terça-feira, 31 de outubro de 2017

Ser semente...

Terça-feira da 30ª Semana.

A que seria possível comparar o Reino para que os interlocutores pudessem apreender o seu significado? Esta foi uma das principais e essencial reflexão elaborada pelas comunidades a partir da prática das suas relações interpessoais e sociais. Estamos em Lc 13,18-21:

18 Jesus dizia: 'A que é semelhante o Reino de Deus, e com que poderei compará-lo? 19 Ele é como a semente de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos.' 20 Jesus disse ainda:  'Com que poderei ainda comparar o Reino de Deus?  21 Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.'


A semente lançada na Terra, pequena, insignificante, quase imperceptível, germinará! Crescerá e tornar-se-a uma arvore imensa e frondosa. Acreditemos nos pequenos e na sua força. Aprendamos a perceber os sinais! Ele está no meio de nós! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A essência do Caminho...

Segunda-feira da 30a Semana.


As comunidades começavam a refletir a respeito do que era essencial para o seguimento do Caminho. Havia uma tensão a respeito do assunto: Qual a essência do movimento de Jesus? A obediência das formalidades ou o conteúdo do agir que transforma a realidade e traz a cura?  Lc 13,10-17:


10 Jesus estava ensinando numa sinagoga, em dia de sábado. 11 Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. 12 Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse: "Mulher, estás livre da tua doença". 13 Jesus pôs as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou e começou a louvar a Deus. 14 O chefe da sinagoga ficou furioso, porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado. E, tomando a palavra, começou a dizer à multidão: "Existem seis dias para trabalhar. Vinde, então, nesses dias para serdes curados, não em dia de sábado". 15 O Senhor lhe respondeu: "Hipócritas! Cada um de vós não solta do curral o boi ou o jumento, para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? 16Esta filha de Abraão, que satanás amarrou durante dezoito anos, não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?" 17 Esta resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus. E a multidão inteira se alegrava com as maravilhas que ele fazia.



Aqui o que se contrapõe à realização do bem é uma lei que na sua essência buscava valorizar o homem e impedir a servidão aos meios de produção e aos senhores do capital. A motivação era proteger o descanso dos trabalhadores.  A interpretação não poderia ser ultimada para limitar a ação do bem em favor do homem, pois em sua essência estava a  própria proteção contra a exploração. Note-se que o Carpinteiro fala claramente e constrange a autoridade que buscava tergiversar a aplicação do conceito utilizando-o a favor dos seus interesses e em detrimento da cura do mal que afligia aquela pobre mulher. Será que ele agiria da mesma forma se fosse uma princesa ou cortesã do palácio real?  A resposta de Jesus é causa de alegria para a multidão! O povo era escravizado pela interpretação das leis criadas em seu favor, porém que tornavam-se instrumentos de dominação quando desvirtuadas e afastadas da sua essência. O povo via esperança naquela prática. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

domingo, 29 de outubro de 2017

Amados seremos humanos

Domingo da 30ª Semana


A memória das comunidades registraram diversas situações onde, ora os fariseus, ora os saduceus, ou ainda, os sacerdotes, buscavam encurralar o movimento de Jesus, que questionava deles a autoridade, pois distorciam as leis conforme a sua conveniência, hipocrisia ou artimanhas políticas. Estamos em Mateus 22,34-40:



34 Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?' 37 Jesus respondeu: 'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento!' 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: `Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos.



O Nazareno volta a atenção das pessoas para tod@s os despossuídos de direitos, órfãos, viúvas, enfim, os mais feridos pela vida. Quem é o próximo merecedor do Amor? O peregrino, o estrangeiro, o excluído? Os Evangelhos indicam os empobrecidos, os excluídos, os estrangeiros, os 'lascados' da vida; o coletivo, a família e a comunidade também podem ser amados. O Amor pode ser social! O cuidado não com o outro é concreto! O agir pode ser um ato de amor.  O toque, o carinho, o elogio, também pode ser ato de amor. A caridade do Samaritano. As obras de misericórdia, são puros gestos de amor.  O Amor é concreto, pois se traduz na realidade de nossas vidas em atos e ações. Não se ama verdadeiramente, por palavras. O amor é exigente, pois não existe fora do concreto exercício de transformação da criação e daqueles que foram criados. É o Amor que age na realidade. O sentir-se amado é uma Graça, uma Benção que nos conduz a dignidade de sermos irmãos, numa mesma humanidade e filhos de D-us-Pai. O que o ser humano pode dar é o Amor! Não o neguemos na longa Caminhada da Vida! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.




sábado, 28 de outubro de 2017

Os primeiros seguidores...

