domingo, 31 de dezembro de 2017

Meus olhos viram a tua salvação.

7º Dia da Oitava do Natal.



O texto de hoje não constitui um relato histórico dos fatos ocorridos, porém uma resposta aos questionamentos das comunidades de seguidores convertidos do paganismo. Os relatos da tradição oral foram compilados na década de 80 do Séc I. Estas comunidades, embora nascidas dos seguidores de origem judaica, eram diferentes e traziam em si outra problemática. Estas comunidades sofriam com as diferenças e eram 'sinal de contradição' (Lc 2,34),  pois existiam muitas tensões. Os convertidos do paganismo não correspondiam ao que era esperado pelo povo do Antigo Testamento. Lucas busca mostrar que é possível acolher o novo, sem desmerecer ou menosprezar o antigo. Estamos em Lc 2,22-40.


22 Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23 Conforme está escrito na lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24 Foram também oferecer o sacrifício "um par de rolas ou dois pombinhos" como está ordenado na Lei do Senhor. 25 Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26 e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27 Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28 Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30 porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33 O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35 Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”. 36 Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37 Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38 Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. 40 O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.


No início do Evangelho de Lucas nos é relatado o nascimento de João Batista e de Jesus. Mostra-nos os pais do primeiro, Isabel e Zacarias, e Maria e José como  pessoas que respeitavam e que cumpriam tudo o que era determinado pela Lei. Ana e Simeão e, ainda, os pastores, testemunham que D-us cumpriu as promessas em favor dos pobres (anawim). A misericórdia do Pai, se revela em Jesus. Há muita alegria, ternura e encantamento por este D-us que revelou a sua Face àqueles que souberam esperar pela sua vinda. Havia chegado a plenitude dos tempos e o Filho nascera de uma mulher. Simeão esperava pelo Messias Poderoso, no entanto o encontra entre tantos casais pobres que foram ao Templo para apresentar seus primogênitos. Há uma atenção constante com a participação das mulheres e um preocupação com os pobres excluídos da sociedade) e qual mensagem levar até eles. Mostra-nos que o Filho veio cumprir as profecias do Antigo Testamento, acolher a tod@s e atender o que há de mais profundo no coração da humanidade, da sua dignidade e do respeito à criatura à imagem e semelhança do Criador. Para Lucas, o rosto de D-us é Ternura e Misericórdia. Pensemos que a família de Nazaré não era uma família 'convencional', porém formada pelos laços de Amor, não de parentesco. Afinal, Jesus era Filho de D-us, Maria (conforme a tradição da Igreja) foi virgem, antes, durante e após o nascimento de Jesus, e José zeloso e amoroso, aceitou ser o 'possível pai' e orientar o Menino, durante o seu crescimento. É o Amor que forma as famílias! Felizes sejam os nossos dias de Vida. Feliz Ano Novo! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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sábado, 30 de dezembro de 2017

Ana, protagonismo do feminino.

6º Dia da Oitava do Natal.



O texto de hoje é a continuação da Apresentação do Senhor no Templo, de igual maneira, segue no mesmo tema. Hoje, temos Ana, profetisa e idosa, viúva que mantinha-se firme aguardando o cumprimento da promessa. Estamos em Lc 2,36-40.

36 havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37 Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38 Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39 Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. 40 O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

Simeão e Ana, haviam vivido na Esperança da vinda D'Aquele, que restauraria a justiça, o bom e o justo. Aqui temos a lembrança de outras mulheres do Antigo Testamento, como Judite e Débora. Destaca-se a presença e protagonismo do feminino, ao longo da história. A Lei de Moisés (Dt 19, 15), exigia o testemunho de duas pessoas, para certificação do ato como verdade. E aqui temos as duas testemunhas: Simeão e Ana, idosos, esperançosos e confiantes na vinda do Cristo Libertador, o Messias que iria conduzir dali por diante, o povo sofredor e sedento de liberdade, para a Terra da Igualdade, da Justiça e da Paz. Testemunharam o momento em o Antigo sede o lugar ao Novo Testamento, o nascimento de uma Nova Aliança entre D-us e tod@s os povos como Filhos da Criação, o D-us Pai de Amor pelo Humano,  o D-us Encarnado. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Agora Senhor podeis deixar partir em paz teu servidor.

5º Dia da Oitava do Natal.


O texto de hoje, vem de Lucas, pagão convertido ao cristianismo, tendo sido escrito por volta dos anos 80 do Séc. I, a partir dos relatos das tradições orais das comunidades a respeito de Jesus. A vinda de Jesus, o Cristo, é o grande evento que atemorizou a Herodes, a Jerusalém e aos poderosos, de um lado, e por outro fez exultar o coração dos justos, dos pobres e exaltar Belém, a menor de todas as cidades de Israel. Estamos em Lucas 2,22-35.


22 Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23 Conforme está escrito na Lei do Senhor: "Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor". 24 Foram também oferecer o sacrifício "um par de rolas ou dois pombinhos" como está ordenado na Lei do Senhor. 25 Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, 26 e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27 Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28 Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29  "Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30 porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel". 33 O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: "Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35 Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti uma espada te traspassará a alma".

