Quinta-feira da 20ª Semana.
Quando trilhamos no Caminho ao longo vida, no mais das vezes desprezamos ou simplesmente ignoramos, os sinais que nos são dados a cada passo. Natanael era um homem sincero e sem falsidade e, em assim sendo, expressou todo o seu desprezo em relação ao Mestre, pois a sua origem não o recomendava:
45 Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. 46 Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!”
Ao nosso humano sentir, somos condicionados por uma sociedade baseada na espoliação do capital e na luta desavergonhada pelo poder, alimentada pela corrupção, que retira o pão, a saúde, a habitação e os diretos mais fundamentais do alcance dos empobrecidos e trabalhadores. Tudo é sacrificado no altar do deus "Mercado". Necessitamos, urgentemente, acreditar na força dos pobres e das periferias da existência humana: nossos iguais. Basta de "salvadores" encomendados à mídia. Já tivemos muitos exemplos ao longo da história, verdadeiros deuses de pés de barro. A história preservada pelas primeiras comunidades de seguidores nos mostra que o Caminho nos aponta do centro para a periferia. É lá que o Pai fez os seus prodígios: D-us e os profetas que agiram na história, o fizeram em meio aos escravizados, espoliados e injustiçados, trazendo a libertação; o Filho nasceu numa estrebaria em meio aos pobres e num comedouro de animais, na periferia de Belém, subvertendo a ordem estabelecida e deslocando o poder dos reis, que foram ao seu encontro; vale lembrar, ainda, que o Carpinteiro foi criado na longínqua e miserável Nazaré, incrustada numa terra que era berço de inúmeras revoltas e de líderes executados;por fim, o Filho de José, se fez classe na oficina que nada mais era que um "fundo de quintal" ou "pé de escada", como hoje conhecemos, que abrigava os serviços de um "faz tudo" ou "biscateiro". Não é à toa que Jesus não desmente Natanael, antes, porém mostra-lhe o que era de outro modo, para além da tacanha visão da hegemonia dominante de então:
48 Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50 Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!”
Levemos esta lição para as nossas relações sociais e percebamos quão preconceituosos somos e o quanto vivemos imersos em nossas discriminações, sejam decorrentes da xenofobia, do gênero, da raça, da cor, da sexualidade, de classe, de tudo... e até de torcida de futebol. Precisamos olhar além das divisões que são alimentadas e não têm qualquer sentido para a Criação do Pai, pois todos somos filhos. Em determinado país, um ex-operário chegou a chefe estado, mostrando o seu carisma e a força dos trabalhadores. Lá foi cercado pela vassalagem interesseira de plantão: as velhas oligarquias. Dentro de um sistema extremamente injusto, passou a criar projetos de distribuição de renda e de inclusão social, retirando milhões de pessoas da linha da fome e da miséria, sendo elogiados e copiados por vários países. Os excluídos passaram a ter acesso a habitação e educação. Filhos de gari e de faxineira, negros e empobrecidos, passaram a ter ingresso nos cursos superiores, antes frequentados pela elite, que eram públicos e gratuitos, enquanto que para os privados financiou a entrada dos desprovidos financeiros. Fundou universidades, mais do que qualquer outro mandatário. Médicos estrangeiros foram enviados aos confins do país, onde os nacionais não tinham interesse em ir. Farmácias populares foram instituídas e muitos medicamentos foram subsidiados ou distribuídos gratuitamente. Linhas de crédito foram abertas para os pobres e os favelados. Nem tudo era perfeito, todos o sabemos. Com a crise econômica mundial vinda do exterior, os espoliadores e a mídia urdiram um cânon de ódio aos empobrecidos e direcionaram a determinado partido; arranjaram uma forma de mudar a gerência, colocando as velhas raposas a pastorear o rebanho. E, o resto todos sabem como aconteceu. E, hoje sofrem as consequências. Muitos, não creram nos sinais de uma realidade mais justa e buscaram nas raízes do preconceito, o retrocesso que imaginaram que os garantiriam. Quantas vezes o nosso preconceito cerra os nossos olhos e nos levam à visões distorcidas? Quantas vezes nos deixamos enganar ou sermos enganados pelo preconceito? A quem serve a nosso preconceito? Pensemos em nossas posições diante dessa realidade. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Autoria não conhecida.