Sábado da 29a Semana.


A escolha dos doze, demandou muita reflexão da parte de Jesus. Certamente não foi fácil, pois a memória da comunidade registra um determinado lapso temporal até chegar a uma decisão final. A necessidade foi sentida a partir da realidade do crescimento do movimento que já passava a atrair pessoas de lugares distantes e até de Jerusalém. Estamos em Lc 6,12-19.

12 Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 17 Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judéia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Vieram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. 19 A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos.

A maioria era da região de Cafarnaum, desprezada e conhecida por 'Galileia dos Gentios': Simão, chamado Pedro e seu irmão André, eram pescadores; João, era discípulo de João Batista e autor do evangelho, era irmão de Tiago Maior, ambos pescadores; Mateus era cobrador de impostos; Simão Cananeu era zelota e lutava contra a ocupação romana; Felipe, Tomé, Tiago Menor ou Tiago de Alfeu, Judas Tadeu (Judas de Tiago), Judas Iscariotes e Bartolomeu (natural de Caná), não constam informações a respeito da profissão. Chama a atenção a diversidade e convivência de opostos, como por exemplo, Mateus, o cobrador de impostos, e Simão Cananeu, que era zelota e, ainda, Judas Iscariotes, em decorrência da sua traição, igualmente vivia em conflito. Todos foram chamados a partir das suas realidades, limitações e potencialidades, e principalmente a partir da sua humanidade. O D-us que se fez Homem, colocou definitivamente o humano no plano divino. Reflitamos a respeito da obra humana na construção do novo mundo. A Vida encontra o seu Caminho com aqueles que se dispõem a empreender a jornada evolutiva. Não há limites ou amarras, pois a criação honra o Criador a partir da sua perfeição no coletivo e na diversidade. Os seres humanos não são iguais, cada um guarda em si, a unicidade, a identidade e a personalidade, que são únicas e merecem todo o respeito diante de D-us. Foram criados a Sua imagem e semelhança, guardando consigo a dignidade de filhos do Altíssimo. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s. 

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Sabeis interpretar o tempo presente?

Sexta-feira da 29ª Semana.


A leitura de hoje, nos recorda a necessidade de estarmos atentos às adversidades conjunturais do tempo presente. A preocupação contida no discurso colocado, nos dá a exata dimensão da inquietação das comunidades com a realidade na qual estavam inseridas. Estamos em Lc 12,54-59:

54 Jesus dizia às multidões: 'Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece.  55  Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56 Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? 57 Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? 58 Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. 59 Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo.'



As comunidades eram acossadas por perigos reais e imediatos. Pelo que lemos do texto, existiria uma discordância básica quanto ao enfrentamento dos desafios: o primeiro, numa postura alienada da realidade, buscava olhar para 'cima' e aguardar que tudo fosse resolvido pelo 'céu' e que o 'arrebatamento' com a volta do 'Cristo', tudo solucionaria; o segundo, numa postura inserida na realidade, busca a análise e  a percepção das correlações de forças, para a solução dos conflitos, com base na Justiça. Esta última parece ter sido a mais lógica, tanto assim que restou registrada na memória a partir das reflexões das comunidades. O olhar para o entorno é básico na convivência humana.  As mais diversas situações requeriam uma resposta das comunidades, pois diziam respeito ao cotidiano das relações sociais. Estas situações colocavam em risco os direitos do ser humano, tais como viver, con-viver e existir, com a dignidade, o respeito e a satisfação das necessidades básicas. Pensemos na Defesa dos Direitos Humanos. Pensemos na Defesa dos Direitos Socais e do Trabalho. Pensemos na Defesa do Meio Ambiente. Pensemos na Defesa dos direitos Civis da População e das Minorias. Pensemos que nada do que é humano poderá ser alheio, estranho ou ignorado pelas comunidades. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Uma verdade incômoda...

Quinta-feira da 29ª Semana.


Trilhando os textos compilados, nos deparamos com uma das dificuldades vividas pelas primeiras comunidades: a constatação de uma realidade incômoda. A prática dos ensinamentos do Carpinteiro, em razão de opor-se à  injustiça, não permitia aos seguidores que fossem cúmplices ou que compactuassem com as situações que negavam a possibilidade da vida-compartilhada, do direito à vida-plena e da dignidade da humana-vida. O Reino não permitia aos seguidores que fechassem os olhos e buscassem a alienação em relação a humana-realidade na qual estavam inseridos. Estamos em Lc 12,49-53:


49 "Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso! 50 Devo receber um batismo, e como estou ansioso até que isto se cumpra! 51 Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer a divisão. 52 Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; 53 ficarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra".


