quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Quero misericórdia e não sacrifício.

Quinta-feira da 24ª Semana.


A dimensão humana da compreensão da Missão do Nazareno é posta em poucas palavras: "Quero misericórdia e não sacrifício". Este tema nos é apresentado em Mt 9,9-13, pela tradição compilada pelas comunidades:

9 Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores? 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa: “Quero misericórdia e não sacrifício”. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.


Certamente os primeiros seguidores tiveram muitas dificuldades para serem aceitos pela sociedade, após a execução de Jesus, em razão do sinal de contradição que representavam. No caso de Mateus, por exemplo, integrava o grupo social dos "cobradores de impostos" que eram desprezados e discriminados a parir da sua profissão: eram considerados corruptos, representavam o poder e a extorsão da dominação pela potência estrangeira. Alie-se a isso, o fato de que a trama urdida nos bastidores pelos poderosos de então, que tiveram seus interesses contrariados, mantinham bastante vivo o ódio e o desprezo, através de uma campanha difamatória. Definitivamente o Mestre e os seus seguidores não guardavam o papel tradicionalmente aceito, pelo padrão imposto pelo senso comum, que divinizava os ritos e formalidades para manterem fortes e visíveis os laços que impunham ao povo os grilhões da servidão. E não existe pior servidão que a voluntária!  A mensagem da Misericórdia liberta os servos,  os espoliados e os escravizados, justamente a partir da mudança de ótica, colocando homem como centro do universo e obra perfeita da Criação e de todo o bem que for possível realizar, dando um novo sentido à existência humana. A Misericórdia é exigente, pois não tem limite, não tem forma e não tem padrão. Já o sacrifício constitui a negação da dignidade humana e da divindade. Não podemos olvidar do forte conteúdo alienante contido nas prescrições rituais e culturais. A Boa-Nova extirpa os grilhões que limitam o humano e abre as portas para a evolução como obra de Amor. A Misericórdia é um dos rostos de D-us! Não nos esqueçamos disso. Se desejamos ver a Face do Pai, sigamos os Caminhos da Misericórdia e da compreensão da divindade humana expressa no outro, no próximo e na comunidade.  É urgente revermos as nossas relações sociais para que expressem o rosto da Misericórdia do Pai É urgente revermos estas mesmas relações para que sejam, de fato, libertadoras e despidas de "pre-conceitos". A aventura humana na jornada da Vida e do Caminho, exige um coração aberto e cheio de Misericórdia para os encontros com os companheiros de travessia. Reflitamos a respeito da nossa disponibilidade para o exercício da Misericórdia. Estamos abertos a essa compreensão da dimensão social da existência humana? Estamos disponíveis ao aprendizado pelo exercício da Misericórdia? Estamos conscientes da nossa capacidade de realizar a Misericórdia? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
(Aílton)

Imagem colhida internet. Crédito não conhecido.

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