Simeão e Ana, são pessoas de fé profunda, de esperança inabalável e de confiança na promessa de D-us virá em socorro do seu povo, os 'pobres de Javé'. Simeão é um homem do povo, que mantem os olhos no horizonte e aguarda o consolo que virá de D-us. Se no presente não há o sol, apenas as trevas, ele mantém a esperança na aurora que virá, no novo dia que irá nascer. Embora 'avançado nos anos', manteve firme a esperança. Este cântico não é um canto de despedida, porém daqueles que mantêm firme a confiança nas lutas do cotidiano. Toda realidade é passível de mudança. E os seus olhos viram a esperança N'Aquele Menino, levado ao Templo pelo pais para cumprimento da lei que determinava que o primogênito fosse consagrado a D-us. Temos aqui a história de uma espera e de um encontro. Na Vida a expectativa e a Esperança não ficam sem resposta. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Santos inocentes e refugiados.

4º Dia da Oitava do Natal.


As comunidades de Mateus relatam a tradição compilada acerca dos episódios posteriores ao nascimento do Menino. Não se cuida de um relato histórico, porém da visão dos seguidores a respeito da visita dos magos do oriente, de onde vem o sol e de onde nasce a vida. Os povos do oriente, portanto estrangeiros discriminados pelos povo de Israel, que não esqueceram das invasões e do exílio, já reconheciam o nascimento do Filho do D-us Encarnado, que vem para tod@s. Estamos em Mt 2,13-18.


13 Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14 José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15 Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho". 16 Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17 Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18"Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais".

As atenções se voltam para a periferia, para a pobreza de Belém, em contraposição à Jerusalém, centro do poder político e religioso, que explora, que discrimina, que trama a morte dos empobrecidos. Para aquele poder central, subserviente ao capital e as forças de ocupação, não existiam pessoas, porém números geradores de receita, que não eram merecedores de qualquer cuidado ou respeito, apenas mão-de-obra barata a serviço dos poderosos. Razão primordial do censo romano para a cobrança de impostos e de valor meramente econômico. O controle escapa das mãos do 'poderoso rei-fantoche', gerente dos interesses escusos, odiosos e hediondos, que não vacila em mandar massacrar as crianças inocentes. Maria tem pressa! Com José e o Menino, fogem para a segurança do país estrangeiro, tornam-se refugiados como única solução para defender a Vida do Pequeno. O D-us Encarnado se move entre nós, entre os empobrecidos, entre os excluídos, entre os rejeitados, entre os discriminados, entre os sem-teto, entre os sem-terra, entre os migrantes, entre os perseguidos. Este D-us, definitivamente, assumiu as dores dos empobrecidos e caminha com o seu povo! É o D-us da Esperança e a Força da Vida! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s! 

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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Ele viu e acreditou.

3º Dia da Oitava do Natal.



A comunidade de João busca enfatizar a necessidade de acreditar naquilo que era inexplicável à humana percepção, porém repleta de significado para uma nova realidade do Reino. O Carpinteiro completara a sua missão, agora caberia à comunidade de seguidores a continuidade do Caminho. Estamos em João 20,2-8.


2 Maria Madalena saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 3 Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4 Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5 Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6 Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7 e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8 Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou.

Chama a atenção o deslocamento do protagonismo dessa passagem compilada pela tradição. As mulheres é que levam a notícia a Pedro e a João. Há algo de novo a acontecer. O que era velho, cede ao novo. As estruturas do patriarcalismo foram suplantadas. A partir de agora tod@s são sujeitos da história. Neste novo tempo pensemos no que de novo possamos criar. Que o novo, na alegria do D-us Menino, supere o velho e carcomido mundo dilacerado pela dor, pelo preconceito e pelo ódio. Que a Vida suplante a morte. Que triunfe a Esperança por um mundo mais igualitário, justo e humanizado. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Estêvão, foi o primeiro.

2º Dia da Oitava do Natal.


A comunidade de Mateus, mais próxima dos costumes judaicos, nos recorda que a presença do D-us que está no meio de nós e nos faz sentir-nos confiantes para o enfrentamento das adversidades: um novo tempo nasceu. Estamos em Mt 10,17-22.

17 "Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18 Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações. 19 Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. 20 Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21 O irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra seus pais, e os matarão. 22 Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo".

A Encarnação do D-us Menino, dar-se em meio à estrema situação de exclusão, de rejeição e de discriminação geradas pela sociedade humana. O D-us que nasce em Belém é de 'carne e osso', portanto palpável aos nossos sentidos. Em meio a realidade mais difícil, hostil e geradora de morte, Ele caminha conosco e entre nós. A concretude da Esperança que nasce nos lugares mais imprevistos é a que movimenta os seguidores no Caminho para o Reino. E, hoje, é lembrado o primeiro martírio, o do jovem Estêvão em Jerusalém. O Menino vem fazer-se presente em nossa história. Estêvão acreditou N'Ele e na força da sua mensagem que emerge em meio ao povo. O Sol que brilhou na história, lançou sua Luz sobre a humanidade. E as trevas não passarão! Pensemos nisso. Que a paz esteja com todos!