Com o passar do tempo, as mesmas dificuldades vividas por Jesus, passaram a fazer parte da Vida dos seguidores. O Caminho não é fácil para aqueles que se propõem a viver a fidelidade ao Reino. A utopia buscada pelos seguidores não é uma realidade estática, ao revés, é  dinâmica como a própria Vida  que busca a evolução. O nascimento e o crescimento, por vezes pressupõem desafios à convivência humana. Os seguidores, logo descobriram que não teriam uma "paz dos cemitérios" ou "de costas" para a dureza e crueza da realidade vivida pelo resto da humanidade.  A capacidade de aceitar os desafios que impedem o  crescimento e a propagação dos valores do Reino, logo foram percebidos pelas comunidades e tornaram-se um conflito presente no cotidiano. Reflitamos a respeito das nossas vidas e do que nos propõe o Reino. Perguntemos sempre o que Jesus faria diante das situações do cotidiano? Como se comportaria? A resposta a estas perguntas passaram a nortear o Caminho dos primeiros seguidores e dos demais ao longo da história. Certamente, também irá guiar-nos a tod@s no tempo que se chama hoje. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Sejamos fiéis...

Quarta-feira da 29ª Semana.


A tradição, mais uma vez, registra a inquietação das primeiras comunidades com a concretização das promessas do Reino.  Esperavam que viesse dos Céus, pois na Terra estavam a cumprir o papel  e o Caminho que lhes havia sido  apontado pelos ensinamentos do Nazareno.  Note-se que estas comunidades não tiveram um contato direto com Jesus, apenas registraram a memória oral daquilo que lhes fora passado. Estamos falando de Lc 12,39-48:

39 "Ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40 Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes". 41 Então Pedro disse: "Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?" 42 E o Senhor respondeu: "Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43 Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44 Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45 Porém, se aquele empregado pensar: “Meu patrão está demorando", e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46 o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47 Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48 Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!".



É patente a inquietação das primeiras comunidades com a demora na concretização do Reino.  Era urgente uma melhor compreensão daquilo que fora objeto da mensagem de libertação.  E agora, o que fazer? Haveria algum sentido? Seriam recompensados? Afinal de contas de que adiantaria as renúncias em prol da comunidade? A partilha de bens?  E o pior é que passou-se a valorizar o sacrifício e o sofrimento como forma de redenção. Percebe-se nas entrelinhas as críticas àqueles que investidos de mais responsabilidade, abusavam da autoridade conferida sobre a comunidade. Há uma preocupação muito grande com a concretização das promessas do Reino e a transformação da realidade e que ainda persiste nos dias de hoje. É na construção de uma nova realidade que podemos perceber os sinais do Reino.  Depende de nós e da nossa fidelidade aos ensinamentos. O Reino e os seus efeitos práticos, certamente não cairão dos céus como um "pacote", um "embrulho" ou uma "prenda", pronta para consumo ao ser aberta. A construção do Reino é exigente e depende da nossa fidelidade àquilo que nos foi confiado. Na Palavra que se fez Carne, está embutida uma escolha pela humanidade e pelo ser humano. O humano criado deve buscar a semelhança ao Criador. E, a partir daí, evoluir para a perfeição. Reflitamos a respeito das nossas expectativas a respeito da mensagem do Reino que nos foi confiada e da sua compreensão na nossa realidade. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
(Nilson)

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Estejamos atentos...

Terça-feira da 29a Semana.


As comunidades começavam a ficar ansiosas com o tempo que passava e continuavam a aguardar o retorno D'Aquele que iria resgatá-los. A compreensão da mensagem propagada a respeito de Jesus e  do Reino, necessitavam ser melhor  construídas e apreendidas pelos seguidores. Era indispensável manter a Esperança viva em meio às adversidades. A conjuntura política e social não era fácil, tornando-se cada vez mais explosiva e culminando com a destruição do Templo e a Diáspora em 70 dC, além no próprio Império onde eram perseguidos.  Os seguidores não estavam alheios a esta situação. Estamos em Lc 12,35-38:


35 Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36 Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. 37 Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38 E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!


