Quarta-feira da 13ª Semana.
Reflexão interessante nos é colocada pelo texto de hoje, Mt 8,28-34. A situação se passa na região dos gadarenos, logo de não-judeus. A expiação dos pecados na antiguidade se dava de maneira simbólica, com a transferência do "mal" com as responsabilidades e sequelas para um animal. Quem já não ouviu falar da figura bíblica do "bode expiatório"? Assim era chamado o animal escolhido para penitenciar-se de todas as culpas. Por outro lado, vê-se que nesta região foi escolhido, conforme a tradição, um animal, porém impróprio para o consumo e o sacrifício, segundo as normas de higiene levíticas para os judeus: o porco. Dentre os judeus difícil seria imaginar as "manadas de porcos", pois não tinham valor econômico para o consumo humano. A seguir, vemos o quadro em que estas duas pessoas, atormentadas e sem controle, dirigem-se ao Carpinteiro, que andava por terras estranhas. Note-se que mais uma vez, de maneira pública, o Mestre cura até os gadarenos, que não são judeus. O texto estar a demonstrar a possibilidade da mensagem do Reino atingir a tod@s que a buscam indistintamente, sem qualquer exclusão, até aos rejeitados pelos outros povos que não reconheciam a lei, a fé e os costumes judaicos à época, ou seja, os estrangeiros (povos vizinhos) desprezados, maltratados e enganados, vítimas de uma visão xenófoba e desvirtuada de "povo eleito". A Misericórdia do Pai a tod@s alcança e toca sem qualquer distinção. Se pela lei judia, o bode seria o animal prescrito para a purificação pela expiação dos pecados humanos, a leitura nos mostra que até o mais "imundo", "desprezível" e "improprio" dos animais para o consumo, servirão para expressar a extensão da Misericórdia do Pai que a tod@s busca e enlaça. O Amor não conhece limites! Não reduzamos o poder da mensagem transformadora do Reino e a sua dimensão à meras especulações de caráter mitológico. O Poder do Pai Criador de tudo e de tod@s sempre será muito maior que as figuras lendárias criadas pelos humanos, para que possam responsabilizar pelos seus próprios desmandos, ações espúrias e condutas impróprias de ordem pessoal, social ou psicológica. Note-se que a principal queixa apresentada como justificativa é a violência perpetrada contra os que por ali transitavam. Saíram de seus "túmulos" ou dos seus esconderijos? Esta é uma velha técnica que atribui o mal a outrem e expurga a responsabilidade do criminoso. Nada mais "prático" que delegar a responsabilidade pelo cometimento do delito a outrem e gozar das benesses da reintegração social, sem qualquer punição. Em outras palavras, "repassar" a terceiro que assume a culpa e o castigo. Lembro agora dos que são denunciados criminalmente, perante à justiça. Quando não há defesa, buscam a mentira para exculpar-se ou a detratação pública do promotor ou procurador de justiça, que tem o múnus do Estado para buscar a promoção da Justiça. Escolhem a mentira e o engodo ao invés de se defenderem e provar a inocência. Alguma semelhança com os dias atuais? Não sejamos reducionistas do Poder do Pai! Olhemos com inteligência para além do senso-comum. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!
Imagem colhida na internet. Autoria não conhecida.
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