo lugar, acentua a ótica da dimensão do pecado que corrói o tecido social, ou seja, as relações deterioradas pela violência, pela corrupção, pela perseguição, pela exclusão, pelo parasitismo, pelo fundamentalismo, pela demagogia e pela hipocrisia. É um fenômeno remoto; já existente desde aqueles tempos a promiscuidade de uma relação parasitária, moralista e demagógica entre a política e o fundamentalismo, numa aliança para escravizar, oprimir e "depenar" os direitos do povo. Em sociedade existia um rígido "patrulhamento moral", cheio de normas e prescrições, que apenas serviam para acobertar os hipócritas. A "lei ou norma imposta", era muito frágil e não buscava a construção de uma sociedade mais justa e igualitária; era desvirtuada em razão disso, já na sua essência, necessitando, portanto ser protegida pela intocabilidade do dogmatismo. Em face da ausência de qualquer ética, tornava-se mais fácil, estrategicamente, promover "cruzadas ou caçadas" moralistas. Foi esse contexto que levou à execução do Nazareno e de onze, dentre os doze primeiros seguidores; desencadeou perseguições nos primeiros três séculos pelo Império, até ser completamente desvirtuada pela cooptação do poder, para em seguida, passar a tornar-se perseguidora e instrumento de dominação de alto quilate. As cruzadas, as inquisições católicas e protestantes e as mais variadas perseguições tiveram na sua base o interesse político pela supremacia e a religião utilizada como arma de dominação e de exclusão. A mensagem do Reino se contrapõe a tudo isso, pois é libertadora e busca a integralidade e divindade do próprio ser humano-encarnado na realidade, guiando-o na busca para a concretização do valores da Justiça, da Paz e da Igualdade. Reflitamos a respeito da realidade social e política na qual estamos mergulhados. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Crédito imagem: Atelier 15.
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