O grande desafio para o Caminho é encontrar e manter a Esperança em meio à jornada da Vida. A comunhão de vontades para a construção do Bem e da sua correlação com os grupos e a sociedade, constitui uma busca incessante da Justiça e da Paz. Este trilhar é exigente e necessita de uma constante vigilância, pois não será palmilhado com belas palavras e gestos teatrais, porém com a prática insistente do Bem, por menor e mais escondido que seja, no cotidiano das nossas Vidas. O pensar o Bem constitui o primeiro passo para a sua materialização no mundo dos viventes e a transformação da realidade.  Falar o Bem, numa segunda etapa, precisa da coragem para revelá-lo ao mundo e enfrentar as distorções da realidade. A terceira, e última etapa,  que é a mais desafiadora, consiste na prática, que pressupõe a desinstalação e a superação do egoísmo para ir ao encontro do outro, através da ação e das obras. O agir no mundo é exigente e requer um desprendimento em favor do coletivo. Não é fácil, pois o paradigma proposto é o do próprio Cristo que encontrou a Cruz! O desafio para os seguidores é imenso, a história que o diga. Pensemos nisso. Reflitamos a respeito do superação do egoísmo nosso a cada dia e tenhamos a coragem de agir em prol de um novo mundo mais conforme ao Reino, proposto por Jesus. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

A vida não consiste na abundância de bens.

Segunda-feira da 29ª Semana.


A tradição registra as reflexões a respeito da acumulação de bens e as suas consequências para a comunidade, a partir das experiências com as conversões que passaram a integrar o Caminho. Estamos em Lc 12,13-21:


13 alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo". 14 Jesus respondeu: "Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?" 15 E disse-lhes: "Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens".16 E contou-lhes uma parábola: "A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17 Ele pensava consigo mesmo: 'Que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita'. 18 Então resolveu: 'Já sei o que vou fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19 Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!' 20 Mas Deus lhe disse: 'Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?' 21 Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus".

A interpelação da pessoa que reconhecia a sapiência e a liderança de Jesus, se dirige a Ele, para resolver uma contenda relativa ao patrimônio herdado. Vê-se da resposta do Nazareno, um posicionamento a respeito da acumulação de bens: "Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?" Passa então a adverti-lo contra a ganância. Recordo que no mais das vezes que ao transitarmos pelas ruas lemos em adesivos: "Propriedade do Senhor Jesus" ou "Presente de D-us". No entanto ao final do texto é feito um questionamento que a tod@s concita, ontem ou hoje, a partir a seguinte pergunta: E para quem ficará o que tu acumulaste? A questão lança um novo olhar sobre a relação com D-us, que o recoloca num âmbito diametralmente oposto a Mensagem de Jesus.  D-us virou um dispensador de bens materiais? D-us virou um empresário? D-us passou a "agradar" as pessoas com benesses? D-us foi tomado pelo "capital"? Lembro-me de um antigo canto das comunidades:  Pensou que estava seguro/Na mesma noite morreu/Levaram só ele à cova/ficou tudo o que era seu. Reflitamos a respeito das nossas práticas. São egoístas?  E aquilo que o Pai quer para nós? O que de fato pedimos ou semeamos? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

domingo, 22 de outubro de 2017

Armadilhas e falsos dilemas.

Domingo da 29ª Semana.


A tradição nos recorda os embates enfrentados pelas primeiras comunidades no trato com as diferenças, as armadilhas políticas utilizadas pelos inescrupulosos e os interesses escusos existentes que buscavam apropriar-se do discurso do Reino. Estamos em Mateus 22,15-21:


15 Os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. 16 Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: 'Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. 17 Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?' 18 Jesus percebeu a maldade deles e disse: 'Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? 19 Mostrai-me a moeda do imposto!' Trouxeram-lhe então a moeda. 20 E Jesus disse: 'De quem é a figura e a inscrição desta moeda?' 21 Eles responderam: 'De César.' Jesus então lhes disse: 'Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.'