  

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

O novo começo.

1° Dia da Oitava do Natal.


A comunidade reflete a respeito de um novo começo para a humanidade que foi trazido pela encarnação do Verbo, com o nascimento do D-us Menino, a partir do começo de tudo, com a Criação. Estamos em  João 1,1-18.

1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2 No princípio, estava ela com Deus. 3 Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4 Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6 Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7 Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9 daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10 A Palavra estava no mundo - e o mundo foi feito por meio dela - mas o mundo não quis conhecê-la. 11 Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12 Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13 pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14 E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15 Dele, João dá testemunho, clamando: "Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim". 16 De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17 Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18 A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

E quanto a nós? Qual o significado deste novo começo? A Graça habitou em nosso meio. O Amor vive entre nós. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s.

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domingo, 24 de dezembro de 2017

Feliz Natal!

Domingo da 4ª Semana.


Chegamos ao final do Tempo da Espera. O texto da comunidade de Marcos não faz menção a Anunciação, por isso estamos em Lc 1,26-38. A mensagem nos coloca diante do Mistério da D-us que se encarna e intervém na história dos homens. Estamos a falar de um evento extraordinário: o encontro e o diálogo entre o Divino e o Humano, que passa a habitar a Terra.

26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.


O anúncio feito e a escolha de Maria, nos mostra que a história passa a ser escrita a partir dos pequenos. Havia decorrido seis meses desde o primeiro anúncio, que nos trouxe João Batista. Enquanto este foi um anúncio que ocorreu no Templo de Jerusalém, um lugar central na capital política e religiosa do país, e a um representante da elite sacerdotal responsável pelo culto (Zacarias, esposo de Isabel, a prima já idosa de Maria). Agora, Gabriel, o anjo, desloca-se para a periferia do ‘mundo’. Nazaré nada mais era que uma pequena povoação da Galileia, uma terra desprezada com habitantes vistos com desconfiança e discriminação. É para esse lugar que D-us envia o seu mensageiro, a uma virgem que pela cultura machista era vista como uma mulher sem papel definido na sociedade, pois não procriara. E, ainda, com o complicador de estar prometida a José. Maria efetivamente corria risco. A ação de D-us a favor da humanidade, se por um lado não é previsível, por outro, considera as promessas feitas aos antigos. O novo surge do velho; o velho dá lugar ao novo; da antiga aliança surge a nova aliança. Embora uma nova era na história da salvação estivesse para acontecer, a comunidade  busca demonstrar a continuidade desta história e da ação contínua de D-us em favor da humanidade, levando as antigas promessas ao seu cumprimento. Por isso, apresenta José como descendente de Davi, mostrando que a nova história começa como cumprimento da velha promessa; as duas alianças se unem. Maria, alegrou-se. Alegremo-nos, também nós. É chegado o Emanuel, o D-us em nosso meio. O Senhor está contigo, Maria. Conosco, igualmente Ele está. Maria, recebeu gratuitamente o Amor de D-us. Nós, igualmente somos destinatários deste Amor. Nós não somos merecedores ou virtuosos, porém o Amor de D-us é dom e nós somos os seus filhos muito amados. A Graça de D-us a tudo supera e a nós acolhe. Há uma Missão muito importante para se cumprir e Maria tem pressa: é uma jovem, ainda, solteira, que aceita o desafio de engravidar, num tempo terrível, numa terra ocupada sob o jugo estrangeiro, em meio às situações existenciais mais adversas.  Enfrenta a José, um possível pai, que se mostrou inseguro para aceitar a situação e, ainda, segue para auxiliar a Isabel, durante a gravidez. Certamente, também precisou do apoio de Isabel, mulher que seguramente ajudou-a a compreender a alegria de ser mãe. Prestes a dar à luz, é forçada pelo poder estrangeiro de ocupação, a deslocar-se de Nazaré para Belém, enfrentando uma árdua jornada para atender às exigências de censo, que nada mais era do que uma lei de controle, de exploração econômica e instauração de um regime que servia à morte, com consequências terríveis para aquela terra pobre e periférica.  É neste contexto que nasce um galileu, chamado Jesus, que significa ‘D-us salva’. A partir de agora as religiões não terão mais poder algum, pois as promessas do Antigo Testamento, foram cumpridas a partir dos pequenos e das margens da sociedade, que será essa a principal característica do Reino que está prestes a ser inaugurado, sem cetro, sem coroa, sem dinastia, sem sucessão, sem trono... apenas num comedouro para animais, na mais estrema pobreza e abandono, pois não havia lugar para Ele nas casas de Belém. Maria é protagonista numa sociedade machista, José, coadjuvante. É o tempo novo que se inicia e traz novas relações sociais.  Este Rei não terá sucessores e o seu Reino não terá fim, contrariamente ao reino de Israel que feneceu. A fé de Maria é questionadora. D-us não responde aos questionamentos com o castigo. Devemos primar por uma fé adulta, responsável e perspicaz. Não podemos nos permitir sermos infantilizados pelos ‘mercadores da fé, do sagrado e do divino’ e pelos ‘mecanismos de exploração’.  O agir de D-us agir é surpreendente, ao romper com o patriarcalismo na tradição familiar. A intervenção da figura masculina foi dispensada. Olhemos para a periferia, para os desprezados, para os silenciados. O centro foi deslocado para os que vivem à margem da história e das relações humanas. Estamos diante do limiar de uma nova família e de uma nova sociedade, sejamos construtores de uma nova sociedade marcada pela igualdade de relações e de uma nova realidade mais justa e fraterna. Nesta noite santa do Mistério do Nascimento do Menino D-us, pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s e que nos nossos lares e no nosso mundo percebamos a Graça que a nós chegou e em nosso meio habitou. Feliz Natal!

