terça-feira, 26 de setembro de 2017

Os laços dos afetos!

Terça-feira da 25ª Semana.


O texto compilado em Lc 8,19-21 nos recorda que os laços que nos unem proveem mais do afeto e menos do sangue, como consequência da mensagem do D-us Amor e Bom, que nos foi mostrado pelo Carpinteiro de Nazaré:

19 a mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. 21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.


Aparentemente duras, estas palavras expressam a realidade na qual os serres humanos estão mergulhados. As interpretações que foram propagadas ao longo dos tempos  buscaram colocar o verniz de um "Jesus adocicado" e descolado das relações sociais existentes. Note-se que se por um lado, o Mestre não rejeita ou desautoriza os laços familiares, por outro, os coloca sob a ótica do afeto e do amor existente. O que cria e une as famílias? A respostas será sempre o Amor, que vem do Pai e a tod@s envolve e enlaça. Por que as relações se dissolvem? Porque fenece, falta ou o Amor é esquecido. Para tanto, basta vislumbrar ao logo da história as relações consanguíneas que não foram capazes de sobreviver à ausência de afeto. Há quanto tempo você não encontra com os seus parentes? Há prazer e alegria nestes encontros? Há afeto nas nossas relações sociais? Qual a nossa motivação? O amor não nasce por decreto, não subsiste pela obrigação e não perdura na ausência do respeito! Apenas o Amor é capaz de conciliar, pois as relações afetivas deterioradas levam a extremos que emergem, a partir da liberdade na escolha da conduta humana. Até onde o ser humano é capaz de agir em razão de seu livre arbítrio? A  liberdade dá ao homem a escolha em contrariar o que é "lícito" desde uma pequena banalidade até uma trágica e irreversível fatalidade como os parricídios ou patricídios, matricídios, uxoricídios ou matricídios, fratricídios e homicídios. A ótica de Jesus, a partir da escuta e da prática do cerne da mensagem que é o Amor, enquanto fenômeno, contempla e insere no seio da sociedade, um novo olhar sobre as relações sensíveis e concretas da realidade existencial. Não é privilegiada a norma que escraviza, porém o amor que liberta, dá coragem e impulsiona as mudanças necessárias para a construção de um mundo novo. Para o desamor podem existir mil razões, porém para a existência humana basta uma, amar. Não existe tanto amor disponível no mundo que possamos desperdiçá-lo! Pensemos nas nossas relações familiares e sociais! A desilusão, o rancor, a solidão, o medo, a miséria, a desnutrição, os maltrapilhos, os famintos, o povo sofrido subjugado pelos hipócritas que vivem do seu sangue, violado nos seus sonhos e direitos, os espoliados, os abandonados, as vítimas do ódio, do preconceito, da discriminação, da violência, da morte e das "balas perdidas", os refugiados... constituem periferias existenciais nas quais o mundo vive mergulhado. A dura e injusta realidade no pode continuar a sê-lo! Pensemos na realidade humana na qual estamos inseridos! Como podemos levar o Amor e colher o Amor? Assim Santa Tereza de Ávila, asseverava, o que nos traz esta indagação a respeito do nosso agir. Que a paz esteja com tod@s!



Crédito da foto: Samuel Osmari.

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