O problema que se coloca deve ser  analisado a partir do cenário e dos personagens envolvidos. De um lado temos, formando uma aliança estratégica entre partidos: os fariseus, que eram elitistas; os saduceus, que se caracterizavam como a representação sacerdotal; e os herodianos, que eram os apoiadores de Herodes Antipas. Estes, no seu conjunto representavam as oligarquias políticas que dominavam o povo, o Estado e toda a máquina pública. Não pode ser desprezada a capacidade que têm de superar as diferenças, estabelecerem alianças momentâneas e permanecem unidos para manutenção dos seus espaços de poder e, mais que isso, perpetuarem o exercício dos seus próprios interesses. A moeda e o imposto constituíam o simbolismo e a prática da dominação estrangeira, portanto dos romanos, sobre aquela região, caracterizando uma questão explosiva. Por isso, justamente, a comunidade classifica a ação como uma armadilha que fora armada, uma cilada, para encurralar o Nazareno numa conjuntura sem saída. Lembrando que o viés religioso, constituía apenas um verniz para uma questão eminentemente política, que tinha como pano de fundo a ocupação romana na região. No Império Romano as moedas exerciam função política, de propaganda e de cunho econômico, além de ser o tributo pago ao dominador após a submissão ao poderio militar. Estes grupos, na realidade não estavam preocupados com a questão religiosa, pois eram apoiadores das forças de ocupação, razão pela qual o Carpinteiro os chama de ‘hipócritas’. Do outro lado estava o povo, espoliado, desprezado e extorquido dos seus direitos e das condições básicas de uma vida decente. Não pode ser esquecido que dentre os seguidores do Movimento de Jesus, tinham pessoas de todos os matizes, dentre as quais Simão, o Zelote (nacionalista e contrário a qualquer pagamento de impostos), e Mateus, o publicano (cobrador de impostos). Certamente esta questão já havida sido alvo de muitos debates. A forma lisonjeira como Jesus foi abordado, não difere das que são utilizadas ao longo da história pelos políticos em relação às lideranças religiosas. O que estes grupos realmente pretendiam era criar um conflito entre Jesus e seus seguidores, buscando minar a sua liderança. A resposta é lapidar e derruba o muro existente, ao afastar a “cortina de fumaça” que era o discurso religioso e que encobria os reais interesses, dos colaboracionistas e usurpadores em conflito com o povo: 'Dai pois a César o que é de César, e a D-us o que é de D-us.' Esta perspectiva é bastante objetiva, pois busca redimensionar a questão em dois eixos: O que? A quem? No tempo que se chama hoje, equivaleria a defesa do Estado Laico, separando o falso dilema religioso, na gestão da coisa pública e das suas políticas.  A convivência das diferenças no Movimento de Jesus, está bem representada por Simão, o zelote, e Mateus, o publicano. Não são as questões religiosas que nos separam, porém, a sua utilização pelo viés oportunista da luta política pelo poder. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.








sábado, 21 de outubro de 2017

Qual testemunho?

Sábado da 28ª Semana.



As primeiras comunidades de seguidores refletiram bastante a respeito do que é dar um testemunho. Eram pessoas simples, excluídas e temerosas das situações nas quais poderiam ser expostas. É nesta conjuntura que encontramos o texto em Lucas 12,8-12:

8 Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9 Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus. 10 Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem será perdoado. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. 11 Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. 12 Pois nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer.'


Como enfrentariam as sinagogas, magistrados e autoridades? Certamente, não seria com discursos teóricos, exclusão, discriminação, perseguição, ameaça, suborno, eloquência, gritos, ascensão social, enriquecimento ou intimidação, muito menos usando o nome D'Ele em vão ou clamando a torto e a direito: Senhor! Senhor! Ao revés, a prática da justiça, da paz e da igualdade, falaria por eles. Não é o discurso de ódio e de força, que Jesus legou; porém a prática do amor, da verdade, da perfilhação de D-us, da acolhida e da dignidade humana. D-us não quer escravos, seres submissos ou medrosos. D-us nos fez para a liberdade, de cabeça erguida para a sociedade e para o Reino, construído por tod@s, com bem-estar, felicidade e necessidades básicas garantidas, já aqui no mundo! Pesemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Não tenhais medo.

Sexta-Feira da 28ª Semana.


A narrativa nos deixa entrever o crescimento do movimento de Jesus, quando 'milhares' passaram a buscar N'Ele a Esperança necessária para enfrentamento das adversidades. Estamos em Lc 12,1-7:


1 milhares de pessoas se reuniram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2 Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3 Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados. 4 Pois bem, meus amigos, eu vos digo: não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto. 5 Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este temei. 6 Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”.