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sábado, 23 de dezembro de 2017

Completou-se o tempo.

Sábado da 3ª Semana.


A comunidade de Lucas registrou um momento muito importante para a chegada do D-us Encarnado. A história havia completado o seu ciclo. O tempo havia esgotado. A profecia estava prestes a ser cumprida. Ele está para chegar. Lucas 1,57-66.



57 Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 59 No oitavo dia foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60 A mãe porém disse: “Não! Ele vai chamar-se João”. 61 Os outros disseram: "Não existe nenhum parente teu com esse nome!" 62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse.  63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. 64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judéia. 66 E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que virá a ser este menino?" De fato, a mão do Senhor estava com ele.


João Batista, o precursor, nasceu. O tempo e as profecias foram cumpridas. É este o teor da mensagem. Está preparado o Caminho. Agora, aguardavam por Aquele que João não era digno de desatar as sandálias: o Sagrado D-us que fez-se Carne e assumiu a nossa humanidade num compromisso de Amor. E nós? Estamos dispostos a recebê-Lo em meio a nossa existência e torná-Lo realidade em nosso meio? Já é para amanhã! E neste contexto o amanhã já é hoje! Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Cântico de Esperança e Justiça.

Sexta-Feira da 3a Semana.


A comunidade de Lucas muito refletiu a respeito da Misericórdia de D-us pelos seres criados, homem e mulher. O D-us Encarnado em Jesus vem nos mostrar a humanidade como filha de Suas Mãos. Estamos em Lc 1,46-56.


46 Maria disse: "A minha alma engrandece o Senhor, 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48 porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49 porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem. 51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53 Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. 54 Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre". 56 Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.


Este D-us é o D-us que olha para os  empobrecidos, miseráveis e humilhados. O D-us que se encanta com o seu povo e faz grandes coisas em seu favor. O D-us que não pode ser esquecido, pois do Seu povo Ele não esquece. O D-us que mostrou seu bem-querer ao longo de inúmeras gerações da humanidade. O D-us que mostra a força do seu braço em favor dos injustiçados. O D-us que dispersa os soberbos e derruba os poderosos dos conchavos, das intrigas e dos seus tronos. O D-us que enche de bens os famintos e despede os ricos, em razão do egoísmo, fazendo distribuição de renda e justiça aos empobrecidos. O D-us que vem em socorro do seu povo e o liberta da escravidão. O D-us que restabelece a Justiça e a Paz. O D-us que restaura a alegria de viver. O D-us que é presente na história e caminha ao lado do Seu povo. Este é o D-us de nossos pais. Este é o D-us de Maria e do Magnificat. Este é o D-us que se fez Carne em Jesus. É este o D-us que recordamos e celebramos o nascimento no Natal. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Bendito é o fruto do teu ventre!

Quinta-feira da 3ª Semana.


Caminhando pela vida com simplicidade e alegria no serviço ao Reino. O Evangelho da Misericórdia descreve a viagem de Maria, para auxiliar a sua prima Isabel, idosa e gestante. Estamos em Lc 1,39-45.

39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!" 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45 "Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu".

Estamos caminhando para o Natal do Senhor. Como vamos viver este momento na misericórdia partilhada com os irm@s? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s.

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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Alegra-te!

Quarta-feira da 3ª Semana.


A comunidade de Lucas ressalta a misericórdia de D-us para com o seu povo. A visita do anjo Gabriel a Maria, recorda as visitas havidas ao longo do Antigo Testamento a outras mulheres, para anunciar o nascimento de um filho que agiria de acordo com os planos de D-us.  Podemos recordar: Sara, mãe de Isaque (Gn 18, 9-15), Ana, mãe de Samuel (1 Sam 1, 9-18) e a mãe de Sansão (Jz 13,2-5). Estamos em  Lc 1,26-38:


26 o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34 Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque para Deus nada é impossível”. 38 Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

As necessidades da vida são concretas. Esta mulheres enfrentaram os limites das condições físicas e das relações sociais. Não podemos esquecer que Isabel, mãe de João Batista, enfrentou uma gravidez de risco em face da idade avançada e que iria ter o seu primeiro filho (Lc 1,26); de igual forma Sara, a mãe de Isaque (Gn 18, 9-15). Maria é realista (enfrentava o risco da rejeição social e, até, de apedrejamento), estranha a saudação do anjo, indagando qual o sentido daquelas palavras. A consciência de uma Missão não pode afastar as pessoas da realidade na qual estão inseridas, pois será no mundo, real e palpável, portanto, no seio e no enfrentamento do cotidiano, que se dará o desempenho e a fidelidade ao Reino. D-us, no seu agir, não afasta as pessoas do mundo real, antes pelo contrário, as insere mais ainda, e lhes mostra uma nova perspectiva da Graça que age, transformando a realidade. Faz florir o deserto! A ação do Pai é transformadora. A ação de Jesus foi transformadora. Qual a nossa Esperança da Graça que age no mundo? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Imagem colhida na internet. Credito não conhecido.