O discurso do Nazareno atraía as multidões, em razão de falar-lhes a respeito dos acontecimentos do cotidiano e daquilo que os atormentava. Não era dirigido ao céu ou com palavras desperdiçadas ao vento. Emergia, sim, da motivação em demostrar que a vida poderia der diferente. As dores e as esperanças, as alegrias e as tristezas do povo também eram as Suas. Nada do que fosse humano  era causa de indiferença. Alerta para o "fermento" dos fariseus e a sua hipocrisia, que criavam "doutrinas" de entorpecimento e alienação da realidade que serviam apenas à dominação; falava das tramas, dos acordos, dos pactos e das articulações dos poderosos que eram feitas às escondidas, porém viriam a ser descobertos; e, ainda, dizia que tudo aquilo que era "cochichado" ao pé do ouvido, por medo, seria dado publicidade em face de ser fato e de ser verdadeiro. Exorta o povo a não ter medo! O reverso do medo é a coragem!  O medo congela a Vida, paralisando-a, dissecando-a e desintegrando-a. Não existia razão que justificasse o medo e o seu poder de dominação. A nossa força vem da certeza de que temos um valor inestimável, pois o sagrado em nós habita e somos parte do Amor do Pai. Não somos esquecidos,  nunca! Excluídos, jamais! O Pai nos move na Esperança, que luta pela Justiça, Paz e Igualdade, no aqui e no agora das nossas vidas e relações sociais. O mundo novo é possível,  apesar de todas as forças que tentam sufocar o Reino, aqui na Terra. O Reino não  pode ser postergado, pois dá sentido à existência humana. A Misericórdia do Pai e a Felicidade de sermos seus filhos é o que nos dignifica e nos leva a enfrentar tudo aquilo que obsta o Caminho. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Difícil realidade...

Quinta-feira da 28ª Semana.



A difícil situação conjuntural pela qual passavam as primeiras comunidades de seguidores, é narrada no texto compilado em Lc 11,47-54. Os relatos são duros e retratam a crueza da realidade e a reação dos seguidores são descritas:


47 Ai de vós, porque construís os túmulos dos profetas; no entanto, foram vossos pais que os mataram. 48 Com isso, vós sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais, pois eles mataram os profetas e vós construís os túmulos. 49 É por isso que a sabedoria de Deus afirmou: 'Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, e eles matarão e perseguirão alguns deles, 50 a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, 51 desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu vos digo: serão pedidas contas disso a esta geração. 52 Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência. Vós mesmos não entrastes, e ainda impedistes os que queriam entrar.' 53 Quando Jesus saiu daí, os mestres da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. 54 Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa, por qualquer palavra que saísse de sua boca. 

Falavam de perseguição e morte; da apropriação da ciência e sua utilização e, ainda, daquilo que poderia ser identificado como um "patrulhamento ideológico" que impediriam o acesso ao conhecimento; dos insultos e provocações; e, por fim, as ciladas ou armadinhas preparadas com relação ao discurso do Reino. Não há como querer levar esta descrição para o âmbito restrito da pessoalidade, pois se cuida de um padrão aplicado ao longo da história como medida de repressão e dominação das minorias desassistidas ou excluídas. A história humana está repleta dessas situações e, ainda, hoje podemos ver a perseguição aos Povos de Terreiros, negros, gays, transsexuais, travestis, ciganos ou moradores de rua, dentre outros.  O direito humano de ser e existir é garantido a qualquer grupo não-hegemônico na sociedade, o que chamamos de minorias. É justamente, a partir das experiências de resistência dos primeiros seguidores e da preservação das memórias compiladas, onde são mostrados o "ver", o "julgar" e o "agir", tendo como marco de reflexão  lastreadas no "ver", o "julgar" e o "agir" de Jesus e o Reino, que as comunidade de hoje refletem a realidade e as possibilidades de transformação, tornando-a mais de acordo com os valores da Justiça, da Paz e da Igualdade. Reflitamos se o nosso agir reflete o Caminho para o Reino. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O Reino de D-us está próximo de vós.

Quarta-feira  da 28ª Semana.


A tradição guardou a memória das recomendações aos seguidores a respeito do que levar para a jornada e o que deveria ser valorizado ao longo do Caminho, em Lucas 10,1-9:


1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E dizia-lhes: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3 Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: `A paz esteja nesta casa!' 6 Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7 Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8 Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9 curai os doentes que nela houver e dizei ao povo:`O Reino de Deus está próximo de vós'".


Quantos de nós pensamos a respeito da proximidade do Reino? A reflexão no mais das vezes, leva para uma dimensão temporal. Ao percebermos os sinais que são dados a partir da solidariedade, constatamos que a proximidade de que se fala, é a do tempo atual e da comunidade na qual as ações são desenvolvidas. A mudança é que provoca a transformação da realidade em uma nova dimensão, porém dentro do mesmo espaço de convivência e de relações familiares e sociais. A percepção de um momento novo, de Graça, Benção e Perdão; a cura de tod@s os males a partir de uma modificação comportamental que se abre para o outro, um sair de si e ir ao encontro, para além do egoísmo existe, numa abertura para o dom do Amor. E, tudo isso, não no campo teórico, porém a partir da prática. A constatação da-se na prática e no chão da nossa realidade de vida. Um novo mundo é possível: já, aqui é agora. Basta querermos. Depende de nós.  Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Basta às aparências!

Terça-feira da 28ª Semana.

A tradição mais uma vez guarda a lição das comunidades a partir dos embates com os fariseus. O relato encontra-se em Lc 11,37-41:

37 Enquanto Jesus falava, um fariseu convidou-o para jantar com ele. Jesus entrou e pôs-se à mesa. 38 O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tivesse lavado as mãos antes da refeição. 39 O Senhor disse ao fariseu: 'Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. 40 Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? 41 Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós.


Este é o  embate fundamental entre a misericórdia do Pai que sustenta a fragilidade humana e ajuda a sermos testemunhas de Jesus Cristo, em meio a uma realidade tão adversa. O anúncio-denúncia do Nazareno atinge em cheio aqueles que traem o cerne da mensagem que é a justiça e a paz, buscando "limpar" o exterior a partir de uma "falsa moral", baseada no engodo e na mentira enquanto sujeitam o povo a uma ordem das coisas, que gera pobreza para as famílias e para a sociedade.  Chamam a atenção, por fora, sempre estão bem vestidos e de fala mansa, por dentro cheios de corrupção e deslealdade com o bem-comum. De que adiantam as aparências, se a prática é a de restringir e negar os direitos? É a marcha da insensatez! O bem mais precioso de uma nação é o seu povo; de um estado é o cidadão.  Ninguém pode ser ou sentir-se excluído  do Amor e da atenção do Pai! Reflitamos a respeito das nossas ações e escolhas. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.







segunda-feira, 16 de outubro de 2017

'Con-versão' ao Caminho

Segunda-feira da 28ª Semana.

A leitura de hoje nos reporta àqueles momentos difíceis que são comuns na nossa jornada. O Caminho, está inserido na realidade das relações humanas, e justamente por isso, há momentos de cansaço, desertos e decepções. A tradição compilada em  Lc 11,29-32, recorda estas etapas e busca animar os seguidores.


29 Quando as multidões se reuniram em grande quantidade, Jesus começou a dizer: 'Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que Jonas.'


Vê-se a dificuldade pela qual passava o Mestre naquele momento, colocando a comunidade em sua boca um discurso que busca rebater a descrença e a rejeição ao Caminho para o Reino. É sabido que as dificuldades eram muitas nos primeiros tempos, razão pela qual é lembrada a história de Jonas e da Rainha do Sabá. Jonas converteu os ninivitas e a Rainha de Sabá vinha buscar em Salomão a sabedoria necessária para trilhar os caminhos da justiça e da paz para o seu povo. A indagação do Nazareno é desconcertante, porém igualmente é sabido que naquele momento a sua prática era questionada, justamente por mostrar-se contrária à hipocrisia e à desfaçatez da postura estabelecida e acomodada  das autoridades em relação ao status quo da sociedade de então. Lógico, que qualquer pregação que viessem de encontro aos interesses dominantes, colocaria o Carpinteiro no campo oposto. Ainda, mais, quando a sua Palavra era composta pela sua prática. Em Jesus não havia uma dicotomia, Ele era a Palavra que se fez Carne, para modificar a realidade. O mundo não constituía mais uma teoria pensada, passara a uma prática vivida e diferenciadora nas relações humanas. A maior dificuldade estava na 'con-versão' ao Caminho que indicava uma clara mudança de rumo e de direção na Vida, a partir das ações e não de uma tese. É, a partir daí, que o incomodo se estabelece, a inquietação cresce e  a compreensão da realidade passa por uma mudança radical. Já imaginaram um "zé-ninguém", do povo, chegar diante das autoridades de então, dizer, pregar e convencer, que ela (autoridade) não era maior ou melhor que Ele? Que pelo contrário, estava carregado pela responsabilidade e que em razão disso seria cobrado? Que o poder legitima-se enquanto serviço que se presta ao povo, ao coletivo e ao bem-comum? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Crédito da imagem: Samuel Osmari.

domingo, 15 de outubro de 2017

15/10 - Santa Teresa de Ávila


15/10 - Santa Teresa de Ávila
Mulher lutadora, doutora, reformadora... 
portadora de uma santa teimosia ... 
Mulher destemida, simples, desafiadora, ... 
sabedora da força da sua fé e de onde queria chegar!