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Sempre haverá esperança.

Terça-feira da 3ª Semana.


A leitura de hoje é tirada da tradição compilada pela comunidade de Lucas, conhecido como o Evangelho da Misericórdia de D-us. E é, justamente, disso que trata o texto proposto, o Pai nos escuta, vê a nossa situação e não precisamos ter medo! Estamos em Lc 1,5-25.

5 Nos dias de Herodes, rei da Judéia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6 Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7 Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada. 8 Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9 Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10 Toda a assembléia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido. 11 Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12 Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. 13 Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14 Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15 porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16 Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17 E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”.18 Então Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disto? Sou velho e minha mulher é de idade avançada”. 19 O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e fui enviado para dar-te esta boa notícia. 20 Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir no tempo certo”. 21 O povo estava esperando Zacarias, e admirava-se com a demora no Santuário. 22 Quando saiu, não podia falar-lhes. E compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava por sinais e continuava mudo. 23 Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa. 24 Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e escondeu-se durante cinco meses. 25 Ela dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!” 


Zacarias representa o Antigo Testamento. Homem cumpridor dos seus deveres e zeloso sacerdote no Templo de Jerusalém. Apesar de justo, era discriminado por não gerar filhos, o que naquela sociedade seria uma 'marca indelével' ou 'uma espécie maldição', sempre visível. Zacarias estava no fim de sua vida, com o esgotamento de suas capacidades e esperanças. Apenas cumpria as formalidades. Tinha chegado ao esgotamento. A Esperança, estava por nascer. Maria, prima de sua mulher, Isabel, traria no ventre o cumprimento da promessa de um novo tempo. E o que restaria para Zacarias, no fim de suas forças e que de nada sabia? Isabel ao engravidar, estava tão envergonhada, que se escondeu por cinco meses. A Graça a tudo superar e nos faz renascer na Esperança. A Misericórdia do Pai, a tod@s ampara. O Caminho da Graça passa pelos lugares mais imperceptíveis e nos traz a Luz que ilumina as trevas do desespero, da injustiça, da discriminação e da exclusão. Zacarias e Isabel, esperaram contra toda a Esperança, e foram trazidos da periferia para o centro da história, gerando João Batista, o Precursor, que vem para preparar o Caminho do Senhor. A missão de João foi muito importante, reconhecido como profeta pelo povo (Mc 11,32) e, ainda, muitos anos após havia pessoas havia pessoas em Éfeso, que testemunhavam que foram por ele batizadas (At 19,3). A missão de João centrou-se na reconstrução do tecido do relacionamento afetivo, familiar e social. Reflitamos. Qual o nosso papel neste tempo? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

D-us entre nós.

Segunda-feira da 3ª Semana.


A comunidade de Mateus compilou a tradição referente ao nascimento de Jesus, a partir da profecia de Isaías. O invisível de D-us, torna-se visível para nós. Estamos em Mateus 1,18-24.  
18 A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo.19 José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. 20 Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 22 Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23 “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”. 24 Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa.

Aqui, José ocupa o  lugar central. Para a tradição judaica contida em Mateus, era de suma importância que Jesus fosse aceito e perfilhado por José,  que era um despossuído e, justamente, nesse ambiente a vinda do Messias é acolhida. O afeto é que forma as famílias, alimentadas pelo Amor que vem do Pai Criador da humanidade. Não há lugar para rejeição ou discriminação. A Aliança entre D-us e os homens e mulheres, sujeitos da criação, está formalizada a partir de Jesus, o D-us Conosco, o Emanuel, o D-us no meio de nós! D-us habita na humanidade. Jesus habita na casa de José. Toda vida vem de D-us! É necessário pontuar. Não há desprezo pela sexualidade ou a forma de procriação própria da humanidade. O texto nos convida a ir além. O D-us nasce na estrebaria, faz-se empobrecido, entre os demais, e morre na cruz, para anunciar a ressurreição e que a morte não é o fim. D-us faz surgir a vida onde não é possível e contra todas as possibilidades e expectativas. Reflitamos a respeito das ações para a construção do bem e da vida. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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domingo, 17 de dezembro de 2017

Domingo da Alegria: Entre nós está!

Domingo da 3ª Semana.




Na leitura de hoje, último domingo antes do Natal, nos é proposta a texto que melhor busca identificar a missão de João Batista, como testemunha. Em razão da comunidade de Marcos, pouco falar em detalhes a respeito do Precursor, um personagem muito importante este período de preparação para a vinda do Messias. A perspectiva da mensagem proposta pela comunidade é a de que Ele já está entre nós. Daí decorre a Alegria deste domingo. Estamos em Jo 1,6-8.19-28.


6 Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7 Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz. 19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” 20 João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. 21 Eles perguntaram: “Quem és então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22 Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?” 23 João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor” ó conforme disse o profeta Isaías. 24 Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25 e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26 João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, 27 e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. 28 Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.


A mensagem destacada é de que não há dúvidas a respeito do papel de João Batista, tanto que é transcrito um verdadeiro interrogatório proferido pelos enviados (sacerdotes, levitas e fariseus). Constata-se até uma ponta de ironia e menosprezo: “Quem és tu?”. Nos dias atuais poderia ser dito de outra maneira: Quem pensa que és? É na realidade um questionamento que busca desautorizar aquele movimento de João Batista e aos seus seguidores. Em resumo: Ele não tinha autoridade alguma para falar e estaria a deles usurpar o domínio da situação. A resposta de João a todos ilumina e serve de lição para todas as religiões e cultos que se fecha no dogmatismo de suas práticas e obscurecem a fé. João é apenas uma testemunha D'Aquele é a Luz do Mundo! Vem para aplainar e preparar o Caminho, enfrentando os obstáculos existentes. Olhando as relações sociais, tanto as daquele tempo, quanto as de hoje, constatamos que a convivência está pautada pelo egoísmo, pela disputa, pelo ódio, pela cobiça, pela violência, pela corrupção, pelo preconceito, pela indiferença, pelo proselitismo, enfim, por tudo o que impede a humanidade e, dentro desta os mais diversos grupos sociais (clubes, corporações, instituições, igrejas, grupos dos mais diversos matizes) a viverem como irm@s na Terra e na perspectiva do Reino. E João gritou no deserto: Entre nós está e não o percebemos! Está presente em qualquer pessoa, no indigente, no rejeitado, no espoliado, no desprezado, no desvalido, no discriminado, no injustiçado, entre tantas situações humanas degradantes. A inteligência do Salvador implica na abertura de nossa consciência para podermos entender a proposta de Jesus, que nos apresenta um D-us Pai e Criador de tudo e de tod@s! O reconhecimento do Amor aos irm@s, como a personificação do amor a D-us, nos traz para a realidade da nossa humana convivência, fazendo-nos abrir o Caminho no duro solo da sociedade, acolhendo a D-us numa perceptiva mais realista, sem protagonismos messiânicos. O mundo novo está ao nosso alcance. Qual o nosso papel de testemunha do Reino no tempo presente? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


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sábado, 16 de dezembro de 2017

Colocar tudo em ordem.

Sábado da 2ª Semana.


A tradição das comunidades coloca este diálogo logo após a descida do Tabor, onde havia ocorrido o episódio da Transfiguração (Mt 17, 3). Neste episódio Moisés e Elias são colocados ao lado de Jesus. A narrativa se desenrola no sentido de reconhecer  a pessoa de Jesus como o Messias anunciado e esperado. Estamos em Mt 17,10-13.

10 os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11 Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12 Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13 Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.

O momento histórico era muito difícil, pois as comunidades enfrentavam a desintegração das organizações do povo, dos clãs e das famílias que após a queda de Jerusalém em 70 d.C, foram forçados à diáspora pelo mundo conhecido de então. A dominação romana atingira o auge da violência. Cuida-se de um texto muito alinhado com as tradições judaicas. Vê-se o resgate da profecia da vinda de Elias, que a comunidade personifica em João Batista, como o precursor, aquele que vem preparar o Reino. Este é o significado dado e uma resposta a indagação que abre o texto:  “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” Não há mais o que esperar, pois ele já teria vindo na pessoa de João Batista. A comunidade busca enfatizar o cumprimento da lei bíblica que sedimenta a vinda do Messias e a unidade da cultura que foi dispersada. Hoje, de igual forma que no passado, o avanço do sistema neoliberal através da mídia, massifica as comunidades e famílias, impondo-lhes as reformas trabalhista e da previdência social, além do desmantelamento de todo o sistema de proteção social, dos empobrecidos e das minorias, negros e indígenas. Em nome do 'pseudo-modernismo' a elite dominante faz uma opção pela desigualdade social. Os tempos são difíceis.  A reconstrução do tecido social e das comunidades é necessária, pois mina a base do sistema de dominação que aposta na dispersão. Esta é a causa da morte de João Batista, pois tinha um projeto de reforma da convivência humana. Jesus continua a missão de João Batista com a reconstrução do Caminho da Vida, apresentado-nos ao D-us Pai e revela que tod@s somos irm@s. Não há lugar para a desigualdade e privilégios num Reino (mundo) regido pela justiça, paz, bem-estar social e igualdade.  Jesus, reúne duas realidades indivisíveis: o amor a D-us e aos irm@s. Não é possível a existência de um, sem o outro. Esta é a nova visibilidade para D-us, que é visto, sentido e vivido com e nos irm@s!. Realmente, uma nova sociedade. João Batista, foi morto por esta causa. E, por esta mesma causa, Jesus, o Filho do Homem, irá morrer! Reflitamos. As nossas ações contribuem para uma nova convivência humana? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


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sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Com quem vou comparar esta geração?