Nada te turbe nada te espante




"Nada te turbe nada te espante;
quien a Dio tiene nada le falta.
Nada te turbe, nada te espante;
sólo Dios basta.


Solo verses:
Todo se pasa, Dios no se muda,
La paciencia todo lo alcanza.

En Cristo mi confianza,
y de Él solo mi asimiento;
en sus cansancios mi aliento,
y en su imitación mi holganza.

Aquí estriba mi firmeza,
aquí mi seguridad,
la prueba de mi verdad,
la muestra de mi firmeza.

Ya no durmáis, no durmáis,
pues que no hay paz en la tierra.

No haya ningún cobarde,
aventuremos la vida.
No hay que temer, no durmáis,
aventuremos la vida".

Sta. Teresa de Ávila



O banquete está preparado para tod@s!

Domingo da 28ª Semana.



A tradição guarda na memória, em forma de charada, a estória contada que alude ao convite de um rei para a festa de casamento do seu filho. E, mais uma vez, usa de um artificio para falar do Reino. O convite exige uma resposta. A dinâmica da Vida não pode esperar.  Estamos falando Mt 22,1-14.


2dizendo: 'O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. 4O rei mandou outros empregados, dizendo: Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!' 5Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, 6outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram. 7O rei ficou indignado e mandou suas tropas para matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. 8Em seguida, o rei disse aos empregados:`A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. 9Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes.' 10Então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados. 11Quando o rei entrou para ver os convidados, observou ali um homem que não estava usando traje de festa 12e perguntou-lhe: `Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?' Mas o homem nada respondeu. 13Então o rei disse aos que serviam: `Amarrai os pés e as mãos desse homem e jogai-o fora, na escuridão! Ali haverá choro e ranger de dentes'. 14Por que muitos são chamados, e poucos são escolhidos.'


A intensidade do texto, mais uma vez, vem ressaltar a dureza e crueza da realidade  vivida àquela época e, ainda, hoje nas relações sociais. A mensagem não é "adocicada" ou "desencarnada" como muitos querem e, assim, buscam alienar as propostas do Reino, levando-as para o pós-morte ou, mal comparando, como se fosse um "investimento" para comprar a vida eterna e o direito de residir num lugar destacado para os "eleitos". A aplicar uma pedagogia de "subornos" e de "ameaças" em nada condizente com o D-us de Amor! D-us não tem predileções pessoais, muito menos por aqueles que muito falam e pouco, ou nada, fazem para tornar este mundo um lugar melhor para a "con-vivencia" humana. E tornar este mundo melhor, pressupõe o respeito, a justiça, a paz e a igualdade de condições para tod@s, em prol do coletivo. D-us não vem favorecer um "punhado" de pessoas. D-us não favorece cor, status, credo, liberdade, segurança, bem-estar, sexo, sexualidade, enfim qualquer situação que sirva para diferençar ou excluir as pessoas. A predileção de D-us dar-se, como Pai-Criador, expressa na sua infinita Misericórdia pelas situações relatadas nas Bem-aventuranças, pois vem em socorro dos filh@s amad@s.  O valores são concretos e os embates dão-se  em relação aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, pois esta era a elite política que representava a dominação, juntamente com o poderio estrangeiro de ocupação. Eram, no mais das vezes corporativistas, despreparados, corruptos, retrógrados, fundamentalistas, hipócritas, egoístas que apenas pensavam nas formas possíveis de manter-se no poder e de locupletar-se com tudo o que sugavam do povo, por meio de impostos e extorsões, além de não representarem os interesses da população. Havia um distanciamento muito grande, um verdadeiro abismo entre esta elite dirigente e a população . Não é à toa  que nos embates relatados, estão no lado oposto ao do Nazareno. Reflitamos a respeito da nossa Vida e nos posicionamentos que tomamos ao longo do Caminho. Pensemos no nosso papel social desempenhado. Reflitamos em qual grupo de convidados estamos incluídos? Que a paz esteja com tod@s!



Imagem colhida na internet. Crédito não conhecido.