Sexta-Feira da 2ª Semana.


As comunidades de seguidores buscaram compilar a tradição referente a vinda do Messias-Libertador na pessoa de Jesus, o Cristo. É um momento de chegada de um novo tempo, pois as velhas formas do ser e do viver, já não poderiam subsistir. Estavam desgastadas e corroídas pela injustiça e desigualdade. Retrata-se aqui a divergência na aceitação do limiar de uma nova era para a humanidade. Estamos em Mt. 11,16-19.



16 "Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 17 'Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!' 18 Veio João, que nem come e nem bebe, e dizem: 'Ele está com um demônio'. 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe e dizem: 'É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores'. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras."

Os líderes e integrantes de grupos hegemônicos não gostam de serem criticados ou questionados, seja nos ambientes sociais, corporativos ou religiosos. Estão mais preocupados com a manutenção do status quo do seu pseudo-poder, debaixo de artimanhas depreciativas, pois qualquer movimento pelo coletivo, bem comum ou melhoria do que quer que seja, os faz sentirem-se ameaçados na sua área de influência. Esbravejam como crianças! Sentem-se diminuídos ou relegados e urdem alianças, para manterem-se no poder e, sem qualquer sentido, para pousarem de bonzinhos. Nada há que admitam, a não ser a subserviência. O texto é bastante explícito, pois elenca uma série de atitudes discriminatórias  que buscam depreciar, difamar ou injuriar a qualquer pessoa que se oponha aos seus propósitos de perpetuação da dominação. E, ainda hoje, de igual forma que no passado, buscam desconstituir as pessoas mais íntegras, chamando-as de “Beberão!”. –“Louco!” (Mc 3,21) -“Tem o diabo!” (Mc 3,22) -“É um samaritano!” (Jo 8,48) -“Não é de Deus!” (Jo 9,16). São algozes que se agarram a um passado e se negam a aceitar uma outra forma de ser e de viver, buscando discriminar e desdenhar de todas as formas possíveis. Não há coerência e sempre inventam qualquer pretexto para refutar os que pensam diferente. Essas pessoas se consideram sábias, porém não passam de imaturas 'crianças' que fenecem, se não chamam a atenção para si. Quem  já não viu pessoas que se portam como 'salvadoras da pátria', que se julgam únicas e que sem a sua própria intervenção, 'direta, unica e pessoal',  ocorrerá a falência ou a destruição do 'mundo'? Em verdade, nada têm de sábios e apenas aceitam aos que combinam com suas próprias idéias, sendo certo que as suas incoerências os expõem e os condenam a olhos vistos. O interessante é que esta atitude passa a ser percebida por muitos. O que se encontra subjacente a esta atitude mesquinha e sorrateira é apenas o fato de divergência das idéias. O resumo é que não adianta falar para quem não deseja ouvir! Até onde somos coerentes em nossas atitudes? Temos consciência crítica com relação ao sistema social e corporativo que, muitas vezes, inventa motivos e pretextos para legitimar a situação e impedir qualquer mudança?  Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Quem tem ouvidos, ouça.

Quinta-feira da 2ª Semana.



A tradição compilada busca sedimentar o início de um novo tempo, de uma nova perspectiva, de uma nova aliança entre D-us e os homens. Estamos em Mt. 11,11-15:



11 “Em verdade eu vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. 12 Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e são os violentos que o conquistam. 13 Com efeito, todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. 14 E se quereis aceitar, ele é o Elias que há de vir. 15 Quem tem ouvidos, ouça”.



 O texto nos mostra a opinião de Jesus a respeito de João Batista, que foi  o maior de todos os profetas, aí podendo incluir Abraão, Isaías e Jeremias. João foi grande, porém com o advento da boa nova, pareceria menor a partir desse novo tempo, afirmando: O menor no Reino é maior que João. Jesus não era um juiz severo, conforme a ideia a respeito do Messias a partir do Antigo Testamento. “Vão contar para João o que estão vendo e ouvindo: cegos vêem, coxos andam, leprosos são limpos, surdos ouvem, mortos ressuscitam, aos pobres é anunciada a Boa Nova. E feliz quem não se escandalizar comigo! ” (Mt 11,5-6). A Lei e os profetas anunciaram o Reino até João. Ao afirmar que João era Elias, a tradição é enfática ao assentar que João assumiu o papel de preparar a vinda do Messias (esta a missão de Elias), pois o Messias havia chegado na pessoa de Jesus, o Tempo Novo havia iniciado. João anunciou o Messias e tentou refazer a comunidade (Lc 1,17), porém o mistério mais profundo da Vida lhe escapava. Apenas o Nazareno anunciou que D-us é Pai e que nós somos tod@s irm@s! A partir de agora a humanidade será capaz de superar as divergências. Os homens e mulheres são capazes de criar comunidade. Apenas os que têm coragem (este é o sentido da tradução da palavra 'violência', aqui empregado, e não o de vis compulsiva) serão capazes de conquistar o Reino. O Reino não é uma doutrina, porém um modo novo de viver como irm@s, uma nova proposta para as relações socais, a partir do anúncio de Jesus que nos mostrou de que D-us é Pai. Temos a coragem de criar comunidade? Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!


Foto: Samuel Osmari.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Aprendei de mim.

Quarta-feira da 2ª Semana.


A comunidade percebia que estava numa 'longa noite', a sentir-se fracassada e cansada de toda uma realidade adversa. É neste contexto que a tradição busca iluminar com a esperança a superação das dificuldades a partir da boa notícia que é o Nazareno. Estamos em Mt 11,28-30.

28 “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.


O Caminho da Vida tem muitos percalços. É justamente no limite das situações extremas, quando apenas se espera apenas o fim de tudo, com a sensação de 'encontrar-se num beco sem saída', sem mais nada a esperar, senão a desilusão e a morte, que, de repente, as coisas mudam. É dessa Esperança que nos fala o texto: da possibilidade de transformação da realidade e de continuar nutrindo o sonho da chegada à Terra Prometida, o descanso do Pai. A mansidão e a humildade são a receita para a superação dos entraves da vida, em sociedade e perincipalmente àqueles que detêm algum serviço ou autoridade. Vê-se a promessa de restituição da justiça, aos que foram subtraídos e humilhados nos seus direitos. Os que foram expulsos de suas terra, as terão restituídas. Há um elogio a não violência ativa (mansidão) em contraposição as atitudes violentas das pessoas, da sociedade e do sistema. Num mundo de mansos, não há violência, ninguém se morde! É a contrariedade à arrogância dos que se pensam como poderosos e integrantes de uma elite dominadora. Reflitamos sobre a Esperança, enquanto Caminhamos, neste Advento, nos preparando para a vinda do Senhor. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Foto: Samuel Osmari.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Bem-aventurado aquele que acreditou.

Terça-feira da 2a Semana.


Neste tempo de Advento, nos é proposto a leitura de um dos textos compilado pela comunidade da Lucas. A tradição dos primeiros seguidores mostram assim, os sinais da vinda D'Aquele que era aguardado como Messias, pelos profetas, que em João Batista teria encerrado o ciclo de preparação. Para melhor situar o tema, não podemos esquecer que este relato refere ao encontro de duas mulheres, parentes entre si, que estão grávidas e guardam no ventre a Esperança de dias melhores.  Estamos em Lc  1,39-47:

39 Naqueles dias Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou em seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46 Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”.


Está para chegar o Libertador, desta vez o próprio D-us, encarnado, feito homem, o Filho de  D-us, no ventre de Maria, de um lado,  e Isabel, de outro,  que traz no ventre o último dos profetas, João Batista, que vem para encerrar o ciclo da Antiga Aliança, e anunciar a chegada da boa notícia de que D-us se fez homem e habitou no meio do povo empobrecido, Jesus Cristo. A síntese desse relato é o encontro de duas Alianças, a Antiga e a Nova, que dá início ao Reino de D-us que chega e deixa de falar pelos antigos profetas, que vem a Terra diretamente para assumir a humanidade, pela Encarnação do Verbo-Ação. O projeto torna-se real, palpável e vivo. É isto que as comunidades dos primeiros seguidores buscam demonstrar através do registro compilado da tradição: Não importam as dificuldades, as perseguições e o caminho a ser trilhado, pois o D-us de Israel está conosco, nos trouxe o Emanuel, destrói  o arco, escudo e vence a batalha pela Vida. Não importa quão difícil seja, pois no passado nos livrou das garras do faraó do Egito, nos fazendo cruzar o Mar Vermelho a pé enxuto, livrando o povo daquele império opressor. O Egito caiu diante do D-us Libertador apresentado por Moisés,  que reuniu o povo escravizado,  disperso e oprimido. Nos tempos daquela comunidade de seguidores, a história se repetia com maior intensidade, pois o Império Romano subjugava o mundo conhecido de então. O Caminho para o Reino faria ruir os impérios como 'castelos de cartas'. O povo que era escravizado, espoliado e oprimido reencontrou a Esperança no seguimento dos passos do Cristo, a boa notícia para a humanidade. A Igreja hoje rememora a Virgem de Guadalupe e o índio Diego, retrato fiel da predileção de Jesus pelos empobrecidos. A memória de um encontro que se deu em pleno genocídio dos indígenas pelos invasores espanhóis e que destruiu as culturas ameríndias, nos anos de 1500 d.C. E hoje? Outros impérios e opressores, espoliadores e usurpadores, desafiam o Reino de Justiça, Paz e Igualdade anunciado pelos profetas e concretizado com o Cristo Jesus. Nos preparemos para a Sua vinda no Natal, buscando organizar a sociedade e a nossa casa, para recebê-Lo. Que em nossas vidas haja lugar para o Menino. Apenas D-us quis se fazer menino e habitar entre nós para mostrar-nos a possibilidade de um mundo mais justo e humano, um mundo de paz! Reflitamos a respeito das escolhas do Pai. Reflitamos a respeito das nossas escolhas. Que neste tempo a humanidade esteja grávida de Esperança e nós juntamente com ela. Pensemos nisso. Que a paz esteja com tod@s!

Foto colhida na internet. Crédito não